VÍDEO DA APARIÇÃO:
VÍDEO DO CENÁCULO COMPLETO:
Início 23:00 de 24 de dezembro até a manhã do dia 25 de dezembro
JACAREÍ, 25 DE DEZEMBRO DE 2019
VIGÍLIA DA NOITE SANTA DE NATAL
MENSAGEM DE NOSSA SENHORA RAINHA E MENSAGEIRA DA PAZ e SÃO FERNANDO DE CASTELA
AO VIDENTE MARCOS TADEU TEIXEIRA
AO VIDENTE MARCOS TADEU TEIXEIRA
(Maria
Santíssima):
“Querido
filho Marcos, aqui estou novamente com o meu filho Jesus para te
amar. Vim novamente para te amar meu filho!
Vim
novamente para amar e abençoar todos os meus filhos por meio de
você. Sim, nesta noite santa que agora finda, venho com o meu filho
Jesus para dizer a todos:
Amem
o amor nascido de mim em Belém, acolhendo
o meu filho Jesus
nas suas
vidas por um ato de fé, de amor, de
entrega e de
adesão total a ele procurando
em tudo e por tudo fazer a vontade do meu filho, viver a sua palavra,
os seus
ensinamentos de amor, abrindo sempre mais de par em par a porta dos
seus corações e da vida de vocês a ele aceitando-o como seu senhor
e Salvador.
Amem
o amor nascido de mim em Belém, acolhendo o meu filho Jesus nas suas
vidas, renunciando a tudo que os afasta dele, que os faz
pertencer menos a ele e amar menos a ele.
Para
que assim, os corações de vocês amando somente ao
meu filho Jesus e livres de toda divisão entre ele e as coisas
mundanas, o coração
de vocês possa verdadeiramente ser cheio da paz, do amor, da graça
e da verdade que ele deseja dar a cada um de vocês.
Amem
o amor nascido de mim em Belém, vivendo uma vida de total e
intensa oração, de
sacrifício, de
penitência, procurando cada dia mais buscar as coisas do alto, para
a qual vocês foram criados unicamente. De modo que a vida de vocês
não seja puramente terrena, mas seja uma vida celeste onde Deus,
verdadeiramente reina e onde através de vocês ele pode manifestar
ao mundo inteiro sua face amorosa, cheia de amor, bondade,
misericórdia e salvação para todos.
Amem
o amor nascido de mim em Belém, sendo como eu sempre ‘sim’ ao
meu filho Jesus, procurando em tudo e por tudo fazer a santa vontade dele, de
modo que o coração do meu filho triunfe o vez mais depressa
possível nesse mundo sem amor.
Preparem
os seus corações meus filhos, por meio de uma vida cheia de oração
e amor a Deus, porque o meu filho está voltando em breve na sua
glória. E assim, como eu vim primeiro para
que o meu filho Jesus pudesse vir à terra a primeira vez, assim,
agora eu venho primeiro nas minhas Aparições no mundo todo para que
depois venha o meu filho Jesus.
Sim,
o meu filho virá em breve e todos aqueles que não quiserem amá-lo
e buscar
a sua misericórdia vão cair nas mãos da sua Justiça. Por isso,
amem a Jesus, entreguem-se completamente a ele, deem a ele seus
corações, renunciem a todo o mal, renunciem a todas as coisas
mundanas e vivam uma verdadeira vida no Sagrado Coração de Jesus
que é: vida de amor, vida de fé, vida de carinho, obediência e
fidelidade a Deus.
Continuem
rezando o meu Rosário todos os dias, por meio dele farei cada vez
mais crescer em vocês o amor ao meu filho Jesus e a união de todos
vocês com ele. Pelo Rosário prepararei a todos vocês para o
segundo natal do meu filho Jesus na glória que se aproxima.
