No tempo de São Francisco de Sales a Quaresma era marcada por ser um tempo forte de pregações. Ele mesmo era um pregador muito procurado para esta ocasião. Dizia que gostava de pregar depois de ter rezado a missa (naquele tempo não havia homilia durante a missa) e quando não era o pregador assistia sempre ao sermão de outro pregador a fim de se preparar bem para a Páscoa.
Ele também falou do jejum: “não basta jejuar exteriormente se não se jejua no interior, e se ao jejum do corpo não acompanha o jejum do espírito (...) é preciso cortar os discursos inúteis do entendimento, as vãs representações de nossa memória, os desejos supérfluos de nossa vontade” (Sermões; O.C. X, p.181). Francisco compreendia bem o jejum. É um meio para nos aproximarmos mais da conversão necessária, da conversão a qual a Quaresma nos impele.
E ele, que tanto valorizava o momento presente, insistia: “passemos esta quaresma como se fosse a última e tiraremos um bom proveito. Assistam aos sermões. Palavras santas, pois, são pérolas que a misericórdia divina nos proporciona” (Cartas 329; O.C. XIII, p.144). Hoje esta exortação se estende a nós. As pregações não são como antigamente, mas temos nossas celebrações, a via-sacra e encontros nos grupos de reflexão. Há a Campanha da Fraternidade e as ações comunitárias em prol do bem comum. Aproveitemos bem o que a misericórdia divina nos proporciona.
Sim, vamos viver esta Quaresma com “fidelidade, humildade e confiança”, três características que nosso santo tanto indicava. Aproveitemos este tempo como sendo único. Assim, não perderemos nenhum fruto, nem teremos fome de sentido para a fé e para a vida. Experimentaremos a Páscoa como ela realmente sempre foi: alegre, libertadora e vivaz. Boa Quaresma e Feliz Páscoa!