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27 de fevereiro - Dia de São Gabriel da Virgem Dolorosa











JACAREÍ, 22 DE ABRIL DE 2011
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
1ª MENSAGEM DE SÃO GABRIEL DA VIRGEM DOLOROSA

     (São Gabriel da Virgem Dolorosa): "Amados irmãos Meus, Eu, Gabriel da Virgem Dolorosa vos abençoo hoje e vos dou a paz. Consolai Nosso Senhor Crucificado e a Virgem Dolorosa, dando-Lhes sempre mais o bálsamo do vosso amor, a água dessedentadora da vossa caridade, da vossa fé, da vossa generosidade. Para que assim, os lábios ressequidos Deles possam ser enfim, dessedentados e refrescados e possais dar a Eles o refrigério da vossa fidelidade, obediência, pureza e generosidade.
     Sim amados irmãos, sede os consoladores de Nosso Senhor Crucificado e da Virgem Dolorosa, renunciando sempre mais a vós mesmos e ao mundo, deixando sempre mais de lado: as vossas vaidades, a vossa vontade teimosa, soberba, orgulhosa, corrompida, inclinada ao mal e àquilo que é contrário ao Senhor e à Mãe de Deus. Para que então, a vossa vontade sempre mais dócil, sempre mais obediente, sempre mais conformada à santa vontade e aos Mandamentos Deles possam fazer-vos cada dia mais avançar no caminho da santidade, da perfeição, do amor e da graça.
     Sede os consoladores de Nosso Senhor e da Virgem Dolorosa, sede um ramalhete espiritual, que consola os Corações Unidos e Dolorosos Deles com a vossa vida, sempre mais perfumada de oração, perfumada de meditação das Mensagens Deles, da vida dos Santos, da santa Palavra do Senhor para que cada dia da vossa existência seja um grande e belo roseiral que substitui os duríssimos espinhos com que Eles foram coroados na Sua Paixão e ainda hoje continuam coroados, por este mundo que sempre mais Os fere com os espinhos da desobediência, da recusa em amá-Los e obedecê-Los, do desamor, da indiferença, da frieza e do pecado. Assim, verdadeiramente vós secareis as Lágrimas Deles, fechareis cada ferida e colocareis no lugar as flores mais puras e luminosas do vosso amor, da vossa fé, da vossa fidelidade.
     Sede os consoladores de Nosso Senhor Crucificado e da Virgem Dolorosa, sendo para Eles um hino de amor vibrante que sempre mais Os encanta, Os alegra, fazendo sempre mais da vossa vida uma contínua cópia da vida Deles, praticando todas as virtudes Deles, imitando os Seus santíssimos exemplos, seguindo-Os pela estrada do bem, da verdade, da santidade, da pureza, do amor. Fazendo assim, vós sereis verdadeiros consoladores Deles e a vossa vida se transformará numa música celestial que alegrará os Seus Corações Unidos e os fará sempre mais aliviarem-se da grande dor e tristeza que sentem pelos pecados do mundo inteiro.
     Vinde Comigo ser os consoladores de Nosso Senhor Crucificado e a Virgem Dolorosa, sempre mais fazendo como Eu fiz, oferecendo a própria vida como sacrifício contínuo de amor a Eles para ajudá-Los, consolá-Los, aliviá-Los, ampara-Los. Tornai as Mensagens Deles conhecidas de todas as almas, porque quando isto acontecer tereis dado a maior consolação que os Corações Unidos Deles desejam.
     Amai muito as Dores da Mãe de Deus como Eu amei, porque foram essas Dores que Me conservaram em graça, foram essas Dores que Me ensinaram o segredo da santidade que é oculto para aqueles que não amam as Dores da Santíssima Virgem. Foram essas Dores que Me fizeram, que Me deram sempre a graça de amar a Deus e de amar a Virgem Dolorosa com todas as forças do Meu Coração, com toda a intensidade da Minha alma, de modo que em Mim o fogo, a fornalha do Amor jamais baixou, jamais diminuiu, jamais esfriou. Se vós Me imitardes vós também tereis em vós a mesma graça, a graça de um amor sempre abrasado, sempre incandescente, sempre ardente, ardentíssimo por Deus e pela Virgem Santíssima que nunca diminuirá, nunca esfriará, nunca se apagará.
     Eu, Gabriel da Virgem Dolorosa, amo-vos muito! Estou sempre aqui neste Lugar Sagrado dia e noite. A muitos já tenho ajudado a crescer no amor mesmo antes de saberem disso. E vou continuar a ajudar a todos vós, se Me rezardes, se Me pedirdes, se suplicardes a Minha ajuda, se Me chamardes para viver convosco, se vos tornardes Meus amigos seguindo-Me pelo caminho da santidade, que nesta Mensagem vos apontei. Para todos terei as Minhas mãos estendidas para ajudar a crescer sempre mais no amor e a chegar naquela bem-aventurança eterna, à qual Eu cheguei pelo grande amor que tive ao Senhor e à Virgem Dolorosa e que espera cada um de vós, e onde Eu também espero a cada um de vós para convosco cantar os eternos hinos da glória celestial.
     Rezai o Terço das Dores diariamente. Rezai o Terço das Lágrimas, rezai com muito amor consolando a Virgem Dolorosa, secando as Lágrimas Dela todos os dias. Sede vós mesmos a Minha continuação na Terra, propagando sempre mais o amor às Dores e às Lágrimas da Virgem Dolorosa. E assim Meus amadíssimos irmãos, Eu prometo-vos que vos prepararei uma bela, luminosa e grande morada no Céu, bem próximo do Trono da Virgem Dolorosa e ali juntos louvaremos, bendiremos o nome Dela e do Senhor para sempre com os Anjos e Santos.
     A todos a neste momento abençoo e derramo sobre vós com a Virgem Dolorosa as graças eficazes das Suas Dores e Lágrimas, bem como também as indulgencias a todos aqueles que não se esquecem das Dores e das Lágrimas da Mãe de Deus todos os dias, rezando o Terço das Dores ou o Terço das Lágrimas Dela, a todos que em todos os sábados do ano se lembram de dedicar a tarde do sábado a Ela para consolá-La e que a consolam vivendo, obedecendo e divulgando as Suas Mensagens com amor.
     A todos neste instante, abençoo generosamente."

