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22.06.2012 - FESTA DAS SANTAS CHAGAS DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E DAS MÍSTICAS CHAGAS DA SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA

Desejo que a festa das Minhas Santas Chagas seja celebrada por todos em vós em vossas famílias... Minha Mãe mandará este NOSSO servo (Marcos Tadeu) compor uma Ladainha em Honra das Minhas Santas Chagas, bem como uma Novena, para que a leveis no próximo mês... e então, Eu lhes darei a Minha Benção e a Minha Paz... o Meu Sangue ungirá e Se derramará sobre as famílias que a fizerem... a todos hoje abençoo...” (NOSSO SENHOR JESUS CRISTO – Maio/2002) 








No dia 15 de junho de 2002 (22 de junho deste ano 2012), será celebrada, por ordem de Nosso Senhor e Nossa Senhora nas Aparições de Jacareí, a Festa das Chagas de Nosso Senhor Jesus e de Maria Santíssima. Como foi pedido, essa festa deverá ser celebrada em família. Portanto, que se faça a Novena, a Ladainha e o Terço das Santas Chagas durante os nove dias precedentes, e várias vezes no dia da festa. Que se leiam e meditem também as várias Mensagens que Nosso Senhor e Nossa Senhora deram sobre as Suas Santas Chagas, sobre o Terço e a Festa, para que nossas almas estejam completamente absortas do Espírito desta Festa no dia da mesma. Para os nove dias da Novena, que vão do dia 07 de Junho ao dia 15 de Junho de 2002 (13 de Junho ao dia 21 de Junho de 2012), Nossa Senhora recomendou que fosse rezada a Via Sacra das Santas Chagas (página 992 do livro das Aparições de Jacareí). (Texto extraído do Jornal Mensal das Aparições de Jacareí – Maio de 2002)
















NOVENA DAS SANTAS CHAGAS DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
DE: 13 A 21 DE JUNHO DE 2012

Via Sacra das Santas Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo

1º Estação:Jesus é condenado à Morte
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, flagelado, coroado de espinhos, repudiado por Seu povo e condenado à morte cruel e ignominiosa na Cruz, para expiar os pecados do gênero humano. Pelos Méritos das Chagas de Jesus, concedei-nos o perdão de nossos pecados e faltas, e fazei com que os agonizantes achem Misericórdia junto de Vós. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
2º Estação:Jesus carrega a Cruz para o calvário
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço a Chaga profunda e dolorosa do Santo Ombro de Jesus, sobre a qual se apoiava tão pesadamente o fardo esmagador da Cruz. Pelos Méritos desta Chaga, concedei-nos a contrição perfeita de nossos pecados e a Graça de aceitarmos com Paz e mansidão de espírito todas as cruzes que Vos aprouver enviar-nos. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
3º Estação:Jesus cai pela primeira vez
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo , caído sob o peso esmagador da Cruz. Pelos Méritos desta primeira queda e das Santas Chagas de Jesus, eu Vos peço que nos concedais a Graça de começar uma nova vida de fervor e de amor, e de andar com passo firme e constante no caminho dos Vossos Mandamentos. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
4º Estação:Jesus encontra-se com Sua Mãe Dolorosa
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, que transpassaram com uma espada de Dor o Coração Amantíssimo de Sua Santíssima Mãe, quando Ela O encontrou carregado a Cruz a caminho do Calvário. Pelos Méritos da angústia dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, e pelas Santas Chagas de Jesus, concedei-nos a contrição perfeita de nossos pecados, agora e na hora de nossa morte. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
5º Estação:Jesus é ajudado pelo Cirineu
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Santas chagas tão profundas de Nosso Senhor Jesus Cristo que Lhe esgotaram o Sangue e as forças de modo que Seus inimigos, apesar de sua crueldade, foram obrigados a fazer com que o Cirineu O ajudasse. Pelos Méritos das Santas Chagas de Jesus e por Seu esgotamento total, concedei-nos o verdadeiro espírito de penitência, e de amor à Santa Cruz. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
6º Estação:Verônica enxuga o rosto de Jesus
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas da Santa Face de Jesus, que O tornaram semelhante a um leproso, disforme e sem beleza, ou segundo a palavra do profeta: " como um objeto de quem agente se afasta... como alguém de quem se vira o rosto!" Pelos Méritos das Santas Chagas de Jesus, purificai , eu Vos suplico, a face de minha alma e dai-me como a Santa Verônica , um coração bom e compassivo para com o próximo. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
7º Estação:Jesus cai pela segunda vez
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, reabertas e reavivadas por suas quedas repetidas. Pelos Méritos desta segunda queda tão dolorosa e das Santas Chagas de Jesus, preservai-me das reincidências no pecado, e concedei-me a Graça de por em prática os meios eficazes que a Vossa Misericórdia me concede, para me corrigir de meus defeitos e maus hábitos. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
8º Estação:Jesus consola as mulheres
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, comoveram as piedosas mulheres de Jerusalém que choravam de compaixão vendo-O tão maltratado e desfigurado. Em nome das Santas Chagas de Jesus, volvei um olhar de Misericórdia sobre os filhos de Israel, a fim de que reconhecendo O seu Divino Messias, tenham parte no Grande Benefício da #0000FFenção, e se tornem apóstolos zelosos de Cristo. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
9º Estação:Jesus cai pela terceira vez
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, agravadas e aumentadas pela violência desta queda tão Dolorosa, que excitou a cólera e zombaria de Seus inimigos. Pelos Méritos desta Terceira Queda e das Santas Chagas de Jesus, preservai-me da cegueira espiritual e concedei a todos os Vossos Sacerdotes, aos Vossos Religiosos e Religiosas a Graça de andar com passo firme e constante no caminho da abnegação e da renúncia a si próprios. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
10º Estação:Jesus é despido de Suas vestes
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas abertas do Sagrado Corpo de Jesus, gotejando Sangue, depois de ser desumanamente despojado de Suas vestes que estavam coladas a Sua Carne. Pelos Méritos das Santas Chagas de Jesus e da confusão que experimentou, concedei-me a Santa Humildade e um completo desapego de mim mesmo. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
11º Estação:Jesus é pregado na Cruz
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas tão torturantes das Mãos e dos Pés de Nosso Divino Salvador, e a dor de Sua Cabeça Adorável que a cada golpe do martelo pulava e recaía com toda a força de encontro ao madeiro da Cruz. Pelos Méritos das Dores indescritíveis de Jesus, e pelas Sua Santas Chagas, transpassai com um raio de Vossa Graça os corações endurecidos dos infiéis e dos pecadores obstinados, e conduzi todos, contritos e humilhados, aos pés da Cruz de Vosso Filho Bem Amado. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
12º Estação:Jesus morre na Cruz
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas Sagradas de Vosso Filho Bem Amado, agonizando sobre a Cruz, as torturas lancinantes de Sua Cabeça adorável, Coroada de Espinhos , de Suas Mãos e Seus Pés transpassados por grossos cravos, e de Seu Corpo todo entregue a sofrimentos indescritíveis. Em nome e pelas Santas Chagas de Jesus, livrai , nós Vos suplicamos, as almas do Purgatório; fazei Misericórdia aos agonizantes e fazei desaparecer todos os nossos pecados no abismo insondável de Vossa Divina Misericórdia. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"

13º Estação:Maria recebe em Seus Braços Nosso Senhor todo chagado e transpassado pela lança
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, deposto nos Braços de Sua Mãe Santíssima. Ó Rainha dos Mártires , imprimi em meu coração as Chagas de Jesus Crucificado. Ensinai-me a meditar como Vós , Sua Coroa de Espinhos, Suas Mãos e Pés transpassados, Seu Lado aberto pela lança, e Seu corpo inteiro pisado , lavrado pelas chicoteadas da flagelação. Pelos Méritos das Santas Chagas de Jesus, alcançai-me Ó Mãe Querida, a contrição perfeita de meus pecados, agora e na hora da morte. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
14º Estação:Nossa Senhora acompanha Seu Divino Filho à sepultura
"Nós Vos adoramos, Ó Cristo e Vos bendizemos, porque pela Vossa Santa Cruz Remistes o mundo."
Pai Eterno, eu Vos ofereço as Chagas do Corpo Sagrado de Jesus, deposto no sepulcro; desse Corpo a respeito do qual , o profeta Isaías nos diz que " das planta dos Pés ao alto da Cabeça, nada tinha de são... era todo ferido, magoado de Chagas Vivas que não foram tratadas , nem curadas, nem abrandadas com óleo." Pelos Méritos das Santas Chagas de Jesus, tende piedade de minha alma quando ela se separar de meu corpo. Não sejais o meu Juiz, mas meu Salvador. Amém.
"Senhor Jesus, perdão e Misericórdia pelos méritos de Vossas Santas Chagas!"
Oração Final: " Amabilíssimo Jesus, meu Deus e Salvador, única felicidade de minha alma, confesso que ainda que eu Vos amasse com o amor que Vos tem os Serafins , não corresponderia ao Amor com que por mim derramastes o Vosso Preciosismo Sangue e destes a Vossa Santíssima Vida. Mas, ai de mim que até agora só Vos tenho ofendido por minha grande culpa! Ofereço-Vos , Redentor Amabilíssimo, esta breve meditação da Vossa Sagrada Paixão e Morte, em prova do meu amor e da minha gratidão, em união com a compaixão de Vossa Bendita Mãe e de todos os Santos e Anjos. Abençoai os bons propósitos que fiz nesta Via Sacra. Amém."







LADAINHA DAS SANTAS CHAGAS DE NOSSO SENHOR
E DAS MÍSTICAS CHAGAS DE NOSSA SENHORA

Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, ouvi-nos.
Cristo, atendei-nos.
Deus Pai, Rei dos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do Mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, que Sois Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que Sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santíssima Virgem Maria, Mãe das Dores, rogai por nós.
Santa Marta de Chambon, rogai por nós.
Chagas de Cristo e de Maria, fonte de Eterna Misericórdia, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, rio de Vida e Graça, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, propiciação por nossos pecados, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, nosso remédio Divino e salutar, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, fonte de Amor e de Salvação, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, tesouro inestimável de Graça, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, terror dos Demónios, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, que aplacais a Justa Ira de Deus Pai, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, que cancelais os Castigos Divinos, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, que destruís os planos do Demónio, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, que suscitais Santos e Mártires, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, salvação dos pecadores, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, nossa força e protecção, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, reveladas à Irmã Marta Chambon, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, penhor de salvação, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, que mudais o destino do mundo, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, força no meio da tentação, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, nosso encanto e alegria, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, Segredo de Amor e Santidade, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, salvação das famílias e da Santa Igreja, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, força dos Santos e coragem dos Mártires, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, conforto dos agonizantes, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, alivio das santas almas do Purgatório, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, reveladas em Jacareí, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, Devoção renovada em Jacareí, curai as chagas de nossas almas.
Chagas de Cristo e de Maria, Devoção dos 'últimos tempos', curai as chagas de nossas almas.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, pelas Vossas Santas Chagas, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, pelas Vossas Santas Chagas, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, pelas Vossas Santas Chagas, tende piedade de nós, Senhor!
Virgem Co-Redentora com o Redentor, pelos Méritos Infinitos das Vossas Místicas Chagas, rogai a Vosso Filho por nós.
Oremos: Ó Deus e Senhor Nosso, que por meio das Aparições de Vosso Filho Jesus Cristo e da Santíssima Virgem Maria à Bem-aventurada Irmã Marta de Chambon, e das Aparições de Jacareí, nos revelastes o 'tesouro inestimável' das Santas Chagas de Vosso Filho e das Chagas Místicas de Maria Santíssima, Mãe de Deus, concedei-nos que, em virtude e por meio destas mesmas Chagas, nós sejamos curados de nossas chagas espirituais e temporais, e cheguemos por Sua Virtude e Eficácia Eterna, à Glória da Salvação. AMEM.








 TERÇO DAS SANTAS CHAGAS MEDITADO - REVELADO À VIDENTE IRMÃ MARTA CHAMBON - REZAR TODOS OS DIAS


ROSÁRIO DAS SANTA CHAGAS DE JESUS
(Breve histórico e Origem)
Foi Nosso Senhor Jesus Cristo mesmo quem ensinou estas duas invocações indulgenciadas à Irmã Maria Martha Chambon, morta em odor de Santidade em 21/03/1907, no Mosteiro da visitação de Chamberry. Nosso Senhor fez à Irmã Martha, em favor das almas que rezarem estas invocações, PROMESSAS consoladoras e magníficas. Ouçamos o DIVINO Mestre:

“Minhas Chagas repararão as vossas... Os que As honrarem, terão verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo...
Minhas Chagas cobrirão todas as vossas faltas... meditando sobre elas, encontrareis sempre novo alimento de AMOR! É necessário propagar esta devoção...
Concederei tudo quanto me pedirem com a invocação de Minhas Chagas... Obtereis tudo, porque o Mérito do Meu SANGUE é de um valor infinito...
Com Meu Coração e Minhas Chagas, podeis conseguir tudo!
Este Rosário das Chagas faz contrapeso à Minha Justiça. A cada Palavra Eu deixo cair uma ‘gota’ do Meu SANGUE’, sobre a alma de um pecador.
Deveis repetir com frequência junto dos doentes esta aspiração:
“Meu Jesus, perdão e Misericórdia, pelos méritos das Vossas Santas Chagas!”
Esta oração aliviará a alma e o corpo...
Muitas pessoas experimentarão a eficácia destas aspirações! Desejo que os Sacerdotes a dêem com frequência aos penitentes no Santo Tribunal. O pecador que disser a oração seguinte:
“Pai Eterno, eu vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, para curar as de
nossas almas...”
alcançará perdão... oferecei-Me a miúdo estas duas aspirações, para ganhar-Me pecadores porque tenho  fome de salvar almas...
Uma alma que em estado de Graça, durante a vida honrar e meditar sobre as Minhas Chagas, e oferecê-LAS ao Meu Pai pelas almas do Purgatório, será acompanhada, no momento da morte, pela Santíssima Virgem, pelos Anjos e por Mim pregado à Cruz, resplandecente de Glória... recebe-la-ei e coroá-la-ei...
As graças que recebeis por meio destas invocações são Graças de FOGO!... Elas vêm do Céu, e é preciso que voltem ao Céu...”
No lugar do Credo reza-se
Ó Jesus, DIVINO Redentor, tende Misericórdia de nós e do mundo inteiro... Amém
Nas 3 primeiras contas
1ª DEUS Santo, DEUS Forte, DEUS Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro!...
2ª Graça! Misericórdia meu Jesus! Nos perigos presentes, cobri-nos com Vosso Preciosíssimo SANGUE...
3ª Pai Eterno, tende Misericórdia de nós pelo SANGUE de Jesus Cristo, Vosso Filho ÚNICO! Tende Misericórdia de nós, VOS suplicamos!
Amém. Amém. Amém.