E
tão rapidamente quanto
a aurora faz surgir o dia, assim também,
o meu filho Jesus, o seu dia, raiará de repente. E
aqueles que estiverem
formados e preparados por mim experimentarão uma grandiosa alegria
por
verem que durante todos esses anos aqui eu os preparei para o
encontro com o Senhor do Amor que volta a todos agora no amor e pelo
amor.
Meu
querido filho Marcos, hoje dou a você 13 graças especiais pelos
méritos do Rosário meditado 103 que você fez para mim há anos
atrás. E como sei que você deseja beneficiar o seu pai que é quem
você mais ama, mais até do que a você mesmo, dou a ele hoje também
11 mil graças que ele receberá durante o próximo ano.
Sim,
darei a ele estas graças por meio, por causa dos méritos do Rosário
meditado
103 que você fez para mim, que tanto me agrada, que tanto agrada o
coração do meu filho Jesus e tanto valor tem diante do meu filho e
de mim.
Este
Rosário salvou muitas almas, cancelou muitos castigos, atraiu muitas
bençãos para o Brasil, para todos que rezaram este Rosário e
também,
para você em particular. Por isso, hoje meu filho, dou a você todas
essas graças do meu coração como
gratidão a você por ter feito esta tão bela obra de amor por mim e
pelo meu filho Jesus.
Alegre
seu coração, porque
de tudo isso você é digno e ainda muito mais você receberá.
Alegre o
seu
coração filho meu e continue no caminho que te indiquei: o da
oração, o do serviço a mim e ao meu filho Jesus, o da dedicação
total a mim e ao Senhor. Continue no caminho do ‘sim’ que você
me deu exatamente
neste
dia há 28 anos atrás e no
qual
você tem perseverado.
Continue
neste caminho, porque boa parte da sua jornada já foi cumprida,
caminhe mais um pouco e então, em breve, cumprir-se à, completar-se
à a sua missão e um belo tesouro te esperará na morada que te
preparo.
Avante
meu guerreiro! Avante
segue divulgando a todos os meus filhos o meu Rosário meditado,
fazendo novos Rosários, novos terços meditados, para que os meus
filhos conheçam o meu filho Jesus, a mim, os santos de Deus.
Conheçam os tesouros maravilhosos da sabedoria, do conhecimento e
do amor de Deus.
A
você meu apóstolo querido, meu apóstolo mais ardente e servo
obedientíssimo, abençoo agora com meu filho Jesus e também o meu filho
Fernando e a todos os meus filhos que agora me escutam e me amam: de
Belém, de Nazaré e de Jacareí.”
(São
Fernando):
“Amados irmãos meus, eu, Fernando, servo do Senhor e
da nossa Rainha Santíssima, alegro-me por vir com ela e com o nosso
Rei, hoje, na Festa do Santo Natal.
Amem
o amor pequenino nascido de Maria
Santíssima!
Amem
o amor pequenino fazendo-se também pequeninos, para que então
possam
verdadeiramente entrar no seu divino coração, habitar no seu Divino
Coração e descansar no seu Divino Coração.
Amem
o amor pequenino nascido hoje de Maria
Virgem, fazendo-se pequeninos pela humildade, procurando agradar ao
Senhor nas pequeninas
coisas como nas grandes. Porque quem é fiel no pouco é fiel no
muito e quem não é fiel no pouco não será fiel no muito.
Amem
o
Senhor na pequenez, procurando cada vez mais tornar-vos crianças,
crianças pequeninas que em tudo dependem dele, cuja única força é
ele. E não procurando fazer as coisas à maneira de vocês, a
vossa
maneira, mas à maneira do senhor, deixando-se guiar completamente
por ele no caminho do verdadeiro amor.
Amem
o amor pequenino nascido de Maria Imaculada, renunciando à vontade
de vocês, tornando-se assim, pequeninos diante de Deus
e livres
de todo o amor-próprio
que ensoberbece e infla a alma de soberba, presunção e orgulho.