JACAREÍ, 23 DE ABRIL DE 2011
SÁBADO SANTO DA SOLEDADE DE MARIA SANTÍSSIMA
2ª MENSAGEM DE SÃO GABRIEL DA VIRGEM DOLOROSA

     (São Gabriel da Virgem Dolorosa): “Amados irmão Meus! Eu, Gabriel da Virgem Dolorosa voltei hoje com Ela para vos dar hoje novamente a paz, as graças e as bênçãos do Céu e para chamar-vos todos ao amor abrasador pelo Senhor e por Ela, pelas Suas Dores e a serdes verdadeiramente, consoladores do Coração Doloroso de Maria, a Senhora das Dores.
     No coração Doloroso de Maria, deveis viver cada dia da vossa vida, desagravando-O sempre, amando-O, consolando-O com as vossas obras feitas com puro amor, sem manchas de amor próprio, de interesse próprio e de busca de vós mesmos em Deus e Nela. Deveis viver sempre neste Coração Doloroso com a vossa alma sedenta, sequiosa de em tudo e por tudo consolar a Mãe de Deus, torná-la amada, conhecida, glorificada, servida por todos e em primeiro lugar por vós. Por isso todos os dias deveis quebrar os vossos corações, ou seja, deveis dizer não a vós mesmos e à vossa vontade corrompida e sempre mais dizer ‘sim’ ao Coração Doloroso e Imaculado de Maria, àquilo que Ele vos pede em todas as Mensagens que vos são dadas aqui. Para que assim verdadeiramente possais viver neste Coração Doloroso, possais neste Coração Doloroso: amar, servir a Deus em espírito e em verdade.
No Coração Doloroso de Maria, deveis sempre mais sofrer com amor, paciência e mansidão, unindo os vossos sofrimentos às Dores Dela e oferecendo tudo como ato de súplica e em expiação ao Senhor, para que Ele perdoe os grandes pecados da humanidade, para que Ele reconduza as almas dos pecadores ao caminho da salvação, e, sobretudo para que seja apressada a hora do Triunfo do Coração Doloroso de Maria, quando a terra inteira será enfim libertada da escravidão de Satanás e do grande poder com o qual ele agora domina este mundo. Assim, verdadeiramente aliviareis as Dores do Coração de Maria e fareis com que Ele bata, não mais de dor, mas sim de alívio e de alegria ao receber sempre mais: o vosso amor, a vossa fidelidade, a vossa obediência, a vossa mansidão.
     No Coração Doloroso de Maria, deveis sempre mais rezar, sofrer, reparar e amar. E desta forma, com Maria deveis em todos os momentos responder sim ao Senhor como Eu mesmo fiz com Ela em todos os momentos, aceitar a divina vontade do Senhor mesmo quando não a entendeis, suportar com paciência quando o Senhor não responde prontamente as vossas súplicas e quando Ele por vezes vos deixa sofrer, para que assim possa ser purificados os vossos pecados, para que outras almas também possam ser purificadas dos pecados Delas. E assim o mundo possa novamente encontrar o caminho da sua salvação e da sua paz. Deveis com Maria, no Coração Doloroso de Maria, amar, deveis amar com toda a força de vossa alma, do vosso coração e da vossa vontade, renunciando sempre mais aos falsos amores do mundo para entregar-vos completamente ao amor do Coração Dela. Só assim, verdadeiramente, vós vivereis no Coração Doloroso de Maria, sereis as flores benditas que brotam deste Coração e que Ela cultiva no Jardim do Seu Coração para oferecer à Santíssima Trindade, para a maior glória e exaltação Dela. Vivendo assim, no Coração Doloroso de Maria, vós apressais e muito o fim do longo sábado santo, do calvário deste vosso tempo e apressais e apressais a hora gloriosa da nova ressurreição que será para este mundo o Triunfo Dela e a vinda do Reino do Senhor para este mundo.
     Eu, Gabriel da Virgem Dolorosa, encontrei no Coração Doloroso de Maria toda a força, toda a luz e inspiração para seguir o caminho da santidade. Nas Dores de Maria Eu achei Minha consolação, Meu mestre, Meu guia, Minha luz, Minha estrada e Minha paz. Se vós Me imitardes encontrareis também nessas Dores tudo quanto precisais para a vossa salvação, na devoção às Dores e ás Lágrimas de Maria Eu encontrei todo o Meu bem, encontrei toda a Minha força, encontrei todo o Meu amor. E se vós Me imitardes também encontrareis para vossas almas: bálsamo, consolo, conforto, luz, conselho, sabedoria e paz.
     Eu prometo-vos ajudar-vos a encontrar tudo isso nas Dores da Santíssima Virgem e nas Lágrimas Dela, esclarecendo-vos a cerca dos mistérios do sofrimento Dela e ajudando-vos sempre mais a tirar dessas Dores: a força, a luz que precisais para tudo sofrer, tudo suportar e tudo vencer nesta vida pelo Senhor e por Ela. Eu estou ao vosso lado, para transformar-vos em um grão de trigo, que cai na terra e morre, ou seja, que morre para si mesmo e para o mundo, para que possa enfim: brotar, crescer e dar muito fruto. Eu tomo as vossas mãos e vos conduzo sempre mais pelo caminho do perfeito amor e da perfeita correspondência ao Senhor e à Maria Santíssima Dolorosa.
     Vinde, Meus irmãos! Meu ombro está sempre à vossa disposição para virdes aqui buscar consolo, conforte e alento em todos os momentos de vossa vida. Chamai-Me e Eu virei imediatamente em vossa ajuda.

     A todos neste momento, abençoo generosamente com a Virgem Dolorosa.