Nas contas grandes
Pai Eterno, eu VOS ofereço as Santas Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, para curar as de nossas almas...

Nas contas pequenas
Meu Jesus, perdão e Misericórdia pelos Méritos de Vossas Santas Chagas...

Nas 3 últimas contas
Pai Eterno, eu VOS ofereço as Santas Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, para curar as de nossas almas...
Amém





APARIÇÕES DE JESUS A MARTA CHAMBOM-VOL-1

REVELAÇÃO A DEVOÇÃO ÀS SANTAS CHAGAS

(Documentário das Aparições de Jacareí)






APARIÇÕES DE JESUS À MARTA CHAMBOM-VOL-2

DEVOÇÃO ÀS SANTAS CHAGAS DE JESUS

(Documentário das Aparições de Jacareí)






VIA SACRA DAS SANTAS CHAGAS-SANTUÁRIO DAS APARIÇÕES DE JACAREÍ/SP-BRASIL




Jacareí, 10 de maio de 2002 
Mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo

Meu filho, diga aos Meus filhos que Eu desejo que contemplem as Minhas Santas Chagas, e as Santas Chagas Místicas da Minha Santa Mãe constantemente, e que tirem Delas as Graças e Tesouros para suas vidas...
As Minhas Santas Chagas são um 'manancial de Graças sem fim', e por mais que bebam e retirem Delas as Graças do Meu Amor, jamais poderão esgotá-las ou torná-las estéreis...As Minhas Santas Chagas são uma 'fonte de Graças tão grande', que, por mais que uma alma bebe Nelas, jamais poderão saciar a sua sede do Meu Amor e da Minha Misericórdia, e sempre desejarão beber mais, e, quanto mais beberem, mais Eu ainda lhes darei... Este ciclo de Amor jamais cessará, pois Eu desejo inebriar as almas deste Meu Amor, e fazê-las mesmo mergulhar no 'Oceano do Meu Eterno Amor'...Eu desejo que as almas se lancem de tal forma no Oceano do Meu amor, que se percam Nele, e nunca mais Dele saiam... e para isso, o meio que Eu lhes dou é a Veneração e a Oração às Minhas Santas chagas e às Santas Chagas da Minha Mãe...As Minhas Santas Chagas são um 'bálsamo' que cada vez mais desejo derramar sobre as vossas almas, tão feridas pelos ataques do maligno... tão desfiguradas pelo pecado... tão abatidas pelo sofrimento...
As Minhas Santas Chagas são um 'celeiro inesgotável' de lições de Amor, de doação, de Amor ao sofrimento, de abnegação, de obediência à Vontade Divina...As Minhas Santas Chagas são um 'raio de Luz' que desce para a terra, a fim de rasgar as densas nuvens de pecado que a recobrem, e para iluminar as almas perdidas e obscurecidas pelo mal, de forma que ainda possa 'brilhar' no mundo a Luz da Verdade, da Graça e da Salvação...
Rezai... rezai... Venerai as Nossas Santas Chagas... Pedi ao Amantíssimo Coração de São José que vos ajude a Venerar as Nossas Santas Chagas... A todos hoje vos abençôo...




Jacareí, 06 de maio de 2002  
Mensagem do Santo Anjo da Paz

"As Santas Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo e de Maria Santíssima têm um valor infinito... Ainda que fizessem um ato tão meritório como o de uma década de jejum a pão e água, ou outra coisa de inestimável valor, não poderiam satisfazer ou oferecer algo ao Pai Eterno de tão elevado valor como as Santas Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, e as Santas Chagas Místicas de Maria Santíssima...Marcos, diga a todos que repitam constantemente estas duas invocações: PAI ETERNO, EU VOS OFEREÇO AS SANTAS CHAGAS DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, PARA CURAR AS DE NOSSAS ALMAS..." E também: "MEU JESUS, PERDÃO E MISERICÓRDIA, PELOS MÉRITOS DE VOSSAS SANTAS CHAGAS..."
Todas as vezes que rezarem estas duas orações, uma 'gota' de Sangue das Santas Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo, e uma Lágrima de Sangue de Maria Santíssima cairá sobre a alma de um pecador... Ofereçam-Nas também pelas Almas do Purgatório, a fim de que sejam diminuídas as suas penas, e elas possam libertar-se de sua prisão e assim voar para a felicidade celeste... O mundo encheu-se de chagas, causadas pela intensa atividade de Satanás, que fez com que os homens caíssem em pecados, fazendo a humanidade parecer-se com uma leprosa, replete de chagas e em estado de decomposição, ainda sem vida... Portanto, para que sejam curadas estas 'chagas espirituais e morais', é preciso que se ofereça as Santas Chagas de Nosso Senhor e da Virgem Santíssima incessantemente ao Altíssimo, para aplacar a Sua Justa Cólera, e alcançar misericórida... Marcos, esta é a sua Missão: espalhar, pela palavra escrita e falada, esta Devoção salutar e indispensável às almas destes tempos, pois o mundo precisa de almas que ofereçam as Santas Chagas em favor da raça humana... Empregue, portanto, todas as suas forças neste Santo trabalho e ofício, pois isto dará maior Glória a Deus, do que se você tivesse pregado e feito os maiores milagres em todo o mundo...
Diga a todos que rezem muitos Terços das Santas Chagas, pois somente desta forma o Altíssimo poderá perdoar os pecados do mundo, aniquilar os planos de satanás, e impedir a extinção da raça humana..."





V. + J.

Irmã Maria-Marta Chambon

Da Visitação de Santa Maria de Chambéry

AS SAGRADAS CHAGAS DE N. S. J. CRISTO


5ª Edição

Mosteiro da Visitação
10, RUA BURDIM, CHAMBÉRY

1926

Deposito em Tuy: Mosteiro da Visitação
Corredera, 43

Direitos reservados

……………………………..

Chambéry, 21 de Novembro de 1923.

Por Ordem de S. G. Monsenhor Castellan, li o livro intitulado: A Irmã Maria Marta Chambon e as Santas Chagas de N. S. J. C., e não encontrei nada nêle que não possa dizerse em conformidade de fé e de costumes com a doutrina da nossa Mãe, a Santa Igreja.

FR. BOUCHAGE, C. SS. R.
Censor.

IMPRIMATUR:
Chambéry, 21 Nov. 1923.

+ DOMINICUS,
Archiep. Camberiensis.

...............................................

No relato dos factos contidos neste opúsculo e na escolha das expressões, declaramos que não queremos antecipar-nos em nada, ao juízo da Santa Igreja, nossa Mãe, à qual estamos consagradas e submetidas do mais íntimo dos nossos corações.

A Superiora e as Religiosas do Mosteiro da Visitação de Santa Maria de Chambéry.

Deus seja bemdito!

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Do Vaticano, 18 de Maio de 1924.

Reverendíssima Madre

Recebi o pequenino volume intitulado: A Irmã Maria Marta Chambon que me enviastes para o apresentar, em humilde homenagem, ao Santo Padre. Apresso-me a dizer·vos que Sua Santidade testemunhou por isso contentamento e comprazeu-se nesta obrasinha. O Augusto Pontífice faz votos para que as virtudes e a vida exemplar desta religiosa e fiel Serva de Deus sejam largamente difundidas e conhecidas, a fim de estimular as almas a caminharem pelas vias da perfeição. Regozija-se com o autor, enviando-lhe, assim como às suas irmãs, a Bênção Apostólica. Emquanto a mim aproveito, com muito gôsto, esta ocasião para agradecer-vos o exemplar que vos dignastes enviar-me e para vos apresentar, minha Reverenda Madre, as minhas respeitosas homenagens, subscrevendo-me, vosso muito dedicado

P. CARDEAL GASPARRI.

…………………………………………..

ARCEBISPADO DE PISA

Minha Reverendíssima Madre

Depois das augustas palavras do Santo Padre, tudo o que se diga é supérfluo! Que me seja permitido, comtudo, dizer ao menos uma palavra para mostrar o meu regozijo pelos radiosos auspícios sob os quais a querida publicação progride em seu caminho e - di-lo-hei abertamente - em seu apostolado. Eu creio - e o meu coração sente-o vivamente - as curtas páginas que resumem a edificantíssima vida da Irmã Maria Marta Chambon, são verdadeiramente o grãosinho de mostarda que se desenvolverá tornando-se rápidamente uma grande árvore. Serão numerosas as àvesinhas que virão aí buscar o seu alimento e fazer nela o seu ninho. Sofre-se tanto no mundo onde se multiplicam as dôres e onde diminuem, de dia para dia, a resignação e a sciência da dôr! Já não se sabe explicá-la, apreciá-la, suportá-la, aliviá-la. Que venham pois as lições práticas duma alma na qual as Santas Chagas derramaram tanta luz, tanta consolacão! Que essas lições ensinem a todos os que choram, que com elas toda a lágrima é enxuta, consolada, e esperamos que seja transformada no Eterno sorriso. A vós, minha Reverenda Mãe, e a todas as Irmãs dessa excelente Comunidade, a bênção do vosso agradecido

+ T. CARDEAL MAFFI.

Pise, Ascensão de 1924.

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Livro:
"Irmã Maria Marta Chambon
da Visitação de Santa Maria de Chambéry
e

As Sagradas Chagas de N.S.J.Cristo"
  
  
  
  
  
  
  
  


ARCEBISPADO DE CHAMBÉRY

Chambéry, 9 de Julho de 1924.

A brochura -Irmã Maria Marta e as Santas Chagas- espalha-se no mundo piedoso com um verdadeiro sucesso de edificação. Felizes nós que vemos assim Nosso Senhor mais amado e implorado com mais fervor. Que os males da nossa Sociedade achem um remédio nas Chagas do nosso Salvador! Será para nós uma grande alegria o vêr que uma modesta flôr do nosso território salesiano tenha assim contribuído para embalsamar as chagas do mundo pelo recurso às divinas Chagas de Jesus.

+ DOMINIQUE CASTELLAN
Arcebispo de Chambery.

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Ex.mo e Rev.mo Sr.

As Irmãs da Visitação de Santa Maria, do Mosteiro de S. Miguel de Tuy, que antes do novo regímen, residiram no Mosteiro de S. Miguel das Aves, desta arquidiocese e donde irradiou a luz da verdade para tantas inteligências incultas e o suave perfume da piedade para tantas almas frias e transviadas, educando centenares de meninas que são hoje excelentes espôsas, dedicadas mães cristãs e muitas abraçaram a vida religiosa, seguindo o caminho da perfeição, traduziram o opúsculo -Irmã Maria Marta Chambon (da Visitação de Santa Maria de Chambéry) e as Sagradas Chagas de N. S. J. Cristo, acrescentando-lhe uns - Breves Esclarecimentos sôbre a Ordem da Visitação - que sao uma luminosa síntese das Regras e Constituïções, dadas pelos seus Santos Fundadores - S. Francisco de Sales e Santa Joana Chantal.

Li com atenção e cuidado os dois opúsculos que formam um só livro precioso, que merece não só a aprovação de V. Ex.ª Rev.ma, mas ainda uma recomendação especial, porque a difusão e o conhecimento das consoladoras doutrinas expostas com tanta simplicidade para afervorar a devoção às Chagas de N. S. J. Cristo hão-de ser um bálsamo e um confôrto para os que sofrem e também a “comunicação do espírito da Visitação”, que é o espírito de bondade e doçura, de mortificação e de sacrifício, nesta sociedade mundana de egoísmos e ódios, de gosos e prazeres, há-de contribuir eficazmente para a salvação de muitas almas e para a honra e glória de Deus.
Braga, 29 de ]aneiro, día de S. Francisco de Sales, de 1927.

o revisor - CÓNEGO L. ALMEIDA.

IMPRIMI PERMITTITUR ET COMMENDATUR.

Bracharae, in Festa Purificationis B. M. V., die 2 Februarii 1927.

CORRÊA SIMÕES,
Vicarius Generalis.

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V. + J.

AO LEITOR

Não é outro o intento que nos move a publicar - na nossa dôce e formosa língua - o presente opúsculo, senão o de ajudarmos as almas a compreenderem melhor o amor ardente que o Coração de Jesus para com elas encerra e a aproveitarem-se dos méritos infinitos que temos nas suas Sacratíssimas Chagas. - Nosso Senhor, deu o seu Coração adorável á sua pequenina Visitação para que ela estendesse, pelo mundo inteiro, os frutos preciosíssimos dessa árvore de vida. E aquela queixa que ao receber êsse Coração, “ardendo em chamas e encimado por uma cruz”, ouviu um dia a nossa Santa Irmã Margarida Maria: “Eis aqui êste Coração que tanto amou os homens e dos quais é tam mal correspondido”, resoando sempre em nossos corações qual éco dulcíssimo, recorda-nos, constantemente, a nossa sublime missão: “sermos as consoladoras das agonias e das dôres dêsse amabilíssimo coração”. Se a isso juntamos ainda a missão que nos confiou o nosso Santo Fundador - S. Francisco de Sales - escrevendo no Iº  Livro das nossas Santas Regras estas sublimes palavras: “Que toda a sua vida e exercícios sejam para se unirem com Deus, para ajudarem com as suas orações e bons exemplos a Santa Igreja e a salvação das almas” compreender-se-ha o porque nos pareceu sermos chamadas a dar a conhecer na nossa humilde terra - o Portugal querido - as consoladoras palavras e as dulcíssimas promessas que o nosso Salvador se dignou fazer-nos por meio doutra alma privilegiada da Visitação, florinha humilde do jardim de S. Francisco de Sales. Essa alma tam favorecida de dons sobrenaturais, é a Irmã Maria Marta Chambon, a quem Nosso Senhor dizia: “Escolhi-te para despertar a devoção à minha Sagrada Paixão, nos desgraçados tempos em que viveis.”