Amem
o amor pequenino, renunciando a todo o desejo dos bens terrenos,
tendo assim, um coração pequenino, um coração pobre, para que
então,
ele
venha enriquecer os corações de vocês com os tesouros da sua
graça.
Por
fim, amem o amor pequenino sendo também pequeninos e procurando
fazer da vida de cada um de vocês, da vossa vida, um contínuo ato
de amor ao Senhor. Pouco importam
as imperfeições de vocês, as vossas imperfeições, o que o Senhor
quer é o amor. Por isso, do amanhecer até o anoitecer o que ele
quer
de todos vocês, o que ele quer de vós é um contínuo: Jesus,
Maria eu vos amo salvai almas!
Sobretudo,
ele quer que sejam um ato de amor contínuo por obras de amor, por
uma vida totalmente feita de amor.
Assim,
vocês serão pequenos, pequeníssimos
e conseguirão amar o amor pequenino nascido em Belém, que só se
deleita, que só se entrega,
que só se compraz
com as almas pequeníssimas.
Porque
os pequeníssimos foram os primeiros escolhidos
para
conhecerem o Salvador recém
nascido?
Porque somente eles, eram pequenos o bastante para poderem reconhecer
no Amor
Pequenino
nascido em Belém, o Deus eterno e supremo de todas as coisas, o
Eterno
Amor!
Foi
por
isso, que o Eterno
Amor
escolheu os pequenos, os pequeníssimos, porque somente
eles são capazes de compreender o amor de Jesus Menino e que ele
deseja tão somente amar e ser amado.
Sim,
eles compreendem que o que Jesus procura neles é o amor! Não são
os seus bens, não são seus
dons, não são também
as suas qualidades, mas tão somente o amor. Por isso, façam-se
pequeninos e
o Amor Pequenino, o Eterno Amor se revelará em toda a
sua
plenitude a vocês.
Rezem
o Rosário todos os dias, pois com o Rosário vocês se tornarão
pequeníssimos, e assim, poderão entrar e habitar no Coração de
Jesus. E Ele,
o Amor Pequenino poderá entrar e habitar nos corações de vocês.
Rezem
o Rosário, não há meio mais poderoso para obter a santa humildade,
ser uma alma pequeníssima e assim conquistar o Coração de Jesus do
que o Rosário.
Não
há meio mais poderoso para vencer todo o mal e alcançar o Céu que
o Rosário. Coloquem o Rosário nos
seus corações e a Mãe de Deus os colocará no Coração Dela.
Coloquem
o Terço do Amor nos seus corações e Jesus
os
colocará
no coração Dele e então serão um só com ele no amor. E o que é
unido por
Deus no
amor nada, nada pode separar.
Eu,
Fernando os ajudarei sempre, sempre os acompanharei, nunca os
deixarei nos momentos de sofrimento e tribulação. Por isso, sempre
que a cruz pesar nos ombros de vocês recorram a mim e eu oferecerei
meus méritos ao Senhor e à nossa Rainha Santíssima para ajudá-los.
Este
lugar é santo, estas Aparições são santas
e todo aquele que conhece essas
Aparições recebe a maior graça que o Céu poderia dar a alguém
depois da graça da salvação eterna e também da vocação à vida
religiosa.
Por
isso, agradeçam ao Senhor e à Mãe de Deus, que tanto os amou e
lhes
deu
a maior graça desses tempos esplendidos
da explosão do Amor
Divino,
em que vocês vivem.
Sim,
bem-aventurados
aqueles que aqui tem verdadeira fé nestas
Aparições
da
Mãe de Deus, pois
grandes coisas ela realizará nos seus corações.
Sejam
pequenos e então, vocês serão acolhidos no grande coração
amoroso da Mãe de Deus.
A
todos abençoo agora com amor generosamente e a todos dou a minha
paz.
Sobretudo,
a você meu amadíssimo irmão Marcos, meu irmão pequeníssimo que
fez-se tão pequeno ao ponto de a Mãe de Deus dar-lhe as grandes
missões, de
revelar as suas Aparições ao
mundo inteiro em
todos os lugares. E
de dar ao mundo os santíssimos Rosários meditados e tantas Horas de
Orações, que
se eu as tivesse no meu tempo morreria de amor ao fazê-las.
Oh!
Eu daria todo o meu reino e muito mais ainda para poder possuí-las!
E as almas que aqui vem tem esses tesouros, possuem esses tesouros
inestimáveis do
Coração da
Mãe de Deus que graças ao seu ‘sim’, ao seu trabalho e ao seu
esforço elas recebem. E com esses tesouros suas almas são
preservadas das tentações, do mal, do mundo e recebem benção,
sobre benção e
graça sobre graça, luz sobre luz.
A
você meu amado irmão, que se fez tão pequeno e por isso foi
escolhido pela Mãe do Senhor para esta grande obra agradeço e digo:
Pelos
méritos do Terço da Misericórdia nº
99 que você fez, hoje o Senhor me concede derramar sobre você 8
graças especiais
e sobre o
seu pai que você ama mais que tudo 10.522 graças.
Dessas
graças que você hoje recebe, também, todas estas pessoas, todos
esses meus irmãos que eu tanto amo e que estão aqui também receberão.
Alegre
seu coração servo de Deus, servo da Imaculada, porque tudo isso
você merece e ainda muito receberá.
Eu,
Fernando, te amo, nunca te abandono sou um dos seus grandes
protetores e também um dos protetores do seu pai que também muito
amo. A ele dou agora a minha benção e sobre todos derramo agora a
minha paz!”
(Maria
Santíssima após abençoar e tocar os objetos santos):
“Conforme já disse, onde quer que um desses terços esteja,
ali eu
estarei
com
o
meu
filho
Fernando e a minha filha Santa Viviana,
levando as grandes graças do Senhor.
A
todos abençoo com
amor novamente para
que sejam felizes.
E
especialmente
a você meu querido
filhinho Eder,
o meu filho Fernando é o seu santo protetor e guardador juntamente
com o meu filhinho Geraldo.
Recorra
a eles com confiança e eles sempre te ajudarão. Reze-lhes e eles
sempre, sempre te ajudarão e te cumularão com as mais copiosas
bençãos do Senhor e do meu Coração.
A
todos abençoo novamente e deixo a minha paz.”
São Fernando de Castela
O santo rei vitorioso
As inspiradas páginas do Antigo Testamento exaltam a figura de seus monarcas, surgidos na história do povo eleito a partir da extinção do regime teocrático. Finda a era dos juízes com a rejeição de Samuel por parte do povo, Saul é ungido rei e, em seguida a este, Davi e Salomão. Sem dúvida, a estirpe de Jessé goza, até nossos dias, de uma aura não desmentida pelo valor de seus mais notáveis expoentes, pois o rei-profeta, seu sábio filho e tantos outros revelaram qualidades paradigmáticas, dignas de suscitar a admiração dos homens de todas as épocas.
Entretanto, o advento de Nosso Senhor Jesus Cristo e a subsequente consolidação da Cristandade trouxeram também novas dinastias, com seus respectivos soberanos, nobres e fidalgos. Tal como os governantes dos antigos tempos, muitos deles prevaricaram. Contudo, outros foram tão íntegros na fé e no exercício do direito, que não se mostram menos grandiosos se comparados com aqueles de outrora. É justo mencionarmos, junto aos nomes dos reis de Israel, os que subiram ao trono sob as bênçãos da Santa Igreja, e em cuja vida não encontramos nódoas, infidelidades ou ambições, mas sim o brilho fulgurante de uma acrisolada santidade.
São Fernando III, rei de Castela e Leão, conta-se entre os que hoje veneramos nos altares e admiramos na História com um deslumbramento semelhante ao despertado pelos antepassados do Messias. Ao conhecermos os feitos por ele empreendidos, sentimo-nos inclinados a exclamar como a rainha de Sabá: “Tua sabedoria e tua opulência são muito maiores do que a fama que havia chegado até mim” (I Rs 10, 7).
Infância marcada pela figura da mãe
Acompanhando o luminoso despontar do século XIII, que se abria carregado de promessas para o povo cristão, Fernando veio a este mundo numa data que os pergaminhos da época não lograram registrar. As hipóteses dos estudiosos oscilam entre os anos de 1198 a 1202, sem que por meio delas tenham chegado a uma conclusão absoluta. Já uma sólida tradição situa o local do nascimento como tendo sido junto a um cerro no trajeto entre Zamora e Salamanca, em meio a uma viagem empreendida por seus pais, razão pela qual o pequeno príncipe foi chamado carinhosamente de “o Montanhês”.
O que sabemos com toda certeza é haver sido marcado pelo selo do infortúnio o casamento real do qual nasceu São Fernando, pois seus pais, Afonso IX, de Leão, e Berenguela, de Castela, tiveram as núpcias anuladas pelo Papa Inocêncio III, por serem parentes próximos em grau proibido, segundo a legislação eclesiástica da época.
Assim, no ano de 1203, separaram-se os consortes e voltaram cada qual para seus domínios, tendo Dona Berenguela levado consigo Fernando, o filho herdeiro, e os outros três infantes — Constança, Afonso e Berenguela, pois a pequena Leonor falecera no ano anterior —, a fim de educá-los na corte de seu pai, Afonso VIII de Castela. Certamente pressentia a rainha mãe, dama de grandes dotes naturais e não menores virtudes, a decisiva responsabilidade depositada pela Providência em suas mãos naquela triste circunstância: seria ela a formadora de um varão predestinado, o qual não teria sido quem foi sem o seu magnífico exemplo de vida.
Fernando crescia sedento das coisas de Deus, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, que do mais alto dos Céus governa todo o orbe, e a respeito de Quem sua mãe contava belíssimas histórias, incitando-o a amar com ternura e a temer com humildade o Soberano da criação. Este Senhor, por amor ao gênero humano e desejo de redimi-lo, aceitara ser condenado à morte, coroado de espinhos e recebera como cetro uma cana, e era apresentado por Berenguela a Fernando como o arquétipo dos reis, divino modelo de justiça para um bom governante.
Suas admoestações não foram vãs, pois “as boas disposições do santo menino foram como a terra fértil do Evangelho, em que caiu a boa semente dos ensinamentos, exortações e exemplos da egrégia Dona Berenguela, destinada, assim como sua irmã Dona Branca na França, a dar à Espanha um santo rei”. 1
Soberano de Castela e Leão
A vida de corte em Castela transcorreu serena durante a infância de Fernando, que progredia na piedade, nas ciências e nas armas com uma desenvoltura propriamente régia, denotando pela perfeição dos atos exteriores a grandeza de seu coração. Sonhava em poder um dia construir belas igrejas à sua “Virgem Santa Maria” — realizando o sonho, de fato — e dispensava generosas esmolas aos pobres.
Passou cerca de um ano com seu pai em Leão, tendo regressado a Castela com a alma fortalecida pelo duro combate que a integridade na prática da virtude exigiu dele nesse período. De regresso ao território materno, Dona Berenguela preparou-lhe uma surpresa: ela tencionava proclamá-lo rei, abdicando à coroa que lhe cabia por herança após o falecimento do pai.
Procedeu-se, pois, à coroação do santo no ano de 1217, numa memorável cerimônia em Valladolid, acompanhada pela entusiástica adesão do clero, nobreza e povo do reino, os quais se sentiam encorajados à prática do bem pela figura encantadora do jovem monarca, cuja simples presença parecia atrair as bênçãos do céu e a paz para o reino. Bons presságios trazia aquele regente, no frescor da juventude e, ao mesmo tempo, na maturidade do espírito.
A missão da realeza — sempre considerada por ele como uma dádiva recebida de Deus e uma privilegiada oportunidade para glorificá-Lo, da qual prestaria severas contas no dia do Juízo — iniciou-se com dificuldades próprias a desanimar os espíritos pouco resolutos. Decidido a enfrentá-las até as últimas consequências, entregou-se à sua vocação com tanto ardor como o mais fervoroso dos frades num convento, e começou a desmelindrar os espinhosos assuntos de Estado, conforme ditava o dever.
Eis como uma das suas biógrafas descreve o prêmio dado por Deus aos seus esforços: “O rei Fernando, em seu incessante percurso pelo reino administrando justiça, cada vez ouvia menos querelas e mais bênçãos. Via sua Castela estancada do sangue das feridas feitas por tantas guerras, conflitos e alvoroços, forte e valente, desejando lançar-se de novo no rumo que Deus, árbitro supremo da História, havia lhe traçado”. 2
Falecido seu pai em 1230, obteve também a coroa de Leão, através de tortuoso caminho, envolvendo a renúncia ao trono por parte das infantas Sancha e Dulce, filhas do primeiro casamento de Afonso IX. Resolvida a questão da sucessão, graças ao auxílio divino e ao tino diplomático de Dona Berenguela, foi coroado rei leonês passados 13 anos da primeira aclamação, unindo de maneira definitiva ambos os Estados.
“Dominus adjutor meus”
Ao escolher o lema de seu escudo real, a preferência de Fernando recaiu sobre um trecho do Salmo 28: “Dominus adjutor meus” — “O Senhor é a minha força”, frase por meio da qual traduziu seu ideal de vida. Um profundo senso do divino animava o soberano, o qual deu-lhe, desde cedo, a convicção de que, sem a ajuda do Altíssimo, a sua mão não empunharia o cetro com a devida firmeza, nem conduziria o povo em conformidade com a sua vontade.
Impulsionado por uma cega — no entanto, paradoxalmente, quão lúcida! — confiança em Nosso Senhor, e por um amor incondicional a Ele, era considerado por todos como o melhor cristão do reino, tanto por sua fidelidade no cumprimento dos preceitos, como pela largueza de horizontes com que compreendia e praticava o Evangelho.
Reservava para a oração longas horas do dia. E quando elas não bastavam a seus anseios, avançava recolhido madrugada adentro, descansando apenas em colóquios com o seu “Conselheiro”, como chamava à relíquia do Santo Rosto de Cristo, hoje venerada na catedral de Jaén. Os membros da corte insistiram com ele, certa vez, para descansar mais, porém o santo teria respondido: “Se eu não velasse, como poderíeis vós dormir tranquilos?”.
Uma discreta suspeita, acompanhada de um burburinho que corria de boca a ouvido no reino, difundia o comentário de que o Senhor do véu falava com São Fernando, revelando-lhe mistérios do tempo e da eternidade. Ninguém se aventurava a perguntar detalhes a tal respeito. Não obstante, os fatos pareciam comprovar a pia desconfiança, pois os planos do rei, audaciosos, inusitados e até humanamente temerários, cumpriam-se com invariável êxito, parecendo sobrepujar os mais sagazes cálculos e se identificar com a vontade divina.
Jamais perdeu uma batalha
São Fernando viveu em plena Reconquista espanhola, numa época em que guiar os exércitos para a guerra era uma das principais obrigações dos reis, para a qual eram preparados desde a infância.
Tal situação fez dele um homem de armas. Suas campanhas militares iniciaram-se em 1224 e, a partir de 1231, continuaram sem interrupções até o momento da sua morte. Foram mais de 20 anos de esforço bélico durante o qual as hostes castelhanas recuperaram, entre outras, as cidades de Córdoba, Jaén, Sevilha e Múrcia.
As corajosas conquistas do Rei Santo ainda hoje infundem respeito nos maiores estrategistas, pois ele jamais perdeu uma batalha, por maiores que fossem as desproporções numéricas e de forças, fato que levou Inocêncio IV a chamá-lo de “campeão invicto de Jesus Cristo”.
Usando do seu poder a serviço do bem
Vendo seu poderio político e militar avantajar-se a cada dia, São Fernando teve virtude para não envaidecer-se por isso, tão certo estava de tudo lhe vir de Deus e a Ele pertencer. Dedicou-se a administrar sabiamente seus bens, dando a cada um o que era seu, e a Deus mais do que a todos.
Nesse intuito, beneficiou com largueza as obras espirituais e materiais da Igreja, lançando os fundamentos das catedrais de Toledo e Burgos, contadas entre as maiores joias góticas erigidas em solo espanhol. Ambas estão dedicadas a Nossa Senhora, a quem consagrava indescritível afeto.
O povo, vendo-se amparado em suas necessidades de maneira tão extraordinária pelo rei, tinha por ele um entusiasmado e filial devotamento. Narra o historiador Weiss que “ele próprio visitava seus estados, ouvia os pleitos e os sentenciava […]. Em seu longo reinado favoreceu sempre ao pobre, contra as injustas pretensões dos ricos, e este ponto estava tão marcado em sua consciência, que chegou a ter em seu palácio de Sevilha uma pequena grade nas salas de audiência para ver bem se os juízes atuavam com retidão”. 3
Mesmo seus inimigos aprenderam a admirá-lo, até o ponto de príncipes e reis abraçarem pelo seu exemplo a verdadeira Fé. Foi o caso do rei valenciano Abu Zayd, que recebeu o Batismo alguns anos depois do encontro com São Fernando. “Começou amando o cristão e terminou amando a Cristo”, 4 comenta espirituosamente uma das autoras consultadas.
O povo encheu-se de respeito por ele
Na hora de sua morte, ocorrida em Sevilha no dia 30 de maio de 1252, ele fechou sereno os olhos para este mundo, pronto para encontrar-se com seu Senhor, após ter feito render os talentos d’Ele recebidos. De fato, afirma um célebre historiador ibérico, “nenhum príncipe espanhol, desde o oitavo até o décimo terceiro século, tinha recolhido tão rica herança como a legada por São Fernando a seu filho primogênito Afonso”. 5
Na catedral sevilhana, sob o maternal olhar da padroeira da cidade, a Virgem dos Reis, está conservado seu corpo, com uma placa onde se lê em espanhol antigo o seguinte epitáfio: “Aqui jaz o muito honrado Rei Dom Fernando, senhor de Castela e de Toledo, de Leão, de Galícia, de Sevilha, de Córdoba, de Múrcia e de Jaén, o que conquistou toda a Espanha, o mais leal, o mais verdadeiro, o mais franco, o mais esforçado, o mais garboso, o mais ilustre, o mais sofrido, o mais humilde, o que mais temeu a Deus, o que mais Lhe prestava serviço, o que abateu e destruiu todos os seus inimigos, o que elevou e honrou todos os seus amigos, e conquistou a cidade de Sevilha, capital de toda a Espanha”.
A nobreza de sua alma tornou-o merecedor de tais elogios, porque São Fernando é “um desses modelos humanos que conjugam em alto grau a piedade, a prudência e o heroísmo; um dos enxertos mais felizes, por assim dizer, dos dons e virtudes sobrenaturais nos dons e virtudes humanos”. 6
Embora seus súditos tenham-no celebrado em vida com justa veneração, o transcurso do tempo foi delineando sua estatura como exemplo de virtudes, razão pela qual o povo cristão de todas as épocas “encheu-se de respeito por ele, pois via-se que o inspirava a sabedoria divina para fazer justiça” (I Rs 3, 28).