JACAREÍ, 22 DE ABRIL DE 2011
SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DE NOSSO SENHOR
JESUS CRISTO
1ª MENSAGEM DE SÃO GABRIEL DA VIRGEM
DOLOROSA
(São Gabriel da Virgem
Dolorosa): "Amados
irmãos Meus, Eu, Gabriel da Virgem Dolorosa vos abençoo hoje e vos dou a paz.
Consolai Nosso Senhor Crucificado e a Virgem Dolorosa, dando-Lhes sempre
mais o bálsamo do vosso amor, a água dessedentadora da vossa caridade, da vossa
fé, da vossa generosidade. Para que assim, os lábios ressequidos Deles possam
ser enfim, dessedentados e refrescados e possais dar a Eles o refrigério da
vossa fidelidade, obediência, pureza e generosidade.
Sim
amados irmãos, sede os consoladores de Nosso Senhor Crucificado e da Virgem
Dolorosa, renunciando sempre mais a vós mesmos e ao mundo, deixando sempre
mais de lado: as vossas vaidades, a vossa vontade teimosa, soberba, orgulhosa,
corrompida, inclinada ao mal e àquilo que é contrário ao Senhor e à Mãe de
Deus. Para que então, a vossa vontade sempre mais dócil, sempre mais obediente,
sempre mais conformada à santa vontade e aos Mandamentos Deles possam fazer-vos
cada dia mais avançar no caminho da santidade, da perfeição, do amor e da
graça.
Sede
os consoladores de Nosso Senhor e da Virgem Dolorosa, sede um ramalhete
espiritual, que consola os Corações Unidos e Dolorosos Deles com a vossa vida,
sempre mais perfumada de oração, perfumada de meditação das Mensagens Deles, da
vida dos Santos, da santa Palavra do Senhor para que cada dia da vossa
existência seja um grande e belo roseiral que substitui os duríssimos espinhos
com que Eles foram coroados na Sua Paixão e ainda hoje continuam coroados, por
este mundo que sempre mais Os fere com os espinhos da desobediência, da recusa
em amá-Los e obedecê-Los, do desamor, da indiferença, da frieza e do pecado. Assim,
verdadeiramente vós secareis as Lágrimas Deles, fechareis cada ferida e
colocareis no lugar as flores mais puras e luminosas do vosso amor, da vossa
fé, da vossa fidelidade.
Sede
os consoladores de Nosso Senhor Crucificado e da Virgem Dolorosa, sendo para
Eles um hino de amor vibrante que sempre mais Os encanta, Os alegra, fazendo
sempre mais da vossa vida uma contínua cópia da vida Deles, praticando todas as
virtudes Deles, imitando os Seus santíssimos exemplos, seguindo-Os pela estrada
do bem, da verdade, da santidade, da pureza, do amor. Fazendo assim, vós sereis
verdadeiros consoladores Deles e a vossa vida se transformará numa música
celestial que alegrará os Seus Corações Unidos e os fará sempre mais
aliviarem-se da grande dor e tristeza que sentem pelos pecados do mundo
inteiro.
Vinde
Comigo ser os consoladores de Nosso Senhor Crucificado e a Virgem
Dolorosa, sempre mais fazendo como Eu fiz, oferecendo a própria vida como
sacrifício contínuo de amor a Eles para ajudá-Los, consolá-Los, aliviá-Los,
ampara-Los. Tornai as Mensagens Deles conhecidas de todas as almas, porque
quando isto acontecer tereis dado a maior consolação que os Corações Unidos
Deles desejam.
Amai
muito as Dores da Mãe de Deus como Eu amei, porque foram essas Dores que Me
conservaram em graça, foram essas Dores que Me ensinaram o segredo da santidade
que é oculto para aqueles que não amam as Dores da Santíssima Virgem. Foram
essas Dores que Me fizeram, que Me deram sempre a graça de amar a Deus e de
amar a Virgem Dolorosa com todas as forças do Meu Coração, com toda a
intensidade da Minha alma, de modo que em Mim o fogo, a fornalha do Amor jamais
baixou, jamais diminuiu, jamais esfriou. Se vós Me imitardes vós também tereis
em vós a mesma graça, a graça de um amor sempre abrasado, sempre incandescente,
sempre ardente, ardentíssimo por Deus e pela Virgem Santíssima que nunca
diminuirá, nunca esfriará, nunca se apagará.
Eu,
Gabriel da Virgem Dolorosa, amo-vos muito! Estou sempre aqui neste Lugar
Sagrado dia e noite. A muitos já tenho ajudado a crescer no amor mesmo antes de
saberem disso. E vou continuar a ajudar a todos vós, se Me rezardes, se Me
pedirdes, se suplicardes a Minha ajuda, se Me chamardes para viver convosco, se
vos tornardes Meus amigos seguindo-Me pelo caminho da santidade, que nesta
Mensagem vos apontei. Para todos terei as Minhas mãos estendidas para ajudar a
crescer sempre mais no amor e a chegar naquela bem-aventurança eterna, à qual
Eu cheguei pelo grande amor que tive ao Senhor e à Virgem Dolorosa e que espera
cada um de vós, e onde Eu também espero a cada um de vós para convosco cantar
os eternos hinos da glória celestial.
Rezai
o Terço das Dores diariamente. Rezai o Terço das Lágrimas, rezai com muito amor
consolando a Virgem Dolorosa, secando as Lágrimas Dela todos os dias. Sede vós
mesmos a Minha continuação na Terra, propagando sempre mais o amor às Dores e
às Lágrimas da Virgem Dolorosa. E assim Meus amadíssimos irmãos, Eu prometo-vos
que vos prepararei uma bela, luminosa e grande morada no Céu, bem próximo do
Trono da Virgem Dolorosa e ali juntos louvaremos, bendiremos o nome Dela e do
Senhor para sempre com os Anjos e Santos.
A
todos a neste momento abençoo e derramo sobre vós com a Virgem Dolorosa as
graças eficazes das Suas Dores e Lágrimas, bem como também as indulgencias a
todos aqueles que não se esquecem das Dores e das Lágrimas da Mãe de Deus todos
os dias, rezando o Terço das Dores ou o Terço das Lágrimas Dela, a todos que em
todos os sábados do ano se lembram de dedicar a tarde do sábado a Ela para consolá-La
e que a consolam vivendo, obedecendo e divulgando as Suas Mensagens com amor.
A
todos neste instante, abençoo generosamente."
JACAREÍ, 23 DE ABRIL DE 2011
SÁBADO SANTO DA SOLEDADE DE MARIA
SANTÍSSIMA
2ª MENSAGEM DE SÃO GABRIEL DA VIRGEM
DOLOROSA
(São Gabriel da Virgem
Dolorosa): “Amados
irmão Meus! Eu, Gabriel da Virgem Dolorosa voltei hoje com Ela para vos dar
hoje novamente a paz, as graças e as bênçãos do Céu e para chamar-vos todos ao
amor abrasador pelo Senhor e por Ela, pelas Suas Dores e a serdes
verdadeiramente, consoladores do Coração Doloroso de Maria, a Senhora das
Dores.
No
coração Doloroso de Maria, deveis viver cada dia da vossa vida,
desagravando-O sempre, amando-O, consolando-O com as vossas obras feitas com
puro amor, sem manchas de amor próprio, de interesse próprio e de busca de vós
mesmos em Deus e Nela. Deveis viver sempre neste Coração Doloroso com a vossa
alma sedenta, sequiosa de em tudo e por tudo consolar a Mãe de Deus, torná-la
amada, conhecida, glorificada, servida por todos e em primeiro lugar por vós.
Por isso todos os dias deveis quebrar os vossos corações, ou seja, deveis dizer
não a vós mesmos e à vossa vontade corrompida e sempre mais dizer ‘sim’ ao
Coração Doloroso e Imaculado de Maria, àquilo que Ele vos pede em todas as
Mensagens que vos são dadas aqui. Para que assim verdadeiramente possais viver
neste Coração Doloroso, possais neste Coração Doloroso: amar, servir a Deus em
espírito e em verdade.
No Coração Doloroso de
Maria, deveis sempre mais sofrer com amor, paciência e mansidão, unindo os
vossos sofrimentos às Dores Dela e oferecendo tudo como ato de súplica e em
expiação ao Senhor, para que Ele perdoe os grandes pecados da humanidade, para
que Ele reconduza as almas dos pecadores ao caminho da salvação, e, sobretudo
para que seja apressada a hora do Triunfo do Coração Doloroso de Maria, quando
a terra inteira será enfim libertada da escravidão de Satanás e do grande poder
com o qual ele agora domina este mundo. Assim, verdadeiramente aliviareis as
Dores do Coração de Maria e fareis com que Ele bata, não mais de dor, mas sim
de alívio e de alegria ao receber sempre mais: o vosso amor, a vossa
fidelidade, a vossa obediência, a vossa mansidão.
No
Coração Doloroso de Maria, deveis sempre mais rezar, sofrer, reparar e
amar. E desta forma, com Maria deveis em todos os momentos
responder sim ao Senhor como Eu mesmo fiz com Ela em todos os
momentos, aceitar a divina vontade do Senhor mesmo quando não a entendeis,
suportar com paciência quando o Senhor não responde prontamente as vossas
súplicas e quando Ele por vezes vos deixa sofrer, para que assim possa ser
purificados os vossos pecados, para que outras almas também possam ser
purificadas dos pecados Delas. E assim o mundo possa novamente encontrar o
caminho da sua salvação e da sua paz. Deveis com Maria, no Coração Doloroso de
Maria, amar, deveis amar com toda a força de vossa alma, do vosso coração
e da vossa vontade, renunciando sempre mais aos falsos amores do mundo para
entregar-vos completamente ao amor do Coração Dela. Só assim,
verdadeiramente, vós vivereis no Coração Doloroso de Maria, sereis as flores
benditas que brotam deste Coração e que Ela cultiva no Jardim do Seu Coração
para oferecer à Santíssima Trindade, para a maior glória e exaltação Dela. Vivendo
assim, no Coração Doloroso de Maria, vós apressais e muito o fim do longo
sábado santo, do calvário deste vosso tempo e apressais e apressais a hora
gloriosa da nova ressurreição que será para este mundo o Triunfo Dela
e a vinda do Reino do Senhor para este mundo.
Eu,
Gabriel da Virgem Dolorosa, encontrei no Coração Doloroso de Maria toda a
força, toda a luz e inspiração para seguir o caminho da santidade. Nas Dores de
Maria Eu achei Minha consolação, Meu mestre, Meu guia, Minha luz, Minha estrada
e Minha paz. Se vós Me imitardes encontrareis também nessas Dores tudo quanto
precisais para a vossa salvação, na devoção às Dores e ás Lágrimas de Maria Eu
encontrei todo o Meu bem, encontrei toda a Minha força, encontrei todo o Meu
amor. E se vós Me imitardes também encontrareis para vossas almas: bálsamo,
consolo, conforto, luz, conselho, sabedoria e paz.
Eu
prometo-vos ajudar-vos a encontrar tudo isso nas Dores da Santíssima Virgem e
nas Lágrimas Dela, esclarecendo-vos a cerca dos mistérios do sofrimento Dela e
ajudando-vos sempre mais a tirar dessas Dores: a força, a luz que precisais
para tudo sofrer, tudo suportar e tudo vencer nesta vida pelo Senhor e por Ela.
Eu estou ao vosso lado, para transformar-vos em um grão de trigo, que cai na
terra e morre, ou seja, que morre para si mesmo e para o mundo, para que possa
enfim: brotar, crescer e dar muito fruto. Eu tomo as vossas mãos e vos conduzo
sempre mais pelo caminho do perfeito amor e da perfeita correspondência ao
Senhor e à Maria Santíssima Dolorosa.
Vinde,
Meus irmãos! Meu ombro está sempre à vossa disposição para virdes aqui buscar
consolo, conforte e alento em todos os momentos de vossa vida. Chamai-Me e Eu
virei imediatamente em vossa ajuda.
A
todos neste momento, abençoo generosamente com a Virgem Dolorosa.
Gabriel de Nossa Senhora das Dores, a quem Leão XIII chamava o São Luiz Gonzaga de nossos dias, nasceu em Assis a 1 de março de 1838, filho de Sante Possenti di Terni e Inês Frisciotti.
INFÂNCIA
No mesmo dia que viu a luz do mundo, recebeu a graça do batismo, na mesma pia, em que foi batizado o grande patriarca S. Francisco, na Igreja de S. Rufino.
No mesmo dia que viu a luz do mundo, recebeu a graça do batismo, na mesma pia, em que foi batizado o grande patriarca S. Francisco, na Igreja de S. Rufino.
O pai do Santo, já com vinte e dois anos era governador da cidade de Urbânia, cargo que sucessivamente veio a ocupar em S. Ginésio, Corinaldo, Cingoli e Assis.
Como um dos magistrados dos Estados Pontifícios, gozava de grande estima do Papa Pio IX e Leão XIII honrava-o com sua sincera amizade.
A mãe era de nobre família de Civitanova d’Ancona. Estes dois cônjuges apresentavam modelos de esposos cristãos, vivendo no santo temor de Deus, unidos no vínculo de respeito e amor fidelíssimo, que só a morte era capaz de solver.
Deus abençoou esta santa união com treze filhos, dos quais Gabriel era o undécimo.
Este, no batismo recebeu nome de Francisco, em homenagem a seu avô e ao Seráfico de Assis.
Dando testemunho da educação que recebiam na família, no Processo da beatificação do Servo de Deus, os seus irmãos declararam:
“Nós fomos educados com o máximo cuidado, no que diz respeito à piedade e à instrução. Nossa mãe era piedosíssima e nos educou segundo as máximas da nossa santa Religião”.
Nos braços, sobre os joelhos de uma mãe profundamente religiosa o pequeno Francisco aprendeu os rudimentos da vida cristã e pronunciar os santos nomes de Jesus e Maria.
A grande felicidade que na infância reinava, experimentou um grande abalo, quando inesperadamente o anjo da morte veio visitar aquele lar e arrebatar-lhe a mãe.
D. Inês sentindo a última hora se aproximar, na compreensão do seu dever de mãe cristã reuniu todos os filhos à cabeceira do leito mortal, estreitou-os, um por um, ao seu coração, selou a sua fronte com o último beijo, deu-lhes a bênção, distinguindo com mais carinho os de tenra idade, entre estes, Francisco; munida de todos os sacramentos, confortada pela graça de Deus, na idade de 38 anos deixou este mundo, para, na eternidade, perto de Deus, receber o prêmio de suas raras virtudes.
Do pai, o próprio filho Francisco ao seu diretor espiritual deu o seguinte testemunho: Meu pai, declarou, tinha por costume levantar-se bem cedo.
Dedicava uma hora à oração e meditação; se neste tempo alguém desejava falar-lhe, havia de esperar pelo fim das práticas religiosas.
Terminadas estas, ia à igreja assistir a santa Missa e costumava levar consigo dos filhos os que não fossem impedidos. Finda a santa Missa metia-se ao trabalho.
À noite reunia seus filhos e dava-lhes sábios conselhos e úteis exortações. Falava-lhes dos deveres para com Deus, do respeito devido à autoridade paternal e do perigo das más companhias. “Os maus companheiros, dizia ele, são os assassinos da juventude, os satélites de Lúcifer, traidores escondidos e por isso para os temer e deles ter cuidado”.
Os biógrafos de Francisco fazem ressaltar em primeiro lugar a extraordinária bondade de coração do menino, principalmente para com os pobres.
Muitas vezes ficou ele sem a merenda, por tê-la dado aos pobres.
Entre seus irmãos era ele o anjo da paz, sempre pronto para desculpar e para defendê-los, quando acusados injustamente. Não suportava a injúria, fosse ela atirada a si ou a um dos seus. Com a maior facilidade se desfazia de objetos de certo valor, com que tinha sido homenageado.
Assim presenteou a um de seus irmãos de uma bela corrente de prata, que tinha recebido de um parente. Estes belos traços no caráter de Francisco não afastam certas sombras que nele subsistiam também.
Os que o conheciam meigo, bondoso, compassivo, sabiam-no também ser nervoso, impaciente, irascível.
Por felicidade sua o senhor Sante, seu pai não era daqueles que desculpam os caprichos de seus filhos, pretextando serem crianças, sem pensar que mais tarde terão de pagar bem caro esta condescendência e fraqueza.
O verdadeiro amor cristão fê-lo combater sem tréguas todos os defeitos. Francisco era obediente e tinha grande respeito ao pai, o que aliás não impedia que diante de uma severa repreensão desse largas ao seu gênio impulsivo, com palavras e gestos demonstrando o seu descontentamento, sua raiva.
Mas tudo isto era fogo fátuo. Logo voltava às boas; sua boa índole não permitia, que estas revoltas interiores durassem muito tempo. Era encantador ver, momentos depois, o menino desfeito em pranto, procurar o pai e por seus modos ingênuos e infantis, assegurar-se do perdão e do amor do Sr. Sante.
Este, fingindo não dar crédito a estas demonstrações, retrucava bruscamente: “Nada de carícias; quero ver fatos”.
Então o menino se atirava ao colo do pai, beijava-o e sentia-se feliz, em ter voltado a paz, com o perdão paterno. Nesta escola de sábia pedagogia Francisco cedo aprendeu combater e vencer seus defeitos.
Por algum tempo Francisco ficou entregue aos cuidados de um mestre; depois freqüentou o colégio dos Irmãos das Escolas Cristãs, onde fez rápidos progressos, figurando sempre entre os melhores alunos. Na idade de sete anos fez a sua primeira confissão.
Um ano depois, em junho de 1846 recebeu o sacramento da confirmação.
Tudo isto prova que o menino já se achava bem instruído nas verdades da nossa fé, graças ao sólido ensino que lhe dispensavam os beneméritos Irmãos Sallistas.
Nesse mesmo tempo caiu também a data da sua primeira comunhão, para qual se preparou com todo o esmero.
Testemunha de vista desse grandioso ato diz: “O fervor com que o vi chegar-se da sagrada mesa, o espírito de fé, que se estampava no seu semblante, o vigor dos seus afetos foram tais, que se chegava a crer ser ele levado por um Serafim”.
Esses sentimentos de fé e de piedade, aquelas chamas de amor ao SS. Sacramento não mais se separaram do coração de Francisco nos anos de sua mocidade, nem no meio de uma vida dissipada de certo modo mundana.
Não menos certo é que a freqüente recepção da santa comunhão preservou-o de graves desvios no meio das tentações do mundo.
Terminados os estudos elementares, o pai pensou em procurar para Francisco uma educação mais elevada, de acordo com a sua posição social e confiou seu filho aos Padres Jesuítas que na cidade de Spoleto dirigiram um colégio.
Neste educandário passou Francisco os anos todos de sua mocidade no mundo e chegou a cursar os quatro semestres de estudos filosóficos. Estudante inteligente e cumpridor exato de seu dever que era, deixou boa memória naquele colégio e formavam-se as mais belas esperanças a seu respeito.
Ano não passava, que não tirasse um prêmio; no fim dos seus estudos foi distinguido com uma medalha de ouro.
Mestres e colegas igualmente o estimavam. Tudo nele encantava: os seus modos delicados e gentis, a modéstia no falar, o sorriso benévolo que lhe afloravam aos lábios, o garbo com que se sabia ver em circunstâncias mais solenes, os sentimentos nobres que dominam em todo o seu proceder.
Aos seus mestres devotava sempre a máxima estima e profunda gratidão.
Das práticas de piedade era rígido observador e com regularidade freqüentava os santos sacramentos. Não há dúvida, que, dada a ocasião, o seu gênio impetuoso e quente o levava a transportes de veemência e de cólera. Mais estes excessos eram sempre seguidos de lágrimas de arrependimento e de penitência .
Desde a sua infância mostrou devoção particular a Nossa Senhora das Dores, uma imagem da qual se conservava em sua família; e cabia-lhe a ele adorná-la de flores e manter acesa uma lâmpada diante da estátua.
Afirma um dos seus irmãos, Eurique Possenti, que viu Francisco, no último ano que passou em casa, usar de cilício de couro com pontinhas de ferro. Outro testemunho, da família Parenzi, declara:“Sua conduta religiosa e moral tem sido irrepreensível; dada a grande vigilância de meus pais, não teria sido admitido em nossa família, se não fosse realmente virtuoso”.
Para completar a imagem do jovem estudante e assim melhor poder compreender a mudança que nele mais tarde se efetuou, tenha aqui lugar a descrição da solene distribuição de prêmios, da última em que Francisco tomou parte no colégio dos Jesuítas em Spoleto, em setembro de 1856.
Os melhores alunos tinham sido escolhidos para abrilhantar a cerimônia com discursos e declamações poéticas. Entre eles Francisco ocupava o primeiro lugar. Ninguém se lhe igualava em elegância exterior, no garbo de representar, na graça de declamar, na graciosidade da gesticulação, no timbre encantador da voz. Podendo representar no palco, parecia estar no seu elemento e fazia-o com toda a naturalidade e perfeição.
Em sua aparência não deixava nada a desejar: tudo obedecia às exigências da última moda: o cabelo esmeradamente penteado, o traje elegante e ricamente adornado, as luvas brancas, gravata de seda, sapatos luzidios e artisticamente acabados, a tudo isso Francisco ligava máxima importância.
Em certa ocasião recitou com tanto ardor e tamanho foi o entusiasmo que excitou no auditório, que o delegado apostólico Mons. Guadalupe, que presente se achava, ao pai de Francisco que ao seu lado se achava disse: “se vosso filho aqui presente estivesse, abraçava-o em vosso lugar”.
As raras qualidades morais, que o adornavam, a figura simpática e atraente na flor da mocidade, a extrema vivacidade que nele se observava, não deixaram de emprestar-lhe um leve sombreado de vaidade, que de algum modo chegou a dominá-lo.
Esta vaidade se lhe patenteava na exigência que fazia no modo de se trajar, sempre na última moda, de perfumar o cabelo e este sempre tratado com cuidado, de se aborrecer com uma nódoa por mais insignificante que fosse, no fato, no amor que tinha a divertimentos alegres e aos esportes mundanos.
O inimigo das almas tirou proveito dessas fraquezas. Se não conseguiu roubar-lhe a inocência, não foi porque não lhe poupasse contínuos assaltos, bem sucedidos.
A paixão pelo teatro, a verdadeira mania por bailes, o amor à leitura de romances eram tantos escolhos, tantos perigos, que é de admirar que o jovem Francisco não caísse presa das ciladas diabólicas. Tão pronunciada era sua paixão às danças, que lhe importou a alcunha de “bailarino”.
Assim um dos seus mestres, Pe. Pinceli, Jesuíta, quando soube da inesperada fuga de Possenti do mundo para o convento, disse:“O bailarino fez isto? Quem esperava uma tal coisa! Deixar tudo e fazer-se religioso no noviciado dos Padres Passionistas!”
Francisco bem conhecia o perigo em que nadava, e não faltava quem o chamasse à atenção, o lembrasse da necessidade da oração, da vigilância, da mortificação, da devoção a Jesus e Maria, de não perder de vista a eternidade, etc.
Em uma carta que lhe escreveu o Pe. Fedeschini, S. J. há todos estes avisos; o conselho de fugir das más companhias, de dar desprezo à vaidade no vestir e falar, de largar o respeito humano, de fazer meditação diária e receber os sacramentos.
Com todas as leviandades e suas perigosas tendências para o mundo, Francisco não deixava de ser um bom e piedoso jovem, a quem homens sábios e virtuosos não pudessem escrever com confiança, benevolência e estima e cujas palavras não fossem aceitas com respeito e gratidão.
“Muitas vezes” – diz quem bem o conhecia – “Possenti sentiu o chamado de Deus, de deixar a vida no mundo e trocá-la com o estado religioso”. Seu diretor, Pe. Norberto, Passionista, declara: “A vocação, se bem que descuidada e sufocada, estava nele havia muito tempo e ele a sentiu desde os mais tenros anos. Muitas vezes o servo de Deus disse-me isto, lastimando a sua ingratidão e indiferença”.
O mesmo sacerdote relata: “A sua vocação se manifestou do seguinte modo: Não sei em que ano foi, sentiu-se ele acometido de um mal, que o fez pensar na morte. Teve então a inspiração de prometer a Deus entrar numa Ordem religiosa, caso recuperasse a saúde. A promessa foi aceita, pois melhorou prontamente e em pouco tempo se achou restabelecido. A promessa ficou como se não fosse feita. O jovem tornou a dar o seu afeto ao mundo e se entregou à dissipação como antes.
Não tardou que Deus lhe mandasse outra enfermidade, uma inflamação interna e externa da garganta, tão grave, que parecia a morte iminente já na primeira noite, tornando-se-lhe dificílima à respiração.
Novamente o enfermo recorreu a Deus e invocando Santo André Bobola, aplicou ao lugar dolorido uma estampa do mesmo Santo,e renovou a promessa de abraçar o estado religioso.
As melhoras se acentuaram quase instantaneamente e teve o enfermo uma noite tranqüila e não mais voltaram as angústias da dispnéia.
Deste extraordinário favor o jovem se lembrou sempre com muita gratidão. Manteve também por algum tempo o propósito de fazer-se religioso, mas diferindo-lhe a execução, o amor ao mundo voltou e no mundo continuou a viver.
Das paixões de Francisco, uma das mais fortes foi a da caça. A esta paixão ele pagava tributos bem pesados e seu diretor espiritual não hesitou em atribuir a este esporte a cruel moléstia, que o ceifou na flor da idade. Certa vez, em pular uma cerca, chegou a cair e com tanta infelicidade, que quebrou-lhe um osso do nariz. O fuzil disparou e o projétil passou-lhe rentinho pela testa, pouco faltando que lhe rebentasse o crânio. Francisco reconhecendo logo a providência deste aviso, renovou a sua promessa. Ficou com as cicatrizes, mas deixou-se ficar no mundo.
A graça divina também não se deu por vencida. Rejeitada três vezes, tentou um quarto golpe, mais doloroso ainda. De todos de sua família Francisco dedicava terníssima amizade a sua irmã Maria Luzia, nove anos mais velha que ele, e esta amizade era correspondida com todo afeto.
Em 1855 irrompeu em Spoleto a cólera e Maria Luiza foi a primeira vítima da terrível epidemia. Foi no dia Corpus Christi, e a notícia alcançou Francisco, quando, na procissão, levava a cruz.
A morte da irmã feriu profundamente o coração do jovem e mergulhou sua alma em trevas nunca antes experimentadas. Perdeu o gosto de tudo e se entregou a uma tristeza inconsolável. Parecia, que com este golpe a graça divina tivesse removido o último obstáculo de a promessa se cumprir. Assim ainda não foi.
Todo acabrunhado, Francisco manifestou ao pai sua resolução de entrar para o convento chegando a dizer que para ele tudo se tinha acabado nesta vida. Possenti, receando perder seu filho a quem muito amava, não recebeu bem a comunicação e pediu-lhe nunca mais tocasse neste assunto.
Aconselhou-o a se distrair, a afastar os pensamentos tristes a procurar a sociedade, freqüentar o teatro; chegou a insinuar-lhe a idéia de procurar a amizade de uma donzela distinta, de família igualmente conceituada, na esperança de nos entendimentos inocentes ela conseguir de fazê-lo esquecer-se dos seus intentos religiosos.
Na igreja metropolitana de Spoleto gozava de uma veneração singular uma imagem de Nossa Senhora; a esta imagem chamava simplesmente “a Icone”. Na oitava do dia 15 de agosto esta imagem era levada em solene procissão por dentro da igreja e não havia quem não se ajoelhasse à sua passagem. Em 1856 Francisco Possenti achava-se no meio dos fiéis e todo tomado de amor por Maria Santíssima, os seus olhos se fixavam na venerada imagem como que esperando por uma bênção especial. Pois, quando a “Icone” vinha aproximando-se do jovem, parecia ela lhe atirar um olhar todo especial e lhe dizer: “Francisco, o mundo não é para ti; a vida no convento te espera”.
Esta palavra, qual uma seta de fogo cravou-lhe no coração; assim saiu da igreja desfeito em lágrimas. Estava resolvido a realizar desta vez o plano de alguns anos. Tratou, porém, de não dar por enquanto nenhuma demonstração do seu intento.
Embora certo de sua vocação, mas desconfiando da sua fraqueza, e para não ser vítima de uma ilusão procurou seu mestre no liceu e diretor espiritual Pe. Bompiani, Jesuíta e a ele se abriu inteiramente, fazendo do conselho do mesmo depender sua resolução definitiva. O exame foi feito com toda sinceridade e tendo tomado em consideração todos os fatores influentes no passado da vida do jovem, o Pe. Bompiani não duvidou de se tratar de uma vocação verdadeira e animou o jovem a seguí-la. Consultas que fez com mais dois sacerdotes de sua inteira confiança, tiveram o mesmo resultado.
Francisco se resolveu então a pedir sua admissão na Congregação dos Passionistas.
Comunicar ao pai a resolução tomada, não foi fácil. Mas desta vez o Sr. Sante, homem consciencioso, vendo a aflição e a firmeza de seu filho, não mais se opôs; tomado, porém, de espanto quando soube que a Congregação por Francisco escolhida, a dos Passionistas, era de todas a mais austera.
Se bem que não se opusesse à vontade do filho, tratou de procrastinar a execução do seu plano e impor condições. Francisco, porém, ficou firme. Tomou ainda e pela última vez, parte na solenidade da distribuição dos prêmios, no colégio dos Jesuítas, fez como sempre um papel brilhante no palco, despediu-se dos seus professores, dos seus amigos e em companhia de seu irmão Luiz, da Ordem Dominicana, por ordem de seu pai, fez uma visita a seu tio Cesare, cônego da Basílica de Loreto e a um parente de seu pai, Frei João Batista da Civitanova, guardião de um convento dos capuchinhos, levando para ambos carta de Sante Possenti em que este pedia examinassem a vocação do jovem. Tanto o cônego como o capuchinho carregaram bastante as cores da vida austera na Congregação dos Passionistas, que absolutamente não lhe conviria, a ele, moço de dezoito anos, acostumado a seguir às suas vontades, sem restrição de comodidades. A visita à Santa Casa em Loreto Francisco aproveitou largamente para recomendar-se a N. Sra. Não mais arredou do caminho encetado.
De Loreto foi para convento Morrovale, dos Passionistas onde já em 21 de setembro de 1856 recebeu o hábito com o nome de Gabriel dell’Adolorata.
Admitido no noviciado, escreveu ao pai e aos irmãos, comunicando-lhes o fato. Ao pai pede perdão, aos irmãos recomenda amor filial e boa conduta. A carta, embora de simplicidade encantadora, é um documento admirável de sentimento filial e católico. Aos companheiros seus de estudo dirigiu cartas também. Despede-se, pede perdão de maus exemplos que julgava ter dado; aconselha-os a fugir das más companhias, do teatro, das más leituras e das conversas inúteis.
Convencidíssimo da sua vocação religiosa, longe do mundo, da sociedade e da família, não mais teve outro ideal que subir as culminâncias da perfeição.
Inconfundível era sua personalidade no meio dos seus companheiros do noviciado. Sem perder as notas características do seu caráter, a jovialidade, a alegria de espírito, a amenidade de trato, era ele inexcedível não só na exatidão do cumprimento dos exercícios regulares, como também na prática das virtudes cristãs e monásticas.
E se perscrutarmos as causas profundas desta mudança radical na vida de Gabriel, duas conseguiremos encontrar, aliás suficientes e esclarecedoras: o ardente amor a Jesus Crucificado, à Santa Eucaristia, sua devoção singular a Mãe de Deus, em particular à Nossa Senhora das Dores e sua inalterada mortificação, por meio da qual deu morte aos seus desordenados apetites, um por um.
Tendo corrido o ano de provação, Gabriel foi admitido à profissão e mandado para várias casas da Congregação, com o fim de completar os seus estudos de teologia. Durante os anos de preparação para o sacerdócio, superiores e companheiros viram no santo jovem o modelo mais perfeito de todas as virtudes, e cumpridor exatíssimo dos seus deveres.
Quando chegou à idade de vinte e três anos, anunciaram-se os primeiros sintomas da moléstia, que no prazo de um ano havia de levá-lo ao túmulo: a tuberculose pulmonar.
O longo tempo da sua enfermagem Gabriel o aproveitou para ainda mais se aprofundar na sua devoção predileta à Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo e à Maria Santíssima, mãe das dores.
Em fevereiro de 1862 ainda pôde andar e receber a santa comunhão na igreja, junto com seus companheiros. Inesperadamente o mal se agravou; foi preciso avisá-lo para receber os últimos sacramentos. A notícia assustou-o por um momento só; mas imediatamente recuperou a habitual calma, que logo se transformou numa alegria antes nunca experimentada.
O modo de receber o santo viático comoveu e edificou a todos que assistiram. Não mais largava a imagem do crucificado, que cobria de beijos, e ao seu alcance tinha a estátua de N. Sra. das Dores, que freqüentemente apertava ao seu peito, proferindo afetuosas jaculatórias, como estas: “Minha mãe, faze depressa!” – “Jesus, Maria, José, expire eu em paz em vossa companhia!” – “Maria, mãe da graça, mãe da misericórdia, do inimigo nos protegei, e na hora da morte nos recebei”.
– Poucos momentos antes do desenlace, o agonizante, que parecia dormir, de repente, todo a sorrir, virou o rosto para esquerda, fixando olhar para um determinado ponto.
Como que tomado de uma grande comoção diante de uma visão impressionante, deu um profundo suspiro de afeto e nesta atitude, sempre sorridente, com as mãos apertando as imagens do crucifixo e da Mater dolorosa, passou desta vida para a outra.
Assim morreu o santo jovem na idade de vinte e quatro anos, na manhã de 27 de fevereiro de 1862.
Foi sepultado na igreja da Congregação, em Isola Del Gran Sasso. Trinta anos depois fêz-se o reconhecimento do seu corpo.
Nesta ocasião com o simples contacto de suas relíquias verificou-se a cura prodigiosa de uma jovem que a tuberculose pulmonar tinha reduzido ao último estado. Reproduziram-se aos milhares os prodígios que foram constatados à invocação do Santo.
Em 1908 o Papa Pio X inscreveu o nome de Gabriel da Virgem Dolorosa no catálogo dos Beatos e em 1920 Bento XV decretou-lhe as solenes honras da canonização.
Pio XI estendeu a sua festa a toda a Igreja, em 1932.
Oração
Ó Deus, que ensinastes a S. Gabriel a honrar com assiduidade as dores de vossa Mãe dulcíssima e por ela o elevaste à glória da Santidade e dos milagres, concedei-nos, pela sua intercessão e seus exemplos, a graça de partilharmos tão intimamente as dores de vossa Mãe Santíssima, que por sua maternal proteção consigamos a salvação eterna.
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