Todos os que lerem estas páginas encontrarão nelas luz, consolação, fortaleza e esperança dulcíssima, que os fará exclamar com S. Bernardo: “O' Jesus, as tuas Chagas são meus méritos!”

Assim, pois, neste dia da exaltação da Santa Cruz, depomos aos pés de Nosso Senhor Crucificado o nosso modesto trabalho para que Ele o abençoe, pedindo-Lhe nós, ao mesmo tempo, que nestas páginas venham beber milhares de almas o amor e a devoção às suas Sagradas Chagas, as quais, segundo a divina Promessa, “repararão as nossas”.

As Irmãs da Visitação de Santa Maria, do nosso Mosteiro de S. Miguel. - Tuy, 14 de Setembro de 1926, festa da exaltação de Santa Cruz.

D. S. B.

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1ª PARTE

A Irmã Maria Chambon e as Sagradas Chagas de N. S. Jesus Cristo



Sua infância e juventude


Francisca Chambon nasceu duma família de agricultores, modesta mas cristã, na aldeia de Croix-Rouge, perto de Chambéry, no dia 6 de Março de 1841 (*). No mesmo dia recebeu o santo baptismo, na Igreja paroquial de S. Pedro de Lemenc. Aprouve a Nosso Senhor revelar-se muito cêdo a esta alma inocente. Quando Francisca tinha nove anos, levando-a uma sua tia à adoração da cruz, numa sexta feira santa, viu Jesus Cristo lacerado, ensanguentado, como no Calvário. “Oh! em que estado o vi!”... dirá ela mais tarde. Foi esta a primeira revelação da Paixão do Salvador, que devia ocupar tanto lugar na sua existência. Mas nos seus tenros anos, foi sobretudo favorecida pelas visitas do Menino Jesus. No dia da sua primeira Comunhão, veio a ela visìvelmente; e desde então, em todas as Comunhões, até à morte, será sempre Jesus Menino que ela verá na Santa Hóstia. Jesus tornou-se o companheiro inseparável da sua juventude, seguia-a ao trabalho, nos campos, conversava com ela pelos caminhos e acompanhava-a à casa paterna. “Estávamos sempre juntos... oh! como eu era feliz! tinha o Paraíso no coração!...” dizia ela recordando, no fim da vida, estas longínquas e dulcíssimas lembranças. Na época dêstes precoces favores, Francisca nem pensava em contar a sua vida de familiaridade com Jesus: contentava-se em gozá-la, julgando ingènuamente que toda a gente possuía o mesmo privilégio. Contudo, a pureza e o fervor desta menina não podiam passar despercebidos ao digno Pároco da frèguesia: e por isso dava-lhe freqüentemente a Sagrada Comunhão. Foi também êle que nela descobriu a vocaçao religiosa e a foi apresentar ao Mosteiro da Visitação.
(*) A data correta é 6 março 1841.

Primeiros anos de vida religiosa


Francisca Chambon tinha 18 anos quando entrou no Mosteiro da Visitação de Santa Maria de Chambéry. Dois anos mais tarde, na festa de Nossa Senhora dos Anjos,- 2 de Agosto de 1864, - pronunciou os santos votos, tomando lugar, definitivamente, entre as Religiosas de véu branco (leigas), com o nome de Irmã Maria Marta. Nada, exteriormente, fazia prever coisa alguma, em favor da nova espôsa de Jesus. A beleza da filha do Rei era verdadeiramente toda interior... Deus que, indubitàvelmente se reservava compensações, tinha, no que respeita aos dons naturais, tratado a Irmã Maria Marta com verdacleira parcimónia!... Maneiras e linguagem rústicas, inteligência quási medíocre, que nenhuma cultura, nem sequer sumária, viera desenvolver: a Irmã Maria Marta não sabia ler nem escrever (1); sentimentos que só se elevavam sob a influência divina; um temperamento vivo e um pouco tenaz; as suas Irmãs bem o dizem sorrindo: “Oh! era uma santa! mas uma santa que por vezes nos exercitava!...”

(1) Importa nunca perder de vista esta completa ignorância da Maria Marta: dum lado ficaremos maravilhados por achar tanta “exactidão doutrinal e precisão de expressões” numa pessoa de tam pouca cultura; doutro, desculparemos fàcilmente o que houver a desejar em certos “pormenores que se não relacionam com a substância das coisas”.
(Apreciação do R. Pe. Mazoyer, S. J.)

A “Santa” bem o sabia! E com uma candura comovedora, queixava-se a Jesus por ter tantos defeitos: “As tuas imperfeições, respondia Êle, são a maior prova de que tudo o que se passa em ti vem de Deus. Eu nunca tas tirarei; elas são a cobertura que esconde os meus dons. Desejas muito ocultar-te? Eu ainda o desejo mais do que tu!...”

Ao lado dêste retrato, gostaríamos de colocar outro, com traços mais atraentes. Sob estas aparências menos lisongeiras, a observação mais atenta das Superioras, em breve adivinhou, e depois descobriu, uma fisionomia moral já muito bela, embelezando-se todos os dias sob a acção do Espírito de Jesus. Notam-se aqui traços marcados com êsses sinais infaliveis que revelam o Artista divino... e revelam-no tanto melhor quanto os senões da natureza não desapareceram: nesta inteligência tam apagada, quantas luzes, quantas vistas profundas! neste coração sem cultura natural, que inocência, que fé, que piedade, que humildade, que sêde de sacrificio! Bastará agora recordar o testemunho da sua Superiora, a muito Respeitável Madre Tereza Eugénia Revel: “A obediência é tudo para ela. A candura, a rectidão, o espírito de caridade que a anima, a sua mortificação e, sobretudo, a sua humildade sincera e profunda, parecem-nos as garantias mais certas da acção de Deus sôbre esta alma. Quanto mais recebe, mais entra num verdadeiro desprêzo de si mesma, estando quási sempre esmagada pelo temor de estar na ilusão. Dócil aos conselhos que lhe dão, as palavras do Sacerdote e da Superiora, teem um grande poder para lhe dar a paz... O que sobretudo nos tranqüiliza, é o seu amor apaixonado à vida escondida; a sua imperiosa necessidade de fugir dos olhares humanos e o receio de que percebam o que nela se passa.”

* * *

Os dois primeiros anos de vida religiosa da nossa Irmã decorreram quási normalmente. A não ser um dom de oração pouco vulgar, um recolhimento perpétuo, uma fome e sêde de Deus contínuas, nada se lhe notava de verdadeiramente particular e que fizesse prever coisas extraordinárias. Mas, em Setembro de 1866, a jóvem conversa começou a ser favorecida com freqüentes visitas de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem, das almas do purgatório e dos Espíritos Bemaventurados.

Jesus Crucificado - sobretudo - oferece, quási todos os dias, à sua contemplação, as divinas Chagas, ora resplandecentes e gloriosas, ora lívidas ou ensangüentadas, pedindo-lhe que se associe às dôres da sua Sagrada Paixão.

Vigílias e penitências corporais


As Superioras, inclinando-se perante os sinais certos da vontade do Céu - sinais em que não podemos deter-nos para não avolumar êste pequeno opúsculo – decidiram-se, pouco a pouco, apesar das suas apreensões, a entregá-la às exigências de Jesus Crucificado.

A Irmã Maria Marta vê-se primeiro convidada a passar as noites estendida no soalho da sua cela. Depois recebe a ordem de trazer noite e dia um rude cilício. Em breve deve entrançar uma corôa de agudos espinhos que não lhe permite mais apoiar a cabeça, sem sentir dolorosos sofrimentos.

No fim de oito meses, em Maio de 1867, não contente com as noites passadas no chão, com o cilício e a corôa de espinhos, Jesus exige à Irmã Maria Marta o sacrifício do próprio sono, pedindo-lhe que véle sòsinha, junto do SS.mo Sacramento, emquanto tudo dorme no Mosteiro. Em tais exigências não encontra a natureza satisfação! Mas não é êste o preço habitual dos favores divinos?... No silêncio das noites, Nosso Senhor comunicava-se à sua serva da maneira mais maravilhosa. Algumas vezes, é certo, Ele a deixava lutar penosamente, durante longas horas, com a fadiga e o sono, mas o mais freqüente era apoderar-se dela imediatamente e arrebatá-la a uma espécie de êxtase. Confiava-lhe as suas pênas e os seus segredos de amor, enchia-a de carícias, tirava-lhe o coração para o meter dentro do seu. O seu trabalho nesta alma tam humilde, tam simples e dócil, aumentava todos os dias.

Três días de êxtase

No mês de Setembro de 1867, a Irmã Maria Marta caíu, como lho tinha anunciado o divino Mestre, num estado incompreensível, que difìcilmente se pode definir: Estava deitada no seu leito, imóvel, sem falar, sem ver, não tomando alimento algum; mas o pulso continuava muito regular e tinha o rosto levemente colorido. Isto durou três dias, 26, 27 e 28, em honra da SS.ma Trindade, e foram, para a triste vidente, três dias de graças excepcionais... Todo o explendor dos Céus veio iluminar o humilde lugar onde desceu a Trindade Santíssima. Deus Pai, apresentando-lhe Jesus numa hóstia, disse-lhe: “Eu te dou Aquele que tu me ofereces tantas vezes”, e deu-lhe a Comunhão. Depois desvendou·lhe os mistérios de Belém e da Cruz, iluminando a sua alma com vivas luzes sôbre a Incarnação e a Redenção. Tirando depois de Si-mesmo o seu Espírito como um raio de fogo, deu-lho afirmando-lhe: “Ele contém a luz, o sofrimento e o amor!... O  amor será para mim; a luz para descobrires a minha vontade; o sofrimento, emfim, para sofreres, de momento a momento, como Eu quero que sofras.”

No último dia, convidando-a a contemplar, num raio que descia do Céu sôbre ela, a Cruz de seu Filho, o Pai celeste “fez-lhe compreender melhor as Chagas de Jesus, para seu bem pessoal”. Ao mesmo tempo, num outro raio que partia da terra para o Céu, viu ela claramente a sua missão e como devia fazer valer os méritos das Chagas de Jesus para o mundo inteiro.

Opinião dos Superiores Eclesiásticos


A Superiora e Directora duma alma tam privilegiada, não podiam tomar só sôbre si a responsabilidade dêste caminho extraordinário... Consultaram os Superiores Eclesiásticos e em especial, o Rev.mo Cónego Mercier, Vigário Geral e Superior da Casa, Sacerdote de grande prudência e de grande piedade; o Rev.o P. Ambroise, provincial dos Capuchinhos da Sabóia, homem de grande valor moral e doutrinal; o Rev.mo Cónego Boudier, apelidado “o Anjo dos Montes”, capelão da Comunidade, cuja reputação de sciência e santidade passavam os limites da nossa Província. O exame foi sério e completo. Os três examinadores foram unânimes em afirmar que o caminho, que a Irmã Maria Marta seguia, tinha o sêlo divino. Aconselharam que se escrevesse tudo, mas aliando a prudência às suas luzes, julgaram também que era preciso ocultar estes factos até que aprouvesse “a Deus revelá-los directamente”. Foi por isso que a Comunidade ignorou as graças insignes com que era favorecida, num dos seus membros, - o menos apto para as receber, humanamente julgando. Foi por isso também que, considerando como sagrado o conselho dos Superiores eclesiásticos, a muito respeitável Madre Tereza Eugénia Revel, começou a relatar, diàriamente, com escrupulosa exactidão, não omitindo mesmo certas faltas, - frutos da ignorância ou de falta de memória - as narrações da humilde conversa, a quem Nosso Senhor dava ordem de nada ocultar à sua Superiora. “Nós depomos aqui, na presença de Deus e dos nossos Santos Fundadores, por obediência e o mais exactamente possível, o que cremos ser-nos enviado do Céu por uma amorosa predilecção do divino Coração de Jesus, para felicidade da nossa Comunidade e bem das almas”.

“Deus parece ter escolhido, na nossa humilde família, a alma privilegiada que deve renovar, no nosso século, a devoção às Sagradas Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. E' a nossa humilde Irmã doméstica Soror Maria Marta Chambon, que o Salvador gratifica com a sua presença sensível. Ele mostra-lhe todos os dias as suas divinas Chagas, para que ela aplique constantemente os seus méritos, pelas necessidades da Santa Igreja, conversão dos pecadores, pelas necessidades do nosso Instituto, - e sobretudo para o alívio das almas do Purgatório”.

“Jesus fez dela o seu brinquedo de amor e a vítima do seu Beneplácito... - e nós, cheias de reconhecimento, sentimos, a cada instante, a eficácia das suas orações sôbre o Coração de Deus.”

Tal é a declaração com que se abre a narração da muito respeitável Madre Tereza Revel, digna confidente dos favores do Altíssimo. - E' às suas notas que vamos buscar todas as citações que vão seguir-se.

A “Missão”


“Uma coisa me penaliza, dizia o dôce Salvador à sua humilde serva, é que há almas que olham a devoção às minhas Chagas como estranha, como desprezível, como uma coisa que não convém ... e é por isso que ela cai no esquècimento. No Céu, eu tenho Santos que tiveram uma grande devoção às minhas sagradas Chagas, mas na terra, quási ninguém me honra desta forma.”

Esta queixa tem todo o fundamento! Num mundo, onde “gozar” parece ser a única preocupação, quantas pessoas, mesmo cristãs, perderam a noção do sacrifício!... Pouquíssimas almas compreendem a cruz! Muito poucas se aplicam a meditar a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, que S. Francisco de Sales chama, tam justamente, “a verdadeira escola do amor; o mais dôce e o mais violento impulso da piedade”.