Gabriel de Nossa Senhora das Dores, a quem Leão XIII chamava o São Luiz Gonzaga de nossos dias, nasceu em Assis a 1 de março de 1838, filho de Sante Possenti di Terni e Inês Frisciotti.
INFÂNCIA
No mesmo dia que viu a luz do mundo, recebeu a graça do batismo, na mesma pia, em que foi batizado o grande patriarca S. Francisco, na Igreja de S. Rufino.
O pai do Santo, já com vinte e dois anos era governador da cidade de Urbânia, cargo que sucessivamente veio a ocupar em S. Ginésio, Corinaldo, Cingoli e Assis.
Como um dos magistrados dos Estados Pontifícios, gozava de grande estima do Papa Pio IX e Leão XIII honrava-o com sua sincera amizade.
A mãe era de nobre família de Civitanova d’Ancona. Estes dois cônjuges apresentavam modelos de esposos cristãos, vivendo no santo temor de Deus, unidos no vínculo de respeito e amor fidelíssimo, que só a morte era capaz de solver.
Deus abençoou esta santa união com treze filhos, dos quais Gabriel era o undécimo.
Este, no batismo recebeu nome de Francisco, em homenagem a seu avô e ao Seráfico de Assis.
Dando testemunho da educação que recebiam na família, no Processo da beatificação do Servo de Deus, os seus irmãos declararam:
“Nós fomos educados com o máximo cuidado, no que diz respeito à piedade e à instrução. Nossa mãe era piedosíssima e nos educou segundo as máximas da nossa santa Religião”.
Nos braços, sobre os joelhos de uma mãe profundamente religiosa o pequeno Francisco aprendeu os rudimentos da vida cristã e pronunciar os santos nomes de Jesus e Maria.
A grande felicidade que na infância reinava, experimentou um grande abalo, quando inesperadamente o anjo da morte veio visitar aquele lar e arrebatar-lhe a mãe.
D. Inês sentindo a última hora se aproximar, na compreensão do seu dever de mãe cristã reuniu todos os filhos à cabeceira do leito mortal, estreitou-os, um por um, ao seu coração, selou a sua fronte com o último beijo, deu-lhes a bênção, distinguindo com mais carinho os de tenra idade, entre estes, Francisco; munida de todos os sacramentos, confortada pela graça de Deus, na idade de 38 anos deixou este mundo, para, na eternidade, perto de Deus, receber o prêmio de suas raras virtudes.
Do pai, o próprio filho Francisco ao seu diretor espiritual deu o seguinte testemunho: Meu pai, declarou, tinha por costume levantar-se bem cedo.
Dedicava uma hora à oração e meditação; se neste tempo alguém desejava falar-lhe, havia de esperar pelo fim das práticas religiosas.
Terminadas estas, ia à igreja assistir a santa Missa e costumava levar consigo dos filhos os que não fossem impedidos. Finda a santa Missa metia-se ao trabalho.
À noite reunia seus filhos e dava-lhes sábios conselhos e úteis exortações. Falava-lhes dos deveres para com Deus, do respeito devido à autoridade paternal e do perigo das más companhias. “Os maus companheiros, dizia ele, são os assassinos da juventude, os satélites de Lúcifer, traidores escondidos e por isso para os temer e deles ter cuidado”.
Os biógrafos de Francisco fazem ressaltar em primeiro lugar a extraordinária bondade de coração do menino, principalmente para com os pobres.
Muitas vezes ficou ele sem a merenda, por tê-la dado aos pobres.
Entre seus irmãos era ele o anjo da paz, sempre pronto para desculpar e para defendê-los, quando acusados injustamente. Não suportava a injúria, fosse ela atirada a si ou a um dos seus. Com a maior facilidade se desfazia de objetos de certo valor, com que tinha sido homenageado.
Assim presenteou a um de seus irmãos de uma bela corrente de prata, que tinha recebido de um parente. Estes belos traços no caráter de Francisco não afastam certas sombras que nele subsistiam também.
Os que o conheciam meigo, bondoso, compassivo, sabiam-no também ser nervoso, impaciente, irascível.
Por felicidade sua o senhor Sante, seu pai não era daqueles que desculpam os caprichos de seus filhos, pretextando serem crianças, sem pensar que mais tarde terão de pagar bem caro esta condescendência e fraqueza.
O verdadeiro amor cristão fê-lo combater sem tréguas todos os defeitos. Francisco era obediente e tinha grande respeito ao pai, o que aliás não impedia que diante de uma severa repreensão desse largas ao seu gênio impulsivo, com palavras e gestos demonstrando o seu descontentamento, sua raiva.
Mas tudo isto era fogo fátuo. Logo voltava às boas; sua boa índole não permitia, que estas revoltas interiores durassem muito tempo. Era encantador ver, momentos depois, o menino desfeito em pranto, procurar o pai e por seus modos ingênuos e infantis, assegurar-se do perdão e do amor do Sr. Sante.
Este, fingindo não dar crédito a estas demonstrações, retrucava bruscamente: “Nada de carícias; quero ver fatos”.
Então o menino se atirava ao colo do pai, beijava-o e sentia-se feliz, em ter voltado a paz, com o perdão paterno. Nesta escola de sábia pedagogia Francisco cedo aprendeu combater e vencer seus defeitos.
Por algum tempo Francisco ficou entregue aos cuidados de um mestre; depois freqüentou o colégio dos Irmãos das Escolas Cristãs, onde fez rápidos progressos, figurando sempre entre os melhores alunos. Na idade de sete anos fez a sua primeira confissão.
Um ano depois, em junho de 1846 recebeu o sacramento da confirmação.
Tudo isto prova que o menino já se achava bem instruído nas verdades da nossa fé, graças ao sólido ensino que lhe dispensavam os beneméritos Irmãos Sallistas.
Nesse mesmo tempo caiu também a data da sua primeira comunhão, para qual se preparou com todo o esmero.
Testemunha de vista desse grandioso ato diz: “O fervor com que o vi chegar-se da sagrada mesa, o espírito de fé, que se estampava no seu semblante, o vigor dos seus afetos foram tais, que se chegava a crer ser ele levado por um Serafim”.
Esses sentimentos de fé e de piedade, aquelas chamas de amor ao SS. Sacramento não mais se separaram do coração de Francisco nos anos de sua mocidade, nem no meio de uma vida dissipada de certo modo mundana.
Não menos certo é que a freqüente recepção da santa comunhão preservou-o de graves desvios no meio das tentações do mundo.
Terminados os estudos elementares, o pai pensou em procurar para Francisco uma educação mais elevada, de acordo com a sua posição social e confiou seu filho aos Padres Jesuítas que na cidade de Spoleto dirigiram um colégio.
Neste educandário passou Francisco os anos todos de sua mocidade no mundo e chegou a cursar os quatro semestres de estudos filosóficos. Estudante inteligente e cumpridor exato de seu dever que era, deixou boa memória naquele colégio e formavam-se as mais belas esperanças a seu respeito.
Ano não passava, que não tirasse um prêmio; no fim dos seus estudos foi distinguido com uma medalha de ouro.
Mestres e colegas igualmente o estimavam. Tudo nele encantava: os seus modos delicados e gentis, a modéstia no falar, o sorriso benévolo que lhe afloravam aos lábios, o garbo com que se sabia ver em circunstâncias mais solenes, os sentimentos nobres que dominam em todo o seu proceder.
Aos seus mestres devotava sempre a máxima estima e profunda gratidão.
Das práticas de piedade era rígido observador e com regularidade freqüentava os santos sacramentos. Não há dúvida, que, dada a ocasião, o seu gênio impetuoso e quente o levava a transportes de veemência e de cólera. Mais estes excessos eram sempre seguidos de lágrimas de arrependimento e de penitência .
Desde a sua infância mostrou devoção particular a Nossa Senhora das Dores, uma imagem da qual se conservava em sua família; e cabia-lhe a ele adorná-la de flores e manter acesa uma lâmpada diante da estátua.
Afirma um dos seus irmãos, Eurique Possenti, que viu Francisco, no último ano que passou em casa, usar de cilício de couro com pontinhas de ferro. Outro testemunho, da família Parenzi, declara:“Sua conduta religiosa e moral tem sido irrepreensível; dada a grande vigilância de meus pais, não teria sido admitido em nossa família, se não fosse realmente virtuoso”.
Para completar a imagem do jovem estudante e assim melhor poder compreender a mudança que nele mais tarde se efetuou, tenha aqui lugar a descrição da solene distribuição de prêmios, da última em que Francisco tomou parte no colégio dos Jesuítas em Spoleto, em setembro de 1856.
Os melhores alunos tinham sido escolhidos para abrilhantar a cerimônia com discursos e declamações poéticas. Entre eles Francisco ocupava o primeiro lugar. Ninguém se lhe igualava em elegância exterior, no garbo de representar, na graça de declamar, na graciosidade da gesticulação, no timbre encantador da voz. Podendo representar no palco, parecia estar no seu elemento e fazia-o com toda a naturalidade e perfeição.
Em sua aparência não deixava nada a desejar: tudo obedecia às exigências da última moda: o cabelo esmeradamente penteado, o traje elegante e ricamente adornado, as luvas brancas, gravata de seda, sapatos luzidios e artisticamente acabados, a tudo isso Francisco ligava máxima importância.
Em certa ocasião recitou com tanto ardor e tamanho foi o entusiasmo que excitou no auditório, que o delegado apostólico Mons. Guadalupe, que presente se achava, ao pai de Francisco que ao seu lado se achava disse: “se vosso filho aqui presente estivesse, abraçava-o em vosso lugar”.
As raras qualidades morais, que o adornavam, a figura simpática e atraente na flor da mocidade, a extrema vivacidade que nele se observava, não deixaram de emprestar-lhe um leve sombreado de vaidade, que de algum modo chegou a dominá-lo.
Esta vaidade se lhe patenteava na exigência que fazia no modo de se trajar, sempre na última moda, de perfumar o cabelo e este sempre tratado com cuidado, de se aborrecer com uma nódoa por mais insignificante que fosse, no fato, no amor que tinha a divertimentos alegres e aos esportes mundanos.
O inimigo das almas tirou proveito dessas fraquezas. Se não conseguiu roubar-lhe a inocência, não foi porque não lhe poupasse contínuos assaltos, bem sucedidos.
A paixão pelo teatro, a verdadeira mania por bailes, o amor à leitura de romances eram tantos escolhos, tantos perigos, que é de admirar que o jovem Francisco não caísse presa das ciladas diabólicas. Tão pronunciada era sua paixão às danças, que lhe importou a alcunha de “bailarino”.
Assim um dos seus mestres, Pe. Pinceli, Jesuíta, quando soube da inesperada fuga de Possenti do mundo para o convento, disse:“O bailarino fez isto? Quem esperava uma tal coisa! Deixar tudo e fazer-se religioso no noviciado dos Padres Passionistas!”
Francisco bem conhecia o perigo em que nadava, e não faltava quem o chamasse à atenção, o lembrasse da necessidade da oração, da vigilância, da mortificação, da devoção a Jesus e Maria, de não perder de vista a eternidade, etc.
Em uma carta que lhe escreveu o Pe. Fedeschini, S. J. há todos estes avisos; o conselho de fugir das más companhias, de dar desprezo à vaidade no vestir e falar, de largar o respeito humano, de fazer meditação diária e receber os sacramentos.
Com todas as leviandades e suas perigosas tendências para o mundo, Francisco não deixava de ser um bom e piedoso jovem, a quem homens sábios e virtuosos não pudessem escrever com confiança, benevolência e estima e cujas palavras não fossem aceitas com respeito e gratidão.
“Muitas vezes” – diz quem bem o conhecia – “Possenti sentiu o chamado de Deus, de deixar a vida no mundo e trocá-la com o estado religioso”. Seu diretor, Pe. Norberto, Passionista, declara: “A vocação, se bem que descuidada e sufocada, estava nele havia muito tempo e ele a sentiu desde os mais tenros anos. Muitas vezes o servo de Deus disse-me isto, lastimando a sua ingratidão e indiferença”.
O mesmo sacerdote relata: “A sua vocação se manifestou do seguinte modo: Não sei em que ano foi, sentiu-se ele acometido de um mal, que o fez pensar na morte. Teve então a inspiração de prometer a Deus entrar numa Ordem religiosa, caso recuperasse a saúde. A promessa foi aceita, pois melhorou prontamente e em pouco tempo se achou restabelecido. A promessa ficou como se não fosse feita. O jovem tornou a dar o seu afeto ao mundo e se entregou à dissipação como antes.
Não tardou que Deus lhe mandasse outra enfermidade, uma inflamação interna e externa da garganta, tão grave, que parecia a morte iminente já na primeira noite, tornando-se-lhe dificílima à respiração.
Novamente o enfermo recorreu a Deus e invocando Santo André Bobola, aplicou ao lugar dolorido uma estampa do mesmo Santo,e renovou a promessa de abraçar o estado religioso.
As melhoras se acentuaram quase instantaneamente e teve o enfermo uma noite tranqüila e não mais voltaram as angústias da dispnéia.
Deste extraordinário favor o jovem se lembrou sempre com muita gratidão. Manteve também por algum tempo o propósito de fazer-se religioso, mas diferindo-lhe a execução, o amor ao mundo voltou e no mundo continuou a viver.
Das paixões de Francisco, uma das mais fortes foi a da caça. A esta paixão ele pagava tributos bem pesados e seu diretor espiritual não hesitou em atribuir a este esporte a cruel moléstia, que o ceifou na flor da idade. Certa vez, em pular uma cerca, chegou a cair e com tanta infelicidade, que quebrou-lhe um osso do nariz. O fuzil disparou e o projétil passou-lhe rentinho pela testa, pouco faltando que lhe rebentasse o crânio. Francisco reconhecendo logo a providência deste aviso, renovou a sua promessa. Ficou com as cicatrizes, mas deixou-se ficar no mundo.
A graça divina também não se deu por vencida. Rejeitada três vezes, tentou um quarto golpe, mais doloroso ainda. De todos de sua família Francisco dedicava terníssima amizade a sua irmã Maria Luzia, nove anos mais velha que ele, e esta amizade era correspondida com todo afeto.
Em 1855 irrompeu em Spoleto a cólera e Maria Luiza foi a primeira vítima da terrível epidemia. Foi no dia Corpus Christi, e a notícia alcançou Francisco, quando, na procissão, levava a cruz.
A morte da irmã feriu profundamente o coração do jovem e mergulhou sua alma em trevas nunca antes experimentadas. Perdeu o gosto de tudo e se entregou a uma tristeza inconsolável. Parecia, que com este golpe a graça divina tivesse removido o último obstáculo de a promessa se cumprir. Assim ainda não foi.
Todo acabrunhado, Francisco manifestou ao pai sua resolução de entrar para o convento chegando a dizer que para ele tudo se tinha acabado nesta vida. Possenti, receando perder seu filho a quem muito amava, não recebeu bem a comunicação e pediu-lhe nunca mais tocasse neste assunto.
Aconselhou-o a se distrair, a afastar os pensamentos tristes a procurar a sociedade, freqüentar o teatro; chegou a insinuar-lhe a idéia de procurar a amizade de uma donzela distinta, de família igualmente conceituada, na esperança de nos entendimentos inocentes ela conseguir de fazê-lo esquecer-se dos seus intentos religiosos.
Na igreja metropolitana de Spoleto gozava de uma veneração singular uma imagem de Nossa Senhora; a esta imagem chamava simplesmente “a Icone”. Na oitava do dia 15 de agosto esta imagem era levada em solene procissão por dentro da igreja e não havia quem não se ajoelhasse à sua passagem. Em 1856 Francisco Possenti achava-se no meio dos fiéis e todo tomado de amor por Maria Santíssima, os seus olhos se fixavam na venerada imagem como que esperando por uma bênção especial. Pois, quando a “Icone” vinha aproximando-se do jovem, parecia ela lhe atirar um olhar todo especial e lhe dizer: “Francisco, o mundo não é para ti; a vida no convento te espera”.
Esta palavra, qual uma seta de fogo cravou-lhe no coração; assim saiu da igreja desfeito em lágrimas. Estava resolvido a realizar desta vez o plano de alguns anos. Tratou, porém, de não dar por enquanto nenhuma demonstração do seu intento.
Embora certo de sua vocação, mas desconfiando da sua fraqueza, e para não ser vítima de uma ilusão procurou seu mestre no liceu e diretor espiritual Pe. Bompiani, Jesuíta e a ele se abriu inteiramente, fazendo do conselho do mesmo depender sua resolução definitiva. O exame foi feito com toda sinceridade e tendo tomado em consideração todos os fatores influentes no passado da vida do jovem, o Pe. Bompiani não duvidou de se tratar de uma vocação verdadeira e animou o jovem a seguí-la. Consultas que fez com mais dois sacerdotes de sua inteira confiança, tiveram o mesmo resultado.
Francisco se resolveu então a pedir sua admissão na Congregação dos Passionistas.
Comunicar ao pai a resolução tomada, não foi fácil. Mas desta vez o Sr. Sante, homem consciencioso, vendo a aflição e a firmeza de seu filho, não mais se opôs; tomado, porém, de espanto quando soube que a Congregação por Francisco escolhida, a dos Passionistas, era de todas a mais austera.
Se bem que não se opusesse à vontade do filho, tratou de procrastinar a execução do seu plano e impor condições. Francisco, porém, ficou firme. Tomou ainda e pela última vez, parte na solenidade da distribuição dos prêmios, no colégio dos Jesuítas, fez como sempre um papel brilhante no palco, despediu-se dos seus professores, dos seus amigos e em companhia de seu irmão Luiz, da Ordem Dominicana, por ordem de seu pai, fez uma visita a seu tio Cesare, cônego da Basílica de Loreto e a um parente de seu pai, Frei João Batista da Civitanova, guardião de um convento dos capuchinhos, levando para ambos carta de Sante Possenti em que este pedia examinassem a vocação do jovem. Tanto o cônego como o capuchinho carregaram bastante as cores da vida austera na Congregação dos Passionistas, que absolutamente não lhe conviria, a ele, moço de dezoito anos, acostumado a seguir às suas vontades, sem restrição de comodidades. A visita à Santa Casa em Loreto Francisco aproveitou largamente para recomendar-se a N. Sra. Não mais arredou do caminho encetado.
De Loreto foi para convento Morrovale, dos Passionistas onde já em 21 de setembro de 1856 recebeu o hábito com o nome de Gabriel dell’Adolorata.
Admitido no noviciado, escreveu ao pai e aos irmãos, comunicando-lhes o fato. Ao pai pede perdão, aos irmãos recomenda amor filial e boa conduta. A carta, embora de simplicidade encantadora, é um documento admirável de sentimento filial e católico. Aos companheiros seus de estudo dirigiu cartas também. Despede-se, pede perdão de maus exemplos que julgava ter dado; aconselha-os a fugir das más companhias, do teatro, das más leituras e das conversas inúteis.
Convencidíssimo da sua vocação religiosa, longe do mundo, da sociedade e da família, não mais teve outro ideal que subir as culminâncias da perfeição.
Inconfundível era sua personalidade no meio dos seus companheiros do noviciado. Sem perder as notas características do seu caráter, a jovialidade, a alegria de espírito, a amenidade de trato, era ele inexcedível não só na exatidão do cumprimento dos exercícios regulares, como também na prática das virtudes cristãs e monásticas.
E se perscrutarmos as causas profundas desta mudança radical na vida de Gabriel, duas conseguiremos encontrar, aliás suficientes e esclarecedoras: o ardente amor a Jesus Crucificado, à Santa Eucaristia, sua devoção singular a Mãe de Deus, em particular à Nossa Senhora das Dores e sua inalterada mortificação, por meio da qual deu morte aos seus desordenados apetites, um por um.
Tendo corrido o ano de provação, Gabriel foi admitido à profissão e mandado para várias casas da Congregação, com o fim de completar os seus estudos de teologia. Durante os anos de preparação para o sacerdócio, superiores e companheiros viram no santo jovem o modelo mais perfeito de todas as virtudes, e cumpridor exatíssimo dos seus deveres.
Quando chegou à idade de vinte e três anos, anunciaram-se os primeiros sintomas da moléstia, que no prazo de um ano havia de levá-lo ao túmulo: a tuberculose pulmonar.
O longo tempo da sua enfermagem Gabriel o aproveitou para ainda mais se aprofundar na sua devoção predileta à Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo e à Maria Santíssima, mãe das dores.
Em fevereiro de 1862 ainda pôde andar e receber a santa comunhão na igreja, junto com seus companheiros. Inesperadamente o mal se agravou; foi preciso avisá-lo para receber os últimos sacramentos. A notícia assustou-o por um momento só; mas imediatamente recuperou a habitual calma, que logo se transformou numa alegria antes nunca experimentada.
O modo de receber o santo viático comoveu e edificou a todos que assistiram. Não mais largava a imagem do crucificado, que cobria de beijos, e ao seu alcance tinha a estátua de N. Sra. das Dores, que freqüentemente apertava ao seu peito, proferindo afetuosas jaculatórias, como estas: “Minha mãe, faze depressa!” – “Jesus, Maria, José, expire eu em paz em vossa companhia!” – “Maria, mãe da graça, mãe da misericórdia, do inimigo nos protegei, e na hora da morte nos recebei”.
– Poucos momentos antes do desenlace, o agonizante, que parecia dormir, de repente, todo a sorrir, virou o rosto para esquerda, fixando olhar para um determinado ponto.
Como que tomado de uma grande comoção diante de uma visão impressionante, deu um profundo suspiro de afeto e nesta atitude, sempre sorridente, com as mãos apertando as imagens do crucifixo e da Mater dolorosa, passou desta vida para a outra.
Assim morreu o santo jovem na idade de vinte e quatro anos, na manhã de 27 de fevereiro de 1862.
Foi sepultado na igreja da Congregação, em Isola Del Gran Sasso. Trinta anos depois fêz-se o reconhecimento do seu corpo.
Nesta ocasião com o simples contacto de suas relíquias verificou-se a cura prodigiosa de uma jovem que a tuberculose pulmonar tinha reduzido ao último estado. Reproduziram-se aos milhares os prodígios que foram constatados à invocação do Santo.
Em 1908 o Papa Pio X inscreveu o nome de Gabriel da Virgem Dolorosa no catálogo dos Beatos e em 1920 Bento XV decretou-lhe as solenes honras da canonização.
Pio XI estendeu a sua festa a toda a Igreja, em 1932.
Oração
Ó Deus, que ensinastes a S. Gabriel a honrar com assiduidade as dores de vossa Mãe dulcíssima e por ela o elevaste à glória da Santidade e dos milagres, concedei-nos, pela sua intercessão e seus exemplos, a graça de partilharmos tão intimamente as dores de vossa Mãe Santíssima, que por sua maternal proteção consigamos a salvação eterna.
***

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Medjogorje - Mensagem de Nossa Senhora - Gospa - Marija Pavlovic






"Queridos filhos! Neste tempo de graça, EU chamo todos vocês: rezem mais e falem menos. Na oração, procurem a vontade de DEUS e vivam-na de acordo com os mandamentos para os quais DEUS os chama. EU estou com vocês e estou rezando com vocês. Obrigada por terem respondido ao MEU Chamado."
 

Jesus Cristo é uma Ponte - Santa Catarina de Siena



Deus Pai a Sta Catarina de Sena

Para ajudar-vos a deixar o mundo e chegar à vida eterna, foi preciso que eu reconstruísse a estrada interrompida. Com material puramente humano, era impossível fazer uma ponte de envergadura tal, que atravessasse o rio do pecado e atingisse a vida eterna. Vossa natureza humana era incapaz de satisfazer pela culpa e de cancelar a mancha do pecado de Adão, mancha que estragara a humanidade e lhe dera o mau cheiro da culpa. Ocorreu que o humano se unisse à Deidade eterna; somente assim foi possível dar satisfação por todos os homens. A natureza humana iria padecer e a divina aceitaria o sacrifício em meu Filho, sacrifício oferecido na intenção de retirar-vos da morte e restituir-vos a vida. Desse modo, o Altíssimo humilhou-se ao plano do humano e das duas naturezas construiu a ponte, desobstruindo a estrada. Para quê? A fim de que vós pudésseis ser felizes com os anjos. Todavia, de nada adiantaria terdes meu Filho como ponte, se não a atravessásseis.
Descrição da Ponte
(...) Quero descrever-te a ponte. Já disse que ela se estende do céu à terra, graças à união (hipostática) que realizei com o homem formado do limo da terra. Essa ponte é meu Filho e possui três degraus; dois deles foram construídos no madeiro da cruz e o terceiro, quando ele na amargura bebeu fel e vinagre. Em tais degraus reconhecerás três estados da alma, como abaixo explicarei. O primeiro degrau é formado pelos pés; significam o amor, pois como os pés transportam o corpo, assim o (duplo) amor faz caminhar a alma. Os pés cravados na cruz servem-te de degrau para atingir a chaga do peito, que te revela o segredo do coração. Após subir até aos pés pelo amor, o homem fixa o pensamento no coração aberto de Cristo e saboreia sua caridade inefável e consumada. Disse caridade "consumada", porque Cristo vos ama sem interesse pessoal; em nada sois de utilidade para ele, que forma uma só coisa comigo. Vendo-se amada, a pessoa se enche de caridade. Enfim, após atingir o segundo degrau, chega-se ao terceiro, que é a boca de Cristo. Nela o homem encontra a paz, depois (de vencer) a grande guerra contra as próprias culpas. No primeiro degrau o cristão se afasta da afeição terrena, despoja-se dos vícios; no segundo, adquire as virtudes; no terceiro, goza a paz. São três, portanto, os degraus da ponte: passa-se do primeiro ao segundo, para atingir o último. A ponte é alta; quando se passa por ela, a água do pecado não atinge a alma. Em Jesus não houve pecado.
Cristo atrai a si todas as coisas
Essa ponte acha-se no alto, mas não separada dos homens. Sabes quando se ergueu? No momento em que Cristo foi elevado no lenho da cruz. Então, a natureza divina continuava unida à vossa pequenez; meu Filho amalgamara-se com a natureza humana. Antes de ser erguida, ninguém passava por tal ponte. Jesus mesmo disse: "Quando eu for elevado, atrairei a mim todas as coisas" (Jo 12,32). Julguei que não havia outra maneira de vos atrair; enviei, pois, meu Filho para ser cravado na cruz, bigorna em que seria fabricado o filho do homem, livrando-o da morte e restituindo-o à vida. Ao manifestar sua imensa caridade, meu Filho atraiu a si todas as coisas. É sempre o amor que atrai o coração humano. Dando sua vida por vós, ele revelou o amor maior (Jo 15,13). Quando não existe no homem a oposição maldosa, a força do amor atrai sempre.
Portanto, segundo quanto afirmou, meu Filho atrairia a si todas as coisas ao ser elevado na cruz. Essa verdade pode ser entendida de duas maneiras. Primeiro, no sentido explicado. Porque o coração humano, ao ser atraído pelo amor, leva consigo todas as faculdades da alma: a memória, a inteligência, a vontade. Quando são harmonizadas e reunidas tais faculdades, todas as ações humanas - corporais ou espirituais - ficam-me agradáveis, pois unem-se a mim na caridade. Foi exatamente para isso que meu Filho se elevou na cruz, trilhando os caminhos do amor cruciante. Ao dizer, "quando eu for elevado, atrairei a mim todas as coisas", ele queria significar: quando o coração humano e as faculdades forem atraídas, todas as demais faculdades e suas ações também o serão. Em segundo lugar, há um outro significado: que todos os seres foram criados para o homem. Os demais seres devem servir ao homem, não ao contrário. Só a mim ele há de servir, com todo o afeto do seu coração. Compreendes, então? Se a humanidade for atraída, todos os demais seres a seguirão, pois para o homem foram criados.
Tal é a finalidade por que a ponte, Cristo, foi colocada no alto, e por que possui três degraus: para ser mais facilmente percorrida.
O material da ponte
O pavimento desta ponte é feito de pedras, a fim de que a chuva (da justiça divina) não retenha o caminhante. "Pedras" são as virtudes verdadeiras e reais. Antes da paixão de meu Filho, elas ainda não tinham sido assentadas, motivo pelo qual os antigos não atingiam o céu, mesmo que vivessem piedosamente. O Paraíso ainda não fora aberto com a chave do Sangue, e a chuva da justiça divina impedia a caminhada. Quando aquelas pedras foram assentadas no corpo do meu Filho - por mim comparado a uma ponte - foram embebidas, amalgamadas e assentadas com sangue. Em outras palavras: o sangue (humano) foi misturado com a cal da divindade e fortemente queimado no calor da caridade. Tais pedras foram postas em Cristo por mim, mas é nele que toda virtude é comprovada e vivificada. Fora de Jesus ninguém possui a vida da graça. Ocorre estar nele, trilhar suas estradas, viver sua mensagem. Somente ele faz crescer as virtudes, somente ele as constrói como pedras vivas, cimentando-as com o próprio sangue. Nele, todos os fiéis caminham na liberdade, sem o medo da justiça divina, pois vão cobertos pela misericórdia, descida do céu no dia da encarnação. Foi a chave do sangue de Cristo que abriu o céu.
Portanto, esta ponte é ladrilhada, seu telhado é a misericórdia. Possui também uma despensa, constituída pela hierarquia da santa Igreja, que conserva e distribui o Pão da vida e o Sangue. Assim, minhas criaturas, viandantes e peregrinas, não fraquejam de cansaço na viagem. Para isto ordenei que vos fosse dado o Corpo e o Sangue do meu Filho, Homem-Deus.
Os dois caminhos
Para atravessar a ponte, chega-se a uma porta, que é o próprio Cristo; por ela todos os homens devem passar. Disse Jesus: "Eu sou o caminho, a verdade, e a vida; quem vai por mim não caminha nas trevas, mas na luz" (Jo 8,12); e em outra passagem afirma que ninguém oide chegar a mim a não ser por meio dele (Jo 14,6). Se ainda bem recordas, foi o que te disse uma vez e fiz ver. Se Jesus diz que ele é o caminho, profere uma verdade. Eu o mostrei a ti na figura de uma ponte; sua afirmação é verdadeira; ele está unido a mim, suma Verdade. Quem o segue caminha na Verdade. Ele é também a Vida; seus seguidores possuem a vida da graça, não padecem fome; ele é o alimento. Nem vivem na escuridão; Jesus é a Luz. Em Cristo não existe mentira. Pela verdade ele confundiu e destruiu a mentira do demônio, enganador de Eva. Aquela mentira destruíra a estrada (do céu); Jesus a reconstruiu no seu sangue. Quem vai por tal caminho é filho da Verdade, atravessa a ponte e chega até mim, Verdade eterna, oceano de paz.
Quem não trilha esse caminho, vai pela estrada inferior, no rio do pecado. É uma estrada sem pedras, feita somente de água, inconsistente; por sobre ela ninguém vai sem se afundar. É o caminho dos prazeres e das altas posições, daqueles cujo amor não repousa em mim e nas virtudes, mas no apego desordenado ao que é humano e passageiro. Tais pessoas são como a água, sempre a escorrer. À semelhança daquelas realidades, vão passando. Eles acham que são as coisas criadas, objeto de seu amor, que se vão; na realidade, também eles caminham continuamente em direção à morte. Bem que gostariam de deter-se, reter na vida, segurar as coisas que amam. Seriam felizes se as coisas não passassem. Perdem-nas todavia, seja por causa da morte, seja pelos acontecimentos com que faço escapar-lhes das mãos os bens deste mundo. Tais pessoas vão pela mentira, por suas estradas; são filhos do demônio, pai da mentira. Entram por essa porta e vão para a condenação eterna.
Mostrei-te, assim, o meu caminho, o da Verdade, e o caminho do demônio, que é o da mentira. São duas estradas. Ambas exigem fadiga. Vê como é enorme a maldade, a cegueira humana. Sendo-lhe preparada a ponte, o homem prefere ir pela correnteza.
A estrada da ponte é muito agradável aos caminhantes. Toda amargura se torna doce; todo peso, leve. Embora na obscuridade dos sentidos, vão na luz; embora mortais, já possuem a vida sem fim. Pelo amor e pela fé, saboreiam meu Filho, Verdade eterna, que prometeu o prêmio para os que por mim se afadigam. Sou grato, reconhecido e justo; pagarei com eqüidade, segundo o merecimento. Toda ação boa será remunerada, assim como toda culpa será punida. Tua linguagem é insuficiente a descrever o gozo concedido a quem segue este caminho; nem teus ouvidos seriam aptos a escutar e os olhos a ver. Experimentam-se neste caminho coisas reservadas para a outra vida!
Como é louco aquele que despreza tão grandes bens, indo pelo rio, embaixo; prefere alimentar-se, já nesta vida, com aperitivos do inferno. Segue por entre muitos sofrimentos, sem satisfações, na carência de todo bem. Tudo isso, porque se privou de mim, sumo e eterno Bem, pelo pecado. Tens razão em lamentar-te! Quero que outros servidores sintam contínua tristeza porque sou ofendido; que sintam compaixão diante da maldade e ruína dos pecadores.
Tens desse modo a descrição da ponte. Disse todas essas coisas, para revelar-te que meu Filho unigênito é uma ponte, conforme afirmara antes. Agora sabes como de fato ele une as alturas com a pequenez!
Diálogos de Sta Catarina de Sena, Doutora da Igreja

O VALOR DA COMUNHÃO ESPIRITUAL



O VALOR DA COMUNHÃO ESPIRITUAL

Segundo os exemplos dos Santos.

A Comunhão Espiritual é a reserva de vida e de Amor Eucarístico sempre ao alcance da mão para os enamorados de Jesus Hóstia. Por meio da Comunhão Espiritual, de fato, ficam satisfeitos os desejos de amor da alma que quer unir-se a Jesus seu Amado Esposo. A Comunhão Espiritual é união de amor entre a alma e Jesus Hóstia. União toda Espiritual, mas real, até mais real do que a própria união em nós da alma com o corpo, “porque a alma vive mais onde ama, do que onde vive”, diz São João da Cruz.

Fé, amor, desejo.

A Comunhão Espiritual supõe, é evidente, a fé na Presença Real de Jesus nos Sacrários. Ela compreende o desejo da Comunhão Sacramental e exige a Ação de Graças pelo Dom recebido de Jesus. Tudo isso está expresso com simplicidade na fórmula de Santo Afonso de Ligório: “Meu Jesus, eu creio que vós estais no Santíssimo Sacramento. Eu vos amo sobre todas as coisas. Eu vos desejo em minha alma. E, já que agora não posso receber-Vos Sacramentalmente, vinde pelo menos espiritualmente ao meu coração. (pausa) Como já tendo vindo, eu Vos abraço e me uno a Vós. Não permitais que eu me separe mais de vós.”.

A Comunhão Espiritual produz os mesmos efeitos que a Comunhão Sacramental, conforme as disposições de quem a faz, conforme maior ou menor carga de afeto com que se deseja receber a Jesus e o amor mais ou menos intenso com que se recebe Jesus e com que nos entretemos com Ele.

Privilégio exclusivo da Comunhão Espiritual é o de poder ser feita quantas vezes quisermos (e até mesmo centenas de vezes por dia), quando quisermos (mesmo em plena noite), onde quisermos (até num deserto... ou num avião em pleno vôo). É conveniente fazer a Comunhão espiritualmente quando se assiste a Santa Missa e não se pode fazer a Comunhão Sacramental no momento em que o sacerdote comunga.

A alma comunga também, chamando a Jesus em seu coração. Desse modo, toda Missa que se tiver ouvido estará completa: Oferta, Imolação e Comunhão. Seria deveras uma Graça Suprema, a ser invocada com todas as forças, se na Igreja se chegasse a realizar logo aquele voto do Concílio de Trento, “que todos os cristãos comunguem em todas as Missas que ouvem”: desse modo, quem puder participar de mais Missas cada dia, poderá também fazer comunhões Sacramentais cada dia.

Os dois Cálices

Quão preciosa seja a Comunhão Espiritual, Jesus o disse a Santa Catarina de Sena em uma visão. A Santa temia que a Comunhão Espiritual não tivesse nenhum valor, se comparada com a Comunhão Sacramental. Jesus lhe apareceu em visão, com dois Cálices na mão, e lhe disse: “Neste Cálice de ouro ponho as tuas Comunhões Sacramentais e neste Cálice de prata ponho as tuas Comunhões Espirituais. Estes dois Cálices Me são muito agradáveis.”  

E à Santa Margarida Maria Alacoque, que com muita diligência costumava enviar os seus inflamados desejos, clamando por Jesus no Sacrário, uma vez Jesus disse: “Para Mim é de tal modo querido o desejo que uma alma tem de Me receber, que Eu Me precipito nela, cada vez que ela Me chama com os seus desejos.”

Quanto tenha sido amada pelos Santos a Comunhão Espiritual, não nos é difícil entrever. A Comunhão Espiritual satisfaz, pelo menos em parte, àquela ânsia ardente de ser sempre: “um” com quem ama. O próprio Jesus disse:“Permanecei em Mim, e Eu permanecerei em vós”(Jo. 15,4).

E a Comunhão Espiritual ajuda-nos a ficarmos unidos a Jesus, ainda que estejamos longe de Sua Morada. Outro meio não há para aplacar os anelos de amor que consomem os corações dos Santos. “Como a corça anela pelos cursos da águas, assim minha alma anela por ti, ó Deus”(Sl. 41,2). E assim é o gemido dos Santos: “Ó meu esposo querido – exclama a Santa Catarina de Gênova – eu desejo de tal modo a alegria de estar contigo, que me parece, que se eu estivesse morta, ressuscitaria para receber-Te na Comunhão.”

E a Beata Ágata da Cruz sentia tão agudo o desejo de viver sempre unida a Jesus Eucarístico, que chegou a dizer: “Se o Confessor não me tivesse ensinado a fazer a Comunhão Espiritual, eu não teria podido viver.”

Para Santa Maria Francisca das Cinco Chagas era, igualmente, a Comunhão Espiritual o único alívio para a dor aguda que sentia, quando ficava fechada em casa, longe do seu Amor, especialmente quando não lhe era permitido fazer a Comunhão Sacramental. Então, ela subia ao terraço da casa e, olhando para a Igreja, suspirava entre lágrimas: “Felizes aqueles que hoje Te puderam receber no Sacramento, ó Jesus! Felizes os Sacerdotes que estão sempre perto do Amabilíssimo Jesus!” E assim só a Comunhão Espiritual podia tranqüilizá-la um pouco. 

Durante o dia

Eis aqui um dos conselhos que o beato Pe. Pio de Pietrelcina dava a uma sua filha espiritual: “Durante o dia, quando não podes fazer alguma outra coisa, chama por Jesus, mesmo até no meio de todas as outras ocupações, com um gemido resignado da alma, e Ele virá e ficará sempre unido com tua alma por meio de sua Graça e do Seu Santo Amor. Voa com o teu espírito para diante do Sacrário, quando lá não podes ir com teu corpo, e lá desafoga os teus ardentes desejos e abraça o Amado das Almas, melhor ainda do que se tivesses podido recebê-Lo sacramentalmente!”

Aproveitemos, nós também, deste grande Dom. Especialmente nos momentos de provação ou de abandono, que pode haver de mais precioso do que a união com Jesus Hóstia, por meio da Comunhão Espiritual? Este Santo exercício pode encher os nossos dias de amor e de encanto, pode fazer-nos viver com Jesus em um amplexo de amor, e só depende de nós que o renovemos freqüentemente e que não interrompamos quase nunca.

Santa Ângela Merici tinha uma especial predileção pela Comunhão Espiritual. Não somente a fazia muitas vezes e exortava os outros a fazê-la, mas chegou a deixá-la como “herança” às suas filhas, a fim de que a praticassem sempre.

A vida de São Francisco de Sales não deve ter sido talvez toda ela uma corrente de Comunhões Espirituais? Era propósito de o Santo fazer uma Comunhão Espiritual pelo menos cada quarto de hora. Este mesmo propósito foi o que tinha tomado São Maximiliano Maria Kolbe, desde jovem.

E o servo de Deus André Beltrami deixou-nos uma breve página de seu diário íntimo que é um pequeno programa de uma vida vivida em uma Comunhão Espiritual contínua com Jesus Eucarístico. Estas são as suas palavras:“Onde quer que eu me ache, pensarei amiúde em Jesus Sacramento. Fixarei meu pensamento no Santo Sacrário, até mesmo quando eu acordar de noite, adorando-O de onde eu estiver, chamando por Jesus no Sacramento, oferecendo-Lhe o trabalho que eu estiver fazendo. Vou instalar um fio telegráfico da sala de estudo até a Igreja, um outro a partir do meu quarto e um terceiro do refeitório. Depois, vou enviar despachos, no maior número possível, a Jesus no Sacramento.” Que contínua corrente de amor Divino não deve ter passado por aqueles queridos... fios telegráficos!

Até durante a noite

Destas e de outras semelhantes santas indústrias os Santos têm sido muito prontos a servir-se para desabafarem seus corações que nunca se saciavam de amar. “Quanto mais eu Te amo, parece-me que menos Te amo – exclama Santa Francisca Xavier Cabrini – porque eu quereria mais. Mas não posso mais... dilata, dilata o meu coração...”

Nos períodos em que não acordava de noite, Santa Bernadette chegou a pedir a uma sua coirmã que a despertasse. E para quê? “Porque eu gostaria de fazer a Comunhão Espiritual!”

Quando São Roque de Montpellier passou cinco anos encarcerado, por ter sido considerado um vagabundo perigoso, no cárcere ficava sempre com os olhos fitos na janelinha, rezando. O carcereiro lhe perguntou: Que é que ficas daí olhando? “Fico olhando para a torre dos sinos da Paróquia.” Era a necessidade que o Santo sentia de uma Igreja, de um Sacrário, de Jesus Eucarístico, seu grande amor.

Também o Santo Cura d’Ars dizia aos fiéis: “À vista de um campanário, podeis dizer: Lá está Jesus, porque lá um Sacerdote celebrou a Missa.”

E o Beato Luiz Guanella, quando ia de trem acompanhar os peregrinos até os Santuários, recomendava sempre a eles que volvessem seus pensamentos e corações para Jesus cada vez que, das janelas do trem, vissem algum campanário. “Cada campanário – dizia ele – nos faz pensar numa Igreja, na qual existe um Sacrário, na qual se celebra a Missa e onde está Jesus.” Aprendamos com os Santos, nós também. Que eles queiram comunicar-mos um pouco do incêndio de amor que consumia os seus corações.

E, então, também em nós bem cedo se levantará um incêndio de amor, pois é muito consolador o que nos assegura São Leonardo de Porto Maurício: “Se praticardes muitas vezes por dia o Santo Exercício da Comunhão Espiritual, eu vos dou um mês de tempo para terdes o vosso coração completamente mudado.” Só um mês: Vocês entenderam?


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