Ora, Jesus não quere que fique inexplorada esta mina inexgotável, nem que fiquem esquècidos e perdidos os frutos das suas sagradas Chagas. Escolherá - e não faz Ele sempre assim? - o mais humilde dos instrumentos para executar a sua obra de amor. No dia 2 de Outubro de 1867, a Irmã Maria Marta assistia a uma “tomada de Hábito”, quando, abrindo-se a abóbada dos Céus, ali viu ela desenrolar-se a mesma cerimónia com um esplendor bem diferente do da terra. Toda a Visitação do Céu estava presente, e as primeiras Madres, voltando-se para ela, como para lhe anunciar uma boa nova, disseram-lhe todas contentes:

“O Pai Eterno deu à nossa Santa Ordem o seu Filho, de três maneiras:

“1.° Jesus Cristo, sua Cruz e suas Chagas, a esta casa particularmente.

“2.° O seu Sagrado Coração.

“3.° A sua Santa Infância para honrar; é preciso que tenhais toda a simplicidade duma criança nas vossas relações com Ele.”

Este tríplice dom não parece novo. Remontando às origens do Instituto, encontramos na vida da nossa Madre Ana Margarida Clément, contemporânea de Santa Joana de Chantal, estas três devoções que distinguiram todas as Religiosas formadas por ela. Alguns dias mais tarde, a nossa muito respeitável Madre Maria Paulina Deglapigny, falecida havia dezoito meses, apareceu à sua antiga filha e confirmou-lhe o dom das Sagradas Chagas: “A Visitação, disse-lhe ela, já tinha uma grande riqueza, mas não era completa. Eis aí porque é ditoso o dia em que deixei a terra, pois, em lugar de terdes sòmente o Sagrado Coração de Nosso Senhor, tereis toda a Santa Humanidade, isto é, as suas Sagradas Chagas. Eu pedi esta graça para vós.”

O Coração de Jesús! ah! quem o possue não possuïrá Jesus todo? todo o amor de Jesus?... Sem dúvida. Mas as Sagradas Chagas são como que a expressão prolongada - e bem eloqüente - dêsse amor. Por isso é que Jesus quere que O honremos todo e que adorando o seu Coração ferido, não esqueçamos as suas outras Chagas, abertas também pelo amor. E não deixa de oferecer interêsse, a êste propósito, comparar o dom da Humanidade padecente de Jesus, feito à nossa Irmã Maria Marta, com o que foi concedido, na mesma época, à nossa venerável Madre Maria de Sales Chappuis: o dom da Humanidade santa do Salvador.

S. Francisco de Sales, nosso Bemaventurado Pai, que muitas vezes visitava a sua querida filha para a instruir paternalmente, também a confirmou na certeza da sua “Missão”. Um dia que êles conversavam juntos, disse-lhe ela com a sua costumada ingenuïdade:

- “Meu Pai, bem sabeis que as nossas Irmãs, não teem confiança nas minhas afirmações, porque eu sou muito imperfeita.”

- “Minha filha, respondeu o Santo, as vistas de Deus não são as da criatura, - a criatura julga segundo as vistas humanas. - Deus dá as suas graças a uma miserável que nada tem, a fim de que tudo a Ele se atribua. Deves estar bem contente com as tuas imperfeições, porque elas escondem os dons de Deus. - Deus escolheu-te para completar a devoção ao Sagrado Coração: o Coração foi mostrado à minha filha Margarida Maria, e as Sagradas Chagas à minha pequenina Maria Marta!... E' uma alegria para o meu coração de Pai, que esta honra seja prestada por vós a Jesus Crucificado! Isto faz o complemento da Redenção que Jesus tanto desejou!”

A SS.ma Virgem veio também, num dia da Visitação, confirmar a jóvem Irmã no seu caminho. Acompanhada dos nossos Santos Fundadores e da nossa Santa Irmã Margarida Maria, disse-lhe com bondade:

“Eu dou o meu fruto à Visitação, assim como o levei à minha prima Isabel. - O teu Santo Fundador reproduziu os trabalhos, a doçura e a humildade de meu Filho; a tua Santa Màe de Chantal, a minha generosidade, passando por cima de todos os obstáculos para se unir a Jesus e fazer a sua Santa Vontade; a tua bemaventurada Irmã Margarida Maria, reproduziu o Sagrado Coração de meu Filho para o dar ao mundo... E tu, minha filha, foste escolhida para deter a justiça de Deus fazendo valer os méritos da Paixão e das Sagradas Chagas do meu único e bem-amado Filho, Jesus...”

E como a Irmã Maria Marta oposesse algumas objecções sôbre as dificuldades que havia de encontrar, disse-lhe a Virgem Imaculada:

“Minha Filha, não vos inquieteis, nem tu, nem a tua Superiora, porque o meu Filho sabe bem o que ha-de fazer... Quanto a vós, fazei só, dia a dia, o que Jesus deseja...”

Os convites e as exortações da SS.ma Virgem multiplicavam-se e tomavam todas as formas:

“Se quereis riquezas, ide buscá-las às Sagradas Chagas de meu Filho... Todas as luzes do Espírito Santo saem das Chagas de Jesus, mas recebereis estes dons à proporção da vossa humildade...”

“Eu sou a vossa Mãe e digo-vos: ide buscar as graças às Chagas de meu Filho!... Sugai o sangue até o esgotar, o que, afinal, nunca aconteceria.”

“E' preciso que tu, minha filha, apliques as Chagas de meu Filho pelos maus, para os converter.”

Depois das intervenções das primeiras Madres, do nosso Santo Fundador (S. Francisco de Sales) e SS.ma Virgem, não devemos esquècer neste quadro, as de Deus-Pai, por quem a nossa querida Irmã sentiu sempre uma ternura, uma confiança filial e que por Ele foi divinamente amimada. - Foi Ele quem primeiro a instruiu àcêrca da sua “missão” futura e lha recordava de tempos a tempos:

“Minha filha, dou-te o meu Filho para te ajudar durante o dia, a fim de poderes pagar tudo o que deves à minha justiça por todos. Tirarás constantemente das Chagas de Jesus aquilo com que deves pagar as dívidas dos pecadores.”

A Comunidade fazia procissões e orações por diversas necessidades:

“Tudo isso que me dais nada é, declarou Deus-Pai.”

“- Se não é nada, replicou a audaciosa Irmã, ofereço-Vos tudo o que o Vosso Filho fez e sofreu por nós.”

“- Ah! responde o Pai Eterno, isso é muito!”

Por sua vez, Nosso Senhor, para fortificar a sua serva, assegura-lhe, muitas vezes, que ela é realmente chamada a reavivar a devoção às Chagas redentoras:

“Eu te escolhi para despertar a devoção à minha Santa Paixão nos desgraçados tempos em que viveis.”

Depois, mostrando-lhe as suas Sagradas Chagas como um livro onde queria ensinar-lhe a lêr, ajunta o bom Mestre:

“Não levantes os olhos dêste livro e nêle aprenderás mais do que os maiores sábios. A oração às Sagradas Chagas compreende tudo.”

Noutra ocasião, durante o mês de Junho, estando ela prostrada aos pés do SS.mo Sacramento, Nosso Senhor abrindo o seu Coração sagrado, como a fonte de todas as outras Chagas, insiste ainda:

“Eu escolhi a minha fiel serva Margarida Maria para fazer conhecer o meu divino Coração, e a minha pequenina Maria Marta para insinuar a devoção às outras minhas Chagas!... As minhas Chagas salvar-vos-hão infalìvelmente; elas salvarão o mundo.”

Numa outra circunstância disse-lhe:

“O teu caminho é tornar-me conhecido e amado pelas minhas Sagradas Chagas, sobretudo no futuro.”

Pede-lhe que ofereça incessantemente as suas divinas Chagas pela salvação do mundo:

“Minha filha, o mundo será mais ou menos perturbado, conforme tu tiveres feito a tua tarefa... Tu foste escolhida para satisfazer a minha justiça. Encerrada no claustro, deves viver na terra como se vive no Céu, amar-me, orar incessantemente para apaziguar a minha vingança e renovar a devoção às minhas Sagradas Chagas.

“Eu quero que, por esta devoção, não só as almas com quem vives sejam salvas, mas ainda muitas outras!”

«Um dia, pedir-te-hei contas se tu aproveitaste bem êste tesouro em favor de todas as minhas criaturas”.

“Verdadeiramente, lhe disse Ele mais tarde, verdadeiramente, minha Espôsa, Eu habito neste lugar e em todos os corações!... Neles estabelecerei o meu reino de paz, destruïrei pelo meu poder, todos os obstáculos, porque Eu sou o Senhor dos corações e conheço todas as misérias... Tu, minha filha, és o canal das minhas graças. Fica sabendo que o canal nada tem de seu, não tem senão aquilo que fazem passar por dentro dêle. E' preciso que, como canal, não guardes nada e digas tudo o que te comunico”.

“Eu te escolhi para fazeres valer os méritos da minha Sagrada Paixão por todos; mas quero que te conserves sempre escondida. - A mim me compete fazer conhecer mais tarde, que é por êste meio que o mundo ha-de ser salvo - e também pelas mãos de minha Mãe Imaculada!...”

Motivos da devoção as Sagradas Chagas


Confiando à Irmã Maria Marta esta “missão”, o Deus do Calvário, comprazía-se em revelar à sua alma arrebatada os inumeráveis motivos de invocar as Chagas divinas, assim como os benefícios desta devoção. Todos os días, em todos os instantes, para a excitar a fazer-se uma ardente apóstola, Jesus lhe descobre os inapreciáveis tesouros destas fontes de vida:

“Nenhuma alma, depois da minha santa Mãe, teve como tu a graça de contemplar, de dia e de noite, as minhas Sagradas Chagas”.

“Minha filha, conheces o tesouro do mundo?... O mundo não quere conhecê-lo”.

“Eu quero que tu as vejas assim, para que melhor compreendas o que fiz vindo sofrer por ti”.

“Minha filha, todas as vezes que ofereceis a meu Pai os méritos das minhas divinas Chagas, ganhais uma fortuna imensa. Sois semelhante àquele que encontrasse na terra um grande tesouro, mas como não podeis conservar esta riqueza, Deus retoma-a, e minha divina Mãe também, para vo-la restituir no momento da morte e aplicar os seus méritos às almas que dêles carecem, porque vós deveis fazer valer a riqueza das minhas Sagradas Chagas. E' preciso que não fiqueis pobres porque o vosso Pai é muito rico!... A vossa riqueza? é a minha santa Paixão!”

“Aquele que está na necessidade, que venha com fé e confiança, que tire constantemente o que precisa, do tesouro da minha Paixão e das aberturas das minhas Chagas!”

“Este tesouro pertence-vos!... Tudo está nêle! tudo - excepto o inferno!

“Uma das minhas criaturas traíu-me e vendeu o meu sangue, mas vós podeis tam fàcilmente reüni-lo gota a gota!... - Uma só gôta basta para purificar o mundo... e vós não pensais nisso!... não conheceis o seu valor!

“Os algozes fizeram bem trespassando-me o Lado, as mãos e os pés, porque abriram assim fontes donde correrão eternamente as águas da minha misericórdia. Só o pecado é que foi a sua causa, é preciso detestá-lo. Meu Pai compraz-se na oferta das minhas Sagradas Chagas e das dôres da minha divina Mãe. Oferecer-lhas, é oferecer-lhe a sua glória, é oferecer o Céu ao Céu”.

“Eis com que pagar as dívidas de todos! - Porque, oferecendo a meu Pai o mérito das minhas Sagradas Chagas, satisfazeis pelos pecados dos homens.” (1)

(1) Todas estas palavras foram pronunciadas em diversas circunstâncias, especialmente no ano de 1868. Nosso Senhor dirigia-se umas vezes só à Irmã Maria Marta, outras, - por meio dela - à Comunidade e a todos os fiéis.

Jesus estimula-a, - e a nós com ela, - a aproveitar êsse tesouro:

“E' preciso confiar tudo às minhas divinas Chagas e trabalhar na salvação das almas por meio dos seus méritos.”

Pede-nos que o façamos com humildade:

“Quando abriram as minhas Sagradas Chagas, o homem teve “vaidade” julgando que elas se fechariam, mas não, elas serão eternas, e eternamente contempladas por todas as minhas criaturas. Digo-te isto, para que tu não as contemples com rotina, mas que as veneres com grande humildade”.

“A vossa vida não é dêste mundo; tirai as Chagas de Jesus e tornar-vos-heis terrestres... Sois muito materiais para compreender toda a extensão das graças que recebeis pelos seus meritos... Vós não olhais suficientemente para o sol na sua plenitude... Nem mesmo os meus sacerdotes contemplam suficientemente o Crucifixo. Eu quero que me honrem todo”.

“A seára é grande, abundante, é preciso humilhar-vos, mergulhar-vos no vosso nada para colher almas, sem olhardes para o que já fizestes”.

“E' preciso não temer mostrar as minhas Chagas às almas... O caminho das minhas Chagas é tam simples e tam fácil para ir para o Céu!”

Pede-nos Ele que o façamos com corações de serafins. - Mostrando-lhe um grupo dêsses Espíritos angélicos que se comprimiam em tôrno do altar, durante a Santa Missa, Jesus disse à Irmã Maria Marta:

“Eles contemplam a beleza, a santidade de Deus! admiram, adoram... não podem imitar. Quanto a vós, é preciso sobretudo, que contempleis os sofrimentos de Jesus para vos conformardes com Ele. - E' preciso que venhais às minhas Chagas, com os corações bem inflamados, bem ardentes e fazer, com grande fervor, as aspirações para obterdes graças que solicitais.”

Pede-nos que o façamos com uma fé ardente:

“As minhas Chagas estão bem frescas, é preciso que as ofereçais como se fôsse a primeira vez”.

“Na contemplação das minhas Chagas encontrareis tudo, para vós e para os outros”.

“Faço-tas ver para que nelas entres.”

Pede-nos que o façamos com confiança:

“E' preciso que não vos inquieteis com as coisas da terra, minha filha, vereis na eternidade o que ganhastes pelas minhas Chagas. As Chagas dos meus sagrados Pés são um oceano. Traze a elas todas as minhas criaturas; essas aberturas são bastante grandes para nelas as alojar todas.”

Pede-nos que o façamos com espírito de apostolado e sem jàmais nos cansarmos :

“E' preciso que oreis muito para que as minhas Sagradas Chagas se espalhem no mundo.” (Neste momento, sob os olhos da vidente, partiram das Chagas de Jesus, cinco raios luminosos, cinco raios de glória, que envolveram o globo.) “As minhas Sagradas Chagas sustentam o mundo. E' preciso pedir-me a firmeza no amor das minhas Chagas, porque elas são a fonte de todas as graças. E' preciso invocá-las muitas vezes... levar a isso o  próximo... E' preciso falar e tornar a falar delas para imprimir essa devoção nas almas... Será preciso muito tempo para estabelecer esta devoção, trabalhai nela com coragem”.

“Todas as palavras ditas a respeito das minbas Chagas, me dão prazer, um indizível prazer!... Conto-as todas”.

“Mesmo que haja pessoas que não queiram vir às minhas Chagas, é preciso que tu, minha filha, aí as faças entrar!”

Um dia em que a Irmã Maria Marta sentia uma sêde ardente, disse-lhe o seu bom Mestre:

“Minha filha, vem a mim e eu te darei uma água que te saciará! No Crucifixo, há tudo: há com que saciar, há para todas as almas!”

“Minha filha, eu quero que tu bebas nas minhas Chagas para dar aos pequeninos”.

“Com as minhas Chagas tendes tudo! Elas fazem obras sólidas, não pelo gôso, mas pelo sofrimento”.

“Vós sois operárias que trabalhais no campo do Senhor: com as minhas Chagas, ganhais muito e sem dificuldade. Oferece-me as tuas acções e as de tuas irmãs, unidas ás minhas Sagradas Chagas; nada as pode tornar mais meritórias nem mais agradáveis aos meus olhos. - Há riquezas incompreensíveis, mesmo nas mais pequenas.”

Convém notar o seguinte: nas manifestações e confidências de que acabamos de falar, o divino Salvador não se apresentava sempre à Irmã Maria Marta com todas as suas adoráveis Chagas, às vezes mostrava-lhe apenas uma à parte. Foi assim que um dia, depois dêste ardente convite:

“Deves aplicar-te a curar as minhas feridas contemplando as minhas Chagas.”

Êle lhe descobre o seu Pé direito, dizendo:

“Quanto não deves respeitar esta Chaga e esconder-te nela como a pomba!” 

Uma outra vez mostra-lhe a sua Mão esquerda:

“Minha filha, tira da minha Mão esquerda os meus méritos para as almas, para que elas estejam à minha Mão direita por toda a Eternidade... As almas religiosas estarão à minha direita para julgar o mundo, mas, antes disso, pedir-lhes-hei conta das almas que deveriam salvar.”

A corôa de espinhos


Uma coisa tocante, é que Jesus reclama para a sua augusta Cabeça coroada de espinhos um culto especialíssimo de veneração, de reparação e de amor. - A corôa de espinhos foi para Êle causa de sofrimentos particularmente cruéis:

“A minha corôa de espinhos fez-me sofrer mais do que todas as outras Chagas, confiou Êle à sua espôsa, foi o meu mais cruel sofrimento depois do Jardim das Oliveiras. Para o aliviar, é preciso observar bem a vossa Regra”.

Ela é para a alma fiel, até à imitação, uma fonte de méritos:

“Vê, diz-lhe Êle, esta Cabeça que foi trespassada por teu amor e por cujos méritos deves um dia ser coroada. Feliz a alma que a tiver contemplado bem e sobretudo a tiver praticado!... Eis onde está a vossa vida; caminhai nela simplesmente e caminhareis com segurança. As almas que tiverem contemplado e honrado a minha corôa de espinhos na terra, serão a minha corôa de glória no Céu!”

“Por um instante que contemplardes esta corôa na terra, dar-vos-hei uma para a Eternidade... é ela, é a corôa de espinhos, que vos ganhará a da glória.”

Ela é o dom de escolha que Jesus concede aos seus privilegiados:

“A minha corôla de espinhos, eu a dou aos meus privilegiados. É o bem próprio das minhas espôsas e das almas favorecidas. - Ela é a alegria dos Bem-aventurados, mas para os meus Bem-amados sôbre a terra, é um sofrimento.” - (Do lugar de cada espinho, a nossa Irmã via sair um raio de glória que não se pode descrever.)

“Os meus verdadeiros servos procuram sofrer como eu, mas nenhum pode atingir o grau de sofrimento que eu suportei.”

Jesus pede a essas almas uma compaixão ainda mais terna pela sua adorável Cabeça. Ouçamos êste grito do coração que Êle dirige à Irmã Maria Marta mostrando-lhe a sua Cabeça ensangüentada, toda trespassada e exprimindo um sofrimento tal, que a pobresinha não sabia em que termos explicá-lo:

“Aqui tens Aquele que procuras... vê em que estado está!.. Olha... arranca os espinhos da minha Cabeça, oferecendo os méritos das minhas Chagas pelos pecadores... Vai em busca das almas.”

Como vemos, nestes chamamentos do Salvador, repercute-se sempre como um éco do eterno sítio, a preocupação da salvação das almas:

“Vai em busca das almas.” 

“Aqui tens a tua instrução: o sofrimento, para ti, - as graças que deves obter, para os outros”.

“Uma única alma que faça as suas acçoes em união com os méritos da minha santa corôa ganha mais que a Comunidade inteira.”

A estes fortes apêlos, o Mestre sabe juntar estímulos que inflamam os corações e fazem aceitar todos os sacrifícios. Foi assim que, em Outubro de 1867, Êle se apresentou ao olhar extasiado da nossa jóvem Irmã, com esta corôa toda cercada duma glória deslumbrante:

“A minha Corôa de espinhos iluminará o Céu e todos os Bem-aventurados! Na terra há algumas almas privilegiadas a quem a mostrarei, mas a terra é muito tenebrosa para a ver.”

“Vê como é bela depois de ter sido tam dolorosa!”

O bom Mestre vai ainda mais longe. Ele associa-se aos seus triunfos como aos seus sofrimentos... Faz-lhe entrever a glorificação futura. Aplicando-lhe, com vivas dôres, esta santa Corôa sôbre a sua cabeça diz-lhe:

“Toma a minha Corôa, e neste estado te contemplarão os meus Bem-aventurados.”

Depois, dirigindo-se aos Santos e designando a sua querida vítima:

“Aqui está, diz-lhes, o fruto da minha Corôa.”

Sendo a santa Corôa a felicidade dos Justos, é ao contrário, um objecto de terror para os maus. Foi o que um dia viu a Irmã Maria Marta num quadro oferecido à sua contemplação por Aquele que gostava de a instruir desvendando-lhe os mistérios de Além-túmulo. Iluminado com os esplendores desta divina Corôa, apareceu à sua vista o Tribunal onde as almas hão-de ser julgadas. Elas passavam contìnuamente diante do Juiz soberano. As almas que tinham sido fiéis durante a vida, lançavam-se com confiança nos braços do Salvador. As outras, ao verem a santa Corôa e lembrando-se do amor de Nosso Senhor, que tinham desprezado, precipitavam-se, horrorizadas, nos abismos eternos... - Foi tam impressionante esta visão, que a pobre Irmã, contando-a, tremia ainda de receio e de espanto.

O Coração de Jesus!


Se o Salvador descobria assim todas as belezas e todas as riquezas das suas divinas Chagas à humilde Irmã Conversa, poderia Êle deixar de lhe abrir os tesouros da sua grande ferida de amor? “Eis a fonte onde deveis vir buscar tudo; é sobretudo rica para vós! ...”, dizia Jesus mostrando·lhe as suas Chagas num luminoso esplendor, sobresaíndo com um brilho incomparável, no meio de todas, a do seu adorável Coração:

“Vem à Chaga do meu divino Lado... - é a Chaga do amor donde saem chamas bem vivas.”

Jesus concedia-lhe às vezes, vários dias seguidos, a graça de ver a sua santíssima Humanidade gloriosa. Conservava-se então junto da sua serva, conversava familiarmente com ela, como outrora com a nossa santa Irmã Margarida Maria Alacoque. E esta última, “que nunca deixa o Coração de Jesús” dizia: “Era assim que Nosso Senhor se mostrava a mim”, enquanto o bom Mestre reiterava os seus amorosos convites:

“Vem ao meu Coração e nada temerás... Coloca aqui os teus lábios para haurires a caridade e a espalhares no mundo... Mete aqui a tua mão para daí tirares os meus tesouros.”

Um dia fez-lhe conhecer o seu imenso desejo de derramar as graças de que o seu Coração está cheio:

“Toma, lhe disse, porque a medida está cheia. Não posso já contê-las, tam grande é o desejo que tenho de as dar.”

Uma outra vez, foi um convite para utilizar ainda e sempre êsses tesouros:

“Vinde receber a efusão do meu Coração que deseja derramar as suas graças! Quero dar-vos da minha abundância, porque hoje recebi na minha misericórdia almas salvas pelas vossas orações.”

A cada instante, sob formas diversas, são apelos a uma vida de união com o seu Sagrado Coração:

“Conserva-te bem unida a êste Coração para receber e espalhar o meu Sangue. Se quereis entrar na luz do Senhor, deveis esconder-vos no meu Coração divino. Se quereis conhecer a intimidade das entranhas da misericórdia dAquele que tanto vos ama, deveis meter-vos na abertura do meu Sagrado Coração com respeito e humildade.”

“Eis o vosso centro. Ninguém poderá impedir-vos de o amar nem fazer-vo-lo amar sem que o vosso coração corresponda. Tudo o que as criaturas disserem não vos pode tirar o vosso tesouro, o vosso amor!... Eu quero que me ameis sem apoio humano.”

Aqui, Nosso Senhor insiste, dirigindo a todas as suas espôsas uma exortaçao instante;

“Quero que a alma religiosa esteja desprendida de tudo, porque para vir ao meu Coração, não deve ter laço nem fio que a prenda à terra; é preciso ir conquistar o Senhor a sós com Êle; é preciso procurar êsse Coração no vosso próprio coração.”

Depois dirige-se de novo à Irmã Maria Marta mas, através da sua dócil serva, visa todas as almas e muito especialmente as almas consagradas:

“Eu tenho necessidade do teu coração para me compensar e fazer companhia... - Ensinar-te-hei a amar-me, porque tu não o sabes fazer: a sciência do amor não se aprende nos livros, ela é apenas dada à alma que contempla o divino Crucificado e lhe fala coração a coração. Em cada uma das tuas acções, deves estar unida a mim.”

E Nosso Senhor faz-lhe compreender as condições e os frutos maravilhosos da união íntima com o seu divino Coração:

“A espôsa que não se reclina sôbre o peito do seu Espôso nas suas penas e no seu trabalho, perde o tempo. Quando ela cometeu faltas, deve reclinar-se sôbre o meu Coração com grande confiança. Neste foco ardente desaparecem as vossas infidelidades; o amor queima-as, consome-as todas!... - E' preciso que me ameis, que me abandoneis tudo. - Deveis repousar-vos sôbre o Coração do vosso Mestre como S. João. - Dais-lhe grande glória amando-O assim.”

Ah! como Jesus deseja o nosso amor! Êle o mendiga!

Aparecendo um dia com toda a glória da sua Ressurreição, disse à sua Bem-amada, com um profundo suspiro:

“Com isto, minha filha, mendigo como o faria um pobresinho: Eu sou um mendigo de amor! Chamo os meus filhos um por um... , olho-os com complacência quando veem a Mim... Espero-os!”

E tomando realmente o aspecto de um mendigo, repetia-lhe ainda, cheio de tristeza:

“Eu mendigo o amor, mas o maior número, mesmo entre almas religiosas, recusa-me êste amor! Minha filha, ama-Me puramente por Mim-mesmo, sem olhar ao castigo ou à recompensa.”

E designando-lhe a nossa Santa Irmã Margarida Maria cujo olhar “devorava” o Coração de Jesus, disse-lhe:

“Esta amou-me com êste amor puro e ùnicamente por Mim só!...”

A Irmã Maria Marta procurava amar assim. Como um foco imenso, o Sagrado Coração a atraía a si por ardores indizíveis... Ela ia para o seu Bem-Amado por impulsos de amor que a consumiam... mas que, ao mesmo tempo, deixavam na sua alma uma suavidade inteiramente divina! E Jesus dizia-lhe:

“Minha filha, quando escôlho um coração para me amar e fazer a minha vontade, acendo nele o fogo do meu amor. - Contudo não avivo êsse fogo contìnuamente, com receio de que o amor próprio ganhe alguma coisa e que recebam as minhas graças por hábito. - Retiro-me de tempos a tempos para deixar a alma entregue à sua própria fraqueza. Ela vê então que está só... comete faltas e essas quedas manteem-na na humildade... Mas por causa dessas faltas não abandono a alma que escolhi; olho-a sempre. Eu não sou tam exigente, perdôo e volto... Cada humilhação vos une mais ìntimamente ao meu Coração. Não vos peço grandes coisas, quero simplesmente o amor do vosso coração. Estreita-te contra o meu Coração e descobrirás toda a bondade que êle encerra. - É lá que aprenderás a doçura e a humildade. Vem, minha filha, meter-te dentro dele. Esta união não é sòmente para ti, mas para todos os membros da tua Comunidade. Dize à tua Superiora que venha depôr nesta abertura todas as acçoes das tuas Irmãs, mesmo os recreios: lá estarão como num Banco e serão bem guardadas.”

Detalhe comovente entre mil outros: Quando a Irmã Maria Marta, nessa noite, deu conta de tudo à sua Superiora, não poude conter-se sem interromper e preguntar:

“Minha Mãe, que quer dizer esta palavra banco?”

Era uma pregunta filha da sua cândida ignorância... Depois continuou a sua mensagem:

“Por meio da humildade e do aniqüilamento, devem os vossos corações unir-se ao meu... Ah! minha filha, se tu soubesses quanto o meu Coração sofre com a ingratidão de tantos corações!... E' preciso que unais as vossas pênas às do meu Sagrado Coração.”

É mais particularmente ainda às almas encarregadas da direcção doutras, directoras ou Superioras, que o Coração de Jesus se abre com as suas riquezas:

“Tu farás um grande acto de caridade oferecendo todos os dias as minhas divinas Chagas por todas as directoras do Instituto”.

Dirás à tua Mestra que venha encher a sua alma na Fonte e àmanhã, o seu coração estará cheio para derramar as minhas graças sôbre vós. É a ela que compete acender o fogo do santo amor nas almas, falando-lhes muitas vezes nos sofrimentos do meu Coração. Concederei a todas a graça de compreenderem as máximas do meu Sagrado Coração. Por meio do trabalho e da correspondência da alma, todas lá chegarão à hora da morte.”

“Minha filha, as tuas Superioras são as depositárias do meu Coração; é preciso que eu possa dar às suas almas todas as graças e sofrimentos que desejo. Dize à tua Mãe que venha buscar a estas Fontes (o seu Coração e as suas Chagas) o que precisa para as tuas Irmãs... - Ela deve olhar para o meu Coração Sagrado e confiar-lhe tudo, sem se importar com o que dizem os homens.”

Promessas de Nosso Senhor


Nosso Senhor não se contenta com confiar à Irmã Maria Marta as suas Sagradas Chagas, - com expôr-lhe os motivos instantes e os benefícios desta devoção, ao mesmo tempo que as condições que lhe garantem o bom êxito... Êle multiplica também as animadoras promessas. - Essas promessas repetem-se tam freqüentemente e sob formas tam variadas, que é forçoso limitarmo-nos; tanto mais que o pensamento é sempre o mesmo no seu fundo. A devoção às Sagradas Chagas não pode enganar:

“Nao temas, minha filha, “abusar” das minhas Chagas, porque não sereis jàmais enganados, mesmo quando as coisas parecerem impossíveis”.

“Concederei tudo o que me pedirem pela invocação das minhas Sagradas Chagas”.

“E preciso espalhar esta devoção. Obtereis tudo; porque o mérito do meu sangue é dum preço infinito”.

“Com as minhas Chagas e o meu divino Coração, podeis obter tudo”.

As Sagradas Chagas santificam e asseguram o progresso espiritual:

“Das minhas Chagas saem frutos de santidade. Assim como o ouro purificado no cadinho se torna mais belo, assim deves meter a tua alma e as das tuas Irmãs nas minhas Sagradas Chagas; lá elas se aperfeiçoarão como o ouro na fornalha... Podeis purificar-vos sempre nas minhas Chagas. As minhas Chagas repararão as vossas... As minhas Chagas cobrirão todos os vossos pecados... Aqueles que as honrarem terão um verdadeiro conhecimento de Jesus Cristo. Na sua meditação encontrareis sempre um novo alimento de amor”.

As Sagradas Chagas dão valor a tudo:

“Minha filha, abisma as tuas acções nas minhas Chagas e elas valerão alguma coisa. - Todas as vossas acções, ainda as mais pequenas, banhadas no meu Sangue, adquirirão, por isso só, um mérito infinito e contentarão o meu Coração!... Oferecendo-as pela conversão dos pecadores, ainda que êles se não convertam, tereis diante de Deus o mesmo mérito como se êles se tivessem convertido”.

As Sagradas Chagas são um bálsamo e um reconfôrto no sofrimento:

“Quando tiverdes algum desgôsto, algum sofrimento, recorrei depressa às minhas Santas Chagas e tudo se suavisará. Convém repetir muitas vezes junto dos doentes esta aspiração: Meu Jesus, perdão e misericórdia, pelos méritos das vossas Sagradas Chagas! Esta oração aliviará a alma e o corpo”.

As Santas Chagas teem uma eficácia maravilhosa para a conversão dos pecadores: Um dia a Irmã Maria Marta cheia de amargura ao pensar nos crimes que se cometem exclamava:

“Meu Jesus, tende piedade dos vossos filhos, não olheis para os seus pecados”.

O divino Mestre respondendo à sua súplica lhe ensinou a aspiração que nós conhecemos já: “Meu Jesus, perdão e misericórdia, pelos méritos etc.”, depois acrescentou:

“Muitas pessoas experimentarão a eficácia desta aspiração. - Eu desejo, proseguiu o Salvador, que os Padres as deem muitas vezes como penitência no santo Tribunal. O pecador que disser a oração seguinte: Padre Eterno eu vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo para curar as das nossas almas, obterá a sua conversão”.

As Santas Chagas salvam o mundo e asseguram uma boa morte:

“As minhas Santas Chagas salvar-vos-hão infalìvelmente... elas salvarão o mundo. É preciso expirar com a boca colada a estas Sagradas Aberturas... - Não haverá morte para a alma que expirar nas minhas Chagas, elas dão a verdadeira vida”.

As Santas Chagas teem muito poder sôbre Deus:

“Por vós mesmos, nada sois, mas a vossa alma, unida às minhas Chagas, torna-se poderosa; ela pode até fazer muitas coisas ao mesmo tempo: merecer e obter tudo sem que seja preciso particularizar nada”.

Pousando sôbre a cabeça da querida privilegiada a sua mão adorável, o Salvador ajuntou:

“Agora tens o meu poder. É sempre àqueles que nada teem como tu, que me comprazo em dar mais graças. - O meu poder está nas minhas Chagas, com elas tornar-te-hás poderosa... Sim, tu podes obter tudo, tens todo o poder! Tens mesmo, por assim dizer, mais poder do que Eu; podes desarmar a minha justiça, porque embora tudo venha de mim, quero que orem, que me peçam”.

As Sagradas Chagas serão - em particular - a salvaguarda da Comunidade. Como a situação política se tornasse cada vez mais crítica, em Outubro de 1873 fizeram as Religiosas uma novena às Santas Chagas de Jesus e Nosso Senhor manifestou imediatamente a sua alegria à confidente do seu Coração, dizendo-lhe depois estas animadoras palavras:

“Amo tanto a tua Comunidade que nunca lhe acontecerá mal algum. Que a tua Superiora não se importe com as notícias de fóra, porque muitas vezes são falsas. - Só a minha palavra é verdadeira! - Eu vo-lo digo, nada tendes a temer... Se deixásseis a oração, então sim, teríeis que temer. Este têrço da misericórdia faz contrapêso à minha Justiça, detém a minha vingança”.

Enfim, ratificando de novo o dom das suas Santas Chagas à Comunidade, Nosso Senhor dizia-lhe:

“Eis o vosso tesouro!... O tesouro das vossas Santas Chagas encerra corôas que deveis tomar e dar aos outros oferecendo-as a meu Pai para curar as de todas as almas. - Um dia, essas almas, a quem tiverdes obtido uma santa morte com as vossas orações, hão-de manifestar-vos o seu reconhecimento... - Todos os homens comparecerão no dia do Juízo, na minha presença, e eu mostrarei então as minhas espôsas privilegiadas que tiverem purificado o mundo pelas minhas Santas Chagas... Um dia virá, em que vereis estas grandes coisas!...”

“Minha filha, digo·te isto para vos humilhar e não para vos ensoberbecer. Fica sabendo que tudo isto não é para ti, mas para Mim, a fim de que tu me dês almas!...”

* * *

Entre as promessas de N. S. J. C., duas devemos frizar especialmente: as que dizem respeito à Igreja e as que se referem às almas do Purgatório:

As Sagradas Chagas e a Igreja


Nosso Senhor renova muitas vezes à Irmã Maria Marta a promessa do triunfo da Santa Igreja, pelo poder das suas Chagas e da Virgem Imaculada:

“Minha filha, é preciso que desempenhes bem a tua missão, que é de oferecer muitas vezes as minhas divinas Chagas a meu Eterno Pai, porque por êsse meio há-de vir o triunfo da Igreja, o qual passará por minha Mãe Imaculada.”

Mas, desde o princípio, Nosso Senhor previne qualquer ilusão ou equívoco. Não se trata do triunfo material, visível, com que sonham certas almas!... Nunca as ondas se hão-de curvar com perfeita docilidade diante da barca de Pedro; muitas vezes até poderão tremer ante a sua furiosa agitação... Lutar, lutar sempre, é uma lei vital da Igreja:

“Não compreendem o que pedem, pedindo o seu triunfo... A minha Igreja jàmais terá triunfo visível.”

Contudo, através das lutas e agonias, continua a cumprir-se, na Igreja e por meio da Igreja, a obra de N. S. J. C.: a salvação do mundo.

A obra de N. S. J. C. executa-se tanto melhor quanto a oração - que tem o seu lugar no plano divino - implorar mais os socorros do Céu. E compreende-se que o Céu se deixe especialmente vencer quando o invocarem em nome das Chagas redentoras.

Jesus insiste freqüentemente sôbre êste ponto:

“As invocações às Santas Chagas obter-lhe-hão uma incessante vitória... É preciso que tu bebas sem cessar nestas fontes pelo triunfo da minha Igreja.” 

“-Ah! meu bom Mestre, há que tempos Vós me mandais fazer isso!... e o triunfo não chega”, exclamou ela com a sua familiar simplicidade.

“-Minha filha, respondeu o nosso benigno Salvador, devíeis estar bem contentes por eu não castigar mais... Tu seguras-me o braço. - Prometo-te dar-te o triunfo, mas pouco a pouco.”

E o santo Fundador vem completar a lição do Mestre:

“Ainda que Nosso Senhor prometa o triunfo por Maria Imaculada, não deveis afrouxar na oração e na oferta das Santas Chagas.”

No momento duma grande perseguição da Igreja, a Irmã Maria Marta pedia muitas vezes a Jesus que cobrisse, com a protecção das Sagradas Chagas, o Soberano Pontífice. Esta oração agradava muito a Nosso Senhor, que fez ver à nossa Irmã Maria Marta que a graça abundava sôbre o Santíssimo Padre Pio IX e que as orações feitas pela Comunidade tinham contribuído muito para isso:

“Das minhas Chagas sai para êle uma graça particular.”

Pelo fim de 1867, Nosso Senhor revelou-lhe que “Sua Santidade teria ainda muito que sofrer, que não haveria mais paz, mas que, graças à oração, o Papa poderia subsistir na Santa Sé, na tribulação.”

Vê-se que Nosso Senhor não quere ilusões, o que não O impede de exigir sempre orações:

“Eu quero que esta Comunidade seja o amparo da Santa Sé pela oração e sobretudo pela invocação às minhas Santas Chagas. Vós oporeis assim uma barreira aos meus inimigos.”

Depois, N. S. exprime a sua satisfação pelas orações feitas:

“Estou contente com as orações que a tua Comunidade faz para amparar a Igreja. Tereis um grau de glória a mais, por terdes sido bons soldados do Santo Padre. - Estareis sempre no caso de o ser. E' preciso orar muito pela Santa Igreja.”

Por último, conclue com a certeza duma Protecção, contra a qual nada pode prevalecer:

“Enquanto as minhas Chagas vos guardarem, nada tendes a temer, nem para vós nem para a Igreja! Se êsse bem viesse a faltar-vos, compreenderíeis então o que possuíeis.”

As Sagradas Chagas e as almas do Purgatório


O benefício das Sagradas Chagas faz descer as graças do Céu e subir ao Céu as almas do Purgatório:

“Cada vez que olhardes para o divino Crucificado, com um coração puro, obtereis o livramento de cinco almas do Purgatório: uma por cada Chaga.”

“Obtereis também, fazendo a Vía-Sacra, se o vosso coração estiver bem puro e desprendido, o mesmo favor por cada estação, pelo mérito das minhas Chagas.”

“Quando ofereceis as minhas Santas Chagas pelos pecadores, não deveis esquècer as almas do Purgatório, porque há poucas pessoas que pensem no seu alívio.”

“As Sagradas Chagas são o tesouro dos tesouros para as almas do Purgatório.”

Foi o que o bom Mestre quís mostrar à Irmã Maria Marta. Em certo domingo da Quaresma, em que o seu estado de sofrimento não lhe permitia assistir à instrução, o seu Bem-Amado apareceu-lhe e disse-lhe:

“Vou dar-te uma ocupação: oferecerás os teus sofrimentos em união com os meus divinos, pelas Almas do Purgatório.”

A Irmã começou a fazer êste oferecimento e, cada vez que o renovava, via subir uma alma para o Céu. Tinha chegado à vigésima, quando o Pai Eterno apareceu:

“Dou-te o mesmo poder que ao meu Filho, contanto que me ofereças o teu coração unido ao seu.”

Ela esforçou-se por assim fazer e, a cada acto de oferecimento e de união, ia para o Céu - segundo a sua expressão - um bando de almas, “como um bando de aves”. As almas libertadas por ela vinham às vezes agradecer-lhe e diziam-lhe: “Que a festa que as tinha salvo, a festa das Sagradas Chagas, não acaba... Nós não conhecemos o valor desta devoção senão no momento em que gozamos de Deus! Oferecendo as Santas Chagas de Nosso Senhor a seu Pai, operais como que uma segunda Redenção.”

Entre estas almas, há algumas que mais prendem o coração duma Religiosa e são as almas das suas próprias Irmãs.

A Irmã Maria Marta orava e sofria por elas mais particularmente, e a SS.ma Virgem manifestava-lhe por isso a sua satisfação:

“As almas das vossas Irmãs do Purgatório são minhas filhas. Sinto grande prazer em vos ouvir orar pelo seu livramento... sofro tanto por as ver naquele fogo... e vão lá quási todas!... Eu sou Raínha e quero que essas almas reinem comigo! Apesar de todo o nosso poder, meu Filho e Eu, não podemos livrá-las; elas devem expiar. - Vós podeis tam fàcilmente aliviá-las e abrir-lhes o Céu, oferecendo as Sagradas Chagas, por elas, a Deus Pai.”

“Oferece-as por todas as suas faltas à Regra”, ajuntou, um dia, Nosso Senhor.

Aparecendo-lhe uma das suas Irmãs defuntas, pouco depois da sua morte, disse·lhe:

“Eu julgava que fazia todas as minhas acções puramente por Deus, e quando me foram mostradas vi-as cheias de movimentos naturais. Foi a confiança que tive nas Santas Chagas que me salvou. Ah! como é bom morrer passando pelas Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo!...”

As Sagradas Chagas e o Céu


Para coroar estas magníficas promessas, Nosso Senhor mostra enfim nas suas Chagas os “penhores da nossa glória futura”, e faz entrever à Irmã Maria Marta a felicidade que gozam no Céu os que as contemplam:

“As almas que oram com humildade e que meditam a minha Paixão, terão um dia uma participação na glória das minhas divinas Chagas; os seus membros receberão uma beleza e glória deslumbrantes. Quanto mais tiverdes contemplado as minhas Chagas dolorosas na terra, mais as contemplareis gloriosas no Céu!”

“Uma alma que durante a vida honrar e aplicar as Chagas de N. S. J. C. e as oferecer ao Eterno Pai pelas almas do Purgatório, será acompanhada, no momento da morte, pela SS.ma Virgem e pelos Anjos, e Nosso Senhor na Cruz todo resplandecente de glória recebê-la-há e a coroará.”

A Irmã Maria Marta pensava um dia, ao oferecer as Santas Chagas, que perdia o tempo, e Nosso Senhor repreendeu-a:

“Então os meus Bemaventurados não fazem nada comigo por fazerem sempre a mesma coisa? Eles amam-me, adoram-me, contemplam as minhas Chagas, dão-me graças... e a sua alegria é sempre completa e inteira.”

No mesmo instante a feliz Irmã recebeu a graça de ver a SS.ma Virgem com os Santos, contemplando as Chagas de Jesus.

“Se eu estou no Céu e os Santos também, disse-lhe a Virgem SS.ma, conseguimos esta ventura pelos méritos das divinas Chagas do meu querido Filho. - Vós, explorando estas Sagradas Chagas, também vos tornareis grandes!...”

E Nosso Senhor continuou:

“Minha filha, onde se fizeram os Santos, senão nas minhas Chagas?

“Todos os meus Santos são frutos das minhas Chagas.”

“As minhas Chagas serão - eternamente - para minha glória e vossa!”

“E' nas minhas Chagas, é no explendor dêsses cinco sóis, que as minhas espôsas devem reinar um día! Os Bemaventurados que as contemplam desde há séculos, ainda se não saciaram... contemplarão sempre e gozarão sempre com essa contemplação... Oh! quam pouco vale a terra em comparação de um tam grande bem!...”

Muitas vezes se ofereceu a esta alma a vista do Céu, enquanto se fez ouvir a voz de Deus Pai:

“Vê, minha filha, tudo isto é o fruto dos sofrimentos do meu Filho!... Tudo isto te é mostrado afim de que possas oferecer as Santas Chagas de Jesus com mais confiança e alegria.”

Pedidos de Nosso Senhor


Em troca de tantas graças excepcionais, Jesus apenas pedia à Comunidade duas práticas a que vamos referir-nos ràpidamente: a Hora Santa e o Rosário das Santas Chagas. Na época do cólera, em 1867, que tantas vítimas fez em Chambéry, N. S. manifestou o desejo de que, todas as sextas-feiras, a Hora Santa fôsse feita por cinco Irmãs, cada uma das quais seria encarregada de honrar uma Chaga.

A SS.ma Virgem uniu o seu pedido ao do seu divino Filho com estas palavras que revelam um doloroso pesar:

“Nao há nenhuma casa na terra onde as Sagradas Chagas de Jesus sejam honradas, particularmente na sexta-feira à tarde... Deveis durante essa hora contemplar essas santas aberturas e esconder-vos nelas.”

E depois ensinou à feliz privilegiada como devia cumprir êste piedoso exercício. Mostrando-se sob a figura de Nossa Senhora das Dôres, com o seu Filho nos braços, disse-lhe:

“Minha filha, a primeira vez que contemplei as Chagas do meu querido Filho, foi quando o seu Santo Corpo foi deposto nos meus braços. Meditei as suas dôres e fi-las passar ao meu coração... Olhei para os seus divinos Pés, um após o outro... depois contemplei o seu Coração onde vi esta grande abertura, a mais prófunda para o meu coração de Mãe... contemplei a Mão esquerda, depois a direita, e em seguida a corôa de espinhos. Todas estas Chagas me trespassaram o coração!... Eis a minha Paixão!... Sete espadas estão no meu coração, e é pelo meu coração que deveis honrar as Chagas sagradas do meu divino Filho!...”

Foi por esta mesma época (1867-1868) que, para satisfazer a vontade igualmente manifestada por Nossso Senhor, as Superioras estabeleceram por causa das necessidades do momento, mas sem promessa nem compromisso para o futuro a recitação quotidiana do “Rosário das Santas Chagas”. Eis como, desde a origem, se tem recitado êste Rosário: Em lugar do “Credo” e nas primeiras três contas diz-se a bela oração inspirada a um Sacerdote de Roma:

“O' Jesus, divino Redentor, sêde misericordioso para connosco e para com o mundo inteiro. R. Amen.”

“Deus Forte, Deus Santo, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro. - R. Amen.”

“ Graça, misericórdia, meu Jesus, durante os perigos presentes; cobri-nos com o vosso Sangue precioso. - R. Amen.”

“Padre Eterno, tende misericórdia de nós, pelo Sangue de Jesus Cristo Vosso Filho único; tende misericórdia de nós, nós vo-lo suplicamos. - R. Amen, amen, amen.”

Nas contas pequenas:

“Meu Jesus, perdão e misericórdia. - R. Pelos méritos das Vossas santas Chagas.” (300 dias de indulgências, toties quoties.)

Nas contas grandes:

“Padre Eterno, eu vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. - R. Para curar as das nossas almas.” (300 dias de indulgências, toties quoties. SS. Pio XI S. P. 16-1-1924.)

Estas duas últimas invocações são as que Nosso Senhor mesmo tinha indicado e às quais fez promessas tam belas! Foram primeiro indulgenciadas só para o Instituto da Visitação, estendendo-se depois as indulgências a todos os fiéis, e perpètuamente, em virtude dum indulto da Sagrada Penitenciária (16 de Janeiro de 1924).

Não foi sem dificuldade que as Superioras conseguiram fazer adoptar a recitação do Rosário das Sagradas Chagas; assim como em Paray, por um zêlo extrêmo da Regra, houve mais que uma reclamação, as nossas Mães, assim como a pobre Irmã Conversa sofreram bastante com isso, mas Nosso Senhor animava-as:

“Minha filha, as graças de Deus não são dadas sem que haja dificuldade em cumprir a minha vontade... As minhas Chagas são vossas: o demónio perdeu o mérito delas e é por isso que êle se enraivece contra vós. Mas quantos mais obstáculos e oposições encontrardes, mais abundante será a minha graça.”

“Não deveis temer nada e é preciso que passeis por cima de todos os obstáculos; nisto consiste o verdadeiro amor... Aquele que vos ampara não  pode ser abalado; serei sempre a vossa defeza!... mas é preciso êste sofrimento.”

Deus Pai, segurando uma chave na mão, parecia ameaçar com um ar severo:

“Se não fazeis o que Eu quero, fecharei estas Fontes e dá·las-hei a outros.”

Com uma firmeza repassada de paciência e de humildade, as nossas Mães, Tereza-Eugénia e Maria-Aleixo, conseguiram fazer aceitar esta prática. - Jesus sustentou-as visìvelmente. Havia uma Irmã muito autorizada no Mosteiro, por causa da sua grande inteligência e sólido raciocínio, a qual se opunha tenazmente à nova devoção. Um dia dirigiu-se-lhe a humilde Irmã Conversa encarregada duma missão da parte do Senhor; a Irmã ouviu que ela lhe revelava uma coisa absolutamente secreta, que se tinha passado entre ela e Ele, no íntimo da sua alma, coisa que nunca tinha confiado a ninguém e que, por isso, a Irmã Maria Marta não podia saber senão de Deus... Perante tal prova, a Irmã rendeu-se sinceramente e quís reparar a sua oposição passada, fazendo pequeninas imagens das Santas Chagas, destinadas a propagar o seu culto.

“A devoção as minhas Chagas é o remédio para êste tempo de iniquïdade”, assegurava o Salvador.

“Sou Eu que o quero: é preciso que façais as aspirações com grande fervor.”

Perante tais progressos, a raiva do demónio não podia conter-se e atirava-se sobretudo à Irmã de quem escarnecia:

“Que é que tu fazes?... perdes o teu tempo. - As outras pessoas recitam lindas orações que encontram nos livros, enquanto tu, dizes sempre a mesma coisa.”

Mas Jesus expulsava o demónio:

“Minha filha, Eu vejo tudo e conto tudo. - Dize à tua Superiora que Eu conto cada aspiração que ela faz. - E' preciso que ela empregue todos os meios para manter o têrço da misericórdia.”

“Eu estou contente por vos ver honrar as minhas Santas Chagas; posso agora derramar mais abundantemente os frutos da minha Redenção. E' preciso que vós, que conheceis os meus desejos, sejais duplamente fervorosas... Se afrouxardes na devoção às minhas Chagas, perdereis muito.”

“Assim como existe um exército pronto para o mal, há também um dirigido por Mim. – Com esta oração, tendes mais poder que um exército, para deter os meus inimigos.”

“Vós sois bem felizes, vós a quem Eu ensinei a oração que me desarma:

“Meu Jesus, perdão e misericórdia, pelos méritos das Vossas Santas Chagas.”

“As graças que recebeis por estas invocações, são graças de fogo... Elas veem do Céu e é preciso que voltem para o Céu...”

“Dize à tua Superiora que será sempre ouvida em qualquer necessidade que seja, quando me pedir pelas Santas Chagas, fazendo recitar o Rosário da misericórdia.”

“Os vossos Mosteiros atraem as graças de Deus sôbre as Dioceses em que se encontram; quando ofereceis a meu Pai as minhas Santas Chagas, olho para vós como estendendo as maos ao Céu para receber graças!... Em verdade, esta oração não é da terra, mas do Céu!... ela pode obter tudo!” “- E' preciso dizê-lo à tua Superiora, recordá-lo, escrevê-lo para o futuro, afim de que recorrais a ela de preferência a outras.”

As recomendações de N. S. não foram vãs. Conservou-se o uso de recorrer quotidianamente a “esta oração do Céu”. Quando surgem grandes dificuldades, necessidades graves, perigos iminentes, mais numerosas e instantes são as invocações... E depois duma experiência de cincoenta anos, a Comunidade pode declarar que sempre se felicitou pela sua confiança! Não foi porque fôssem poupadas as provações nem que a morte espaçasse as suas visitas... Longe disso! Mas as mesmas provações são suavisadas com tantas consolações! E morre-se tam suavemente a sombra das Santas Chagas!

Os Pecadores


Mesmo depois da Comunidade se ter submetido aos pedidos de N. S., sôbre estes dois pontos, Jesus não deixou de continuar a pedir. Era cada vez mais solícito em apresentar as suas Chagas como fontes de graças para os pecadores e como lições eloqüentes para as almas religiosas:

“Há muito tempo - é sempre Jesus que fala - que Eu desejo ver-vos distribuir os frutos da minha Redenção! Vós fazeis agora o que Eu quero pela salvação do mundo. - A cada palavra que pronunciais do têrço da misericórdia, Eu deixo e caír uma gôta do meu Sangue sôbre a alma dum pecador.”

“Os homens calcam aos pés o meu Sangue, e Eu quero que vós, minhas espôsas, me ameis e trabalheis por meu amor. Se com todas as riquezas encerradas nas minhas Chagas para vós, não vos aproveitásseis delas, seríeis bem culpadas...”

“- As almas que não veneram as minhas santas Chagas e que, pelo contrário, as metem a ridículo,-essas almas rejeito-as.”

“Os pecadores desprezam o Crucifixo; agora tenho paciencia, mas virá um dia em que me vingarei.”

“Vem com o teu coração, minha espôsa, vem com o teu coração bem vasio, porque Eu tenho bem com que o encher. Vem à conquista das almas.”

E fazendo-lhe ver no mundo uma quantidade de pecadores disse:

“Eu tos mostro, para que não percas tempo.”

Durante o mês do Preciosíssimo Sangue, a visão de Jesus Crucificado tornava-se habitualmente constante à Irmã Maria Marta:

“Minha filha, sofri tanto por uma só alma, como por todas juntas... A Redenção foi abundante!”

E o Sangue Redentor corria em abundância das Chagas adoráveis, e Jesus dizia com amor:

“Este é o Sangue do teu Espôso!... do teu Pai!... Pelas vossas almas é que êle foi derramado! - Só Eu podia derramar assim êste Sangue divino!... Minha filha, Eu sou teu Espôso! Sou todo teu, por amor das almas!...”

Algumas vezes, via ela a Justiça de Deus irritada, pronta a castigar o mundo:

“Não me peças, quero castigar”, dizia Jesus Cristo na sua indignação.

“O mundo para ser regenerado precisava duma segunda redenção.”

O Padre Eterno, intervindo, declarava:

“Nao posso dar o meu Filho uma segunda vez.”

Mas a nossa Irmã compreendia que, pela oferta repetida das Santas Chagas, nós podíamos operar esta redenção. - A' medida que ela as oferecia, via a cólera divina transformar-se em graças suavíssimas, as quais se derramavam sôbre o mundo.

“Minha filha - dizia noutra ocasião Nosso Senhor -, é preciso ganhar a palma da vitória: ela vem da minha santa Paixão... No Calvário, parecia a Vitória impossível e, todavia, foi lá que o meu triunfo se manifestou. - Desejo constantemente que os homens aproveitem a minha Redenção, mas - sejam fiéis ou não - sempre hão-de contribuir para a minha glória.”

Nosso Senhor assustou-a mostrando-lhe a sua Justiça excitada pelos pecados dos homens... Ela, consternada exclamou, humilhando-se profundamente:

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“Meu Deus, não olheis para a nossa miséria, mas olhai para a vossa misericórdia.”

E recomeçou a aplacar o Salvador com as invocações multiplicadas às Santas Chagas.

“Oferece-mas muitas vezes para me ganhar pecadores, dizia o bom Mestre, animando-a, porque Eu tenho fome de almas!...”

As Santas Chagas e as almas Religiosas


“Na Casa de Deus, é preciso viver unidas às minhas Chagas”, disse o Salvador.

“Os vossos votos saem das minhas Chagas!...”

Um dia, quando a Irmã Maria Marta fazia a Vía Sacra, chegando à décima estação, Jesus fez compreender à sua espôsa o mérito do seu despojamento pelo voto de pobreza, pedindo-lhe que oferecesse as Santas Chagas – “pelas suas espôsas que precisam despojamento, para que o saibam revestir por uma prática mais exacta do voto de pobreza.”

Depois, na Crucifixão, ajunta – “que sendo consagradas a Ele, devíamos estar pregadas na cruz com Ele... - quando seguimos a nossa vontade própria, declaramo-nos inimigos da Cruz.”

“Deveis deixar-vos governar pela vossa Superiora, como Eu, estendendo as mãos, me deixei pregar na Cruz.”

Depois pede-lhe ainda que ore por aqueles que quereriam despregar-se da Cruz, faltando à obediência...

“Minha filha, repetiu Jesus noutra ocasião, olha para a minha corôa e aprenderás a mortificação, para as minhas mãos estendidas, e aprenderás a obediência, compreenderás a pobreza vendo-me despido sôbre a cruz, tornar-te-has pura contemplando Aquele que é puro e que te ama como um Espôso!...”

Ensina-lhe que as almas religiosas são também almas dedicadas ao sofrimento:

“Eu queria ver em todas as minhas espôsas outros tantos Crucifixos!... Não deverá a espôsa assemelhar-se ao seu Espôso?” declara Aquele que a santa Amante dos Cânticos pinta assim:

“O meu Bem-Amado é branco e vermelho.”

“Dar-te-hei sofrimentos para todo o dia, promete-lhe Jesus, para que tu vás mais vezes às Fontes benditas das minhas divinas Chagas.”

“Eu quero que tu sejas crucificada comigo; quero-o de todas as maneiras... - A' medida que tu disseres sim, mais te crucificarei.”

“Minha filha, olha para a minha corôa! Eu não disse: ela faz-me sofrer muito - mas aceitei-a das mãos de meu Pai por vosso amor! Olha para as minhas mãos! Eu não disse: não as dou, isso fazme sofrer muito! - e o mesmo aconteceu com os meus pés.”

Depois, Jesus mostra à sua serva a sua sagrada carne, despedaçada, aos bocados:

“Encontrarás Chagas em todo o corpo do teu Espôso! - Eu quero que tu assim sejas - Contempla-Me na Cruz: quando Eu nela estava não olhava nem para os algozes nem para os seus ultrages... olhava para meu Pai. - E' preciso que cumprais assim o vosso dever, fazendo o que Eu quero sem olhar para a criatura... como Eu que olhava ùnicamente para meu Pai!”

Um outro dia, aparecendo-lhe na Cruz todo descarnado, “não tendo senão a pele e os ossos” êste terno Mestre exclamou:

“Vê, minha filha, por onde devem passar aqueles que escolhi e que querem chegar à glória, - não porém aquejes que levantam a cabeça. - Minha Mãe passou por êste caminho... Ele é rude para aqueles que o seguem à fôrça e sem amor; mas suave e consolador para as almas que levam a sua cruz com generosidade. - E' preciso que as Espôsas de Jesus-Crucificado sofram... - Já não tenho senão as minhas espôsas para me esmolar.”

Num outro entretenimento, Jesus disse ainda:

“Minha filha, deveis amar muito o Crucifixo e crucificar-vos para amar Jesus, para poderdes morrer como Jesus e ressuscitar como Ele. - Renovo agora as graças da minha Paixão... - sois vós que deveis derramar os seus benefícios sôbre o mundo inteiro.”

Como a Irmã María Marta soube corresponder aos desejos de Jesus


Comovida até ao mais íntimo do seu sêr com tais revelações, a nossa querida Irmã deixou-se impregnar delas inteiramente. Estava tam apaixonada pelas Chagas do Salvador que lhe parecia “que ia devorá-las”. O seu mais ardente desejo era suscitar no universo os sentimentos de amor e de reconhecimento que elas devem inspirar, pronta a dar a sua vida pela extensão dum culto que ela queria imenso, apaixonado, sem limites! Se, aliás, o seu ardor esmorecia, se as invocações se tornavam menos numerosas sõbre os seus lábios, Jesus não tardava em apresentar-se a ela no estado lastimoso a que o reduziram as nossas iniquïdades e, mostrando-lhe as suas Chagas, fazia-lhe amorosas repreensões:

“Elas olham sempre para ti, mesmo quando tu as esqueces, tu, que devias contemplá-las sempre... - Já tas mostrei tantas vezes que isso deveria bastar-te; mas não, é preciso que eu desperte contìnuamente o teu fervor.”

Ou ainda:

“As invenções dos algozes para me fazer sofrer, era Eu que as queria. - Queria-as por vosso amor e para satisfazer a meu Pai. Tudo se fazia por minha vontade!... E agora, minha filha, também te farei sofrer, porque Eu o quero.”

“Desejo e quero que me consoles dos ultrages que recebo!... - Quero-te vítima corajosa: Eu serei o teu Sacrificador. Eleva o teu coração e lança-o nas minhas Chagas.”

Apresentando-se a ela como num quadro, suplicou-lhe um día Jesus, com um acento de indizível ternura e de ardente desejo:

“Deves copiar-me, deves copiar-me!... Os pintores fazem quadros quási conformes com o original mas aqui, sou Eu o pintor, que faço a minha imagem em vós, se vós me contemplardes.”

Insistindo sôbre êste mesmo convite, o nosso divino Salvador ensinava-lhe um día:

“Minha filha, quando um pintor quere fazer um quadro, prepara primeiro a tela que deve receber pinceladas.”

“- Bom Mestre, não sei o que isso quere dizer” - dizia ela na sua extrema ignorância.

E Jesus teve que explicar-lhe que a sua alma era esta tela preparada:

«Minha filha, prepara-te para receber todas as pinceladas que Eu te quiser dar.”

Algum tempo mais tarde, Jesus preguntou·lhe: “Minha filha, queres ser crucificada comigo ou glorificada?”

“Ah! meu bom Jesus, antes quero ser crucificada! Queria sofrer tanto por Vós, como Vós sofrestes por mim!...”

“Sofrerás por Mim, como Eu sofri por ti, fazendo todas as tuas acções para me agradar e não me recusando nenhum sacrifício...”

Ao ouvir isto, a Irmã Maria Marta ficou sùbitamente invadida por uma grande impressão e começou a inumerar os seus defeitos, como um obstáculo às graças de Deus:

“Os teus defeitos, replicou o seu terno Mestre, hão-de aparecer todos no dia do Juízo, mas para tua glória e minha!... - Recebo todas as tuas acções e sofrimentos pelos pecadores e pelas almas do Purgatório, mas é preciso que tu permaneças como que colada ao meu Coração, às minhas Chagas, não fazendo senão um comigo... - Não deves sair do meu Coração, porque, se o fizesses, já não poderia comunicar-me a ti.”

“- Bom Mestre, ensinai-me o catecismo” - pediu-lhe ela, uma vez, com a sua candura e ousadia infantil.

“Vem á tua morada, minha espôsa, respondeu Jesus, mostrando-lhe as suas Chagas, vem à tua morada; lá encontrarás tudo!... Serei teu prégador e ensinar-te-hei a imolar-te por meu amor e pelo teu próximo.”

“O Crucifixo, eis o teu livro!... Toda a verdadeira sciência está no estudo das minhas Chagas. Quando todas as criaturas as estudassem a todas bastaria, sem precisarem de livro algum. -E' nele que os meus Santos leem e lerão eternamente, é o único a que vos deveis afeiçoar, é a única sciência que deveis estudar.”

“Quando beberdes nas minhas Chagas, disse-lhe ainda Nosso Senhor, aliviais o divino Crucificado!”

E voltando-se para o nosso Santo Fundador, que estava presente a êste colóquio, disse:

“Eis o teu fruto! Uma das tuas filhas que toma o meu Sangue das sagradas aberturas para o dar às almas e aplacar a minha Justiça.”

A nossa Irmã, devorada pelo amor de Deus, aproveitou esta ocasião para pedir ao nosso Bemaventurado Pai que lhe obtivessse a graça de ir em breve para a Pátria, gozar do soberano Bem. Mas êle respondeu-lhe:

“Minha filha, é preciso que cumpras a tua tarefa!...”

“Ninguém pode entrar no Céu sem ter cumprido a sua missão no mundo. - Se tu morresses já, vendo que a tua tarefa não estava completa, desejarias voltar à terra para a terminar, considerando a glória prestada ao divino Mestre e como aplacas a Justiça de Deus tam fortemente irritada... - Estou bem contente com a glória que vós me dais também a mim, invocando as Santas Chagas.”

Dêste modo, a Irmã Maria Marta era constantemente sustentada, animada na “sua tarefa”, segundo a expressão que incessantemente lhe vinha aos lábios. Esta tarefa, como vimos, era, em primeiro lugar, oferecer, contìnuamente, os méritos das Santas Chagas de N. S. J. C. pelas necessidades da Igreja militante e padecente. Era depois trabalhar por renovar, tanto quanto possível, esta salutar devoção no mundo inteiro. A primeira parte referia-se a ela pessoalmente: Nosso Senhor a tinha estimulado a isso levando-a a fazer promessas solenes, já antigas e redigidas pela mão da sua Superiora:

“Eu, Irmã Maria Marta Chambon, prometo a N. S. J. C. oferecer-me todas as manhãs a Deus Pai, em união com as divinas Chagas de Jesus Crucificado, pela salvação do mundo inteiro e para o bem e perfeição da minha Comunidade. - Adorá-lO-hei em todos os corações que O recebam na Santa Eucaristia... Agradecer-lhe-hei por se dignar vir a tantos corações tam pouco preparados... Prometo a Nosso Senhor oferecer, de dez em dez minutos, com o auxílio da sua graça e em espírito de penitência as divinas Chagas do seu Sagrado Corpo ao Pai Eterno... unir todas as minhas acções às suas Santas Chagas, segundo as intenções do seu adorável Coração, pelo triunfo da Santa Igreja, pelos pecadores e pelas almas do Purgatório, por todas as necessidades da minha Comunidade, do Noviciado, do Pensionado e em expiação de todas as faltas que nêles se cometem... Tudo isto por amor, sem obrigar a pecado.”

A invocação:

“Padre Eterno, eu vos ofereço as Chagas de N. S. J. C. para curar as das nossas almas, é a fórmula desta oferta...”

A Irmã Maria Marta tinha prometido fazê-lo “de dez em dez minutos”, mas não se passava um momento no dia, sem que a sua boca a renovasse, juntando-lhe a segunda invocação:

“Meu Jesus, perdão e misericórdia, pelos méritos das Vossas Santas Chagas.”

A existência da nossa querida Irmã tornou-se assim uma oração ininterruta. A união com Deus e um silencioso recolhimento, sempre se liam na sua fisionomia. Ao vê-la com os olhos quási sempre fechados e os lábios murmurando incessantemente uma oração, ficava-se comovido. Sobretudo no Côro, perdia-se verdadeiramente nAquele que se dignava mostrar-se aos olhos da sua alma como um Pai e um Amigo.

* * *

Quanto à segunda parte da “tarefa” - a de despertar nas almas a devoção às Santas Chagas - não dependia só da generosidade heróica da Irmã Maria Marta... N. S. tinha o cuidado de lhe fazer entrever a extensão das dificuldades:

“O teu caminho é tornar-me conhecido e amado pelas minhas Chagas, sobretudo no futuro.”

“Será preciso muito tempo para estabelecer esta devoção.”

O véu do futuro parece ter sido levantado parcialmente diante do olhar da Irmã Maria Marta numa espécie de visão, cuja obscuridade a muito respeitável Madre Teresa Eugénia Revel deplora, com um sensível pesar:

“Nao pudémos saber ao certo o fim desta visão e a sua significação.” (1).

(1) No dia 29 de Agôsto de 1868, uma obra começada em 1843 proseguia em Lyon com grande progresso. Foi elevada à classe de Arquiconfraria em 1875. E' a Arquiconfraria das Cinco Chagas, cuja sede era Rue de l'Enfance, 65, Lyon.

Sem entrarmos nas particularidades desta narração,  sem procurar uma interpretação que só podia ser pessoal e, indubitàvelmente, fantasiada, apontamos simplesmente os factos reais: A Irmã Maria Marta tinha, com o auxílio das suas Superioras, introduzido a devoção às Santas Chagas na Comunidade - era o primeiro passo -. Numerosos Mosteiros seguiram êste exemplo e adoptaram esta devoção - segundo passo -. A concessão de 300 dias de indulgências em favor de todos os Mosteiros da Visitação do mundo, era o terceiro passo. O quarto passo data da publicação desta Brochura e prosegue magnìficamente.

A leitura das graças concedidas à nossa Irmã, a benéfica influência das palavras de Jesus com respeito à sua santa e amorosa Paixão, o zêlo das almas religiosas e de tantos corações dedicados, a extensão das indulgências a todos os fiéis, os grandes alentos recebidos... provocaram uma renovação de amor para com o divino Crucificado, enquanto através de todo o mundo se multiplicam as confiadas invocações as Santas Chagas.

Ultimos anos e morte da Irmã Maria Marta


O fim dêste Opúsculo era simplesmente tornar conhecido um resumo do plano divino na vida da Irmã Maria Marta, expondo a sua missão, a “sua taarefa” de depositária e apóstola das Santas Chagas. Mas isto não é senão um pequeno esbôço da sua vida interior. Faltava-nos falar da Santa Infância e da convivência tam íntima, tam graciosa, que existia entre “esta alma inrantil” tam pura e tam simples, e o celeste Amigo dos pequeninos e das Virgens. Faltava-nos dizer o amor do seu coração - despojado de todo outro amor - a Jesus Sacramentado. Faltava-nos mostrar como êste comércio constante e tam intimo com Jesus-Crucificado e Jesus-Menino, a levava naturalmente, e como instintivamente, às grandes e só1idas devoções: a mostrar, por exemplo, a sua devoção para com a Santíssima Trindade, com as coisas extraordinárias (por não ousarmos dizer miraculosas) que foram, mais que uma vez, a sua recompensa; pintar a sua terna devoção para com Maria, que ela tomou por sua Mãe com toda a fôrça de expressão e que - mostrando-se verdadeiramente Mãe - vinha completar as lições de Jesus e corrigir maternalmente a sua filha, quando era preciso.

Faltava-nos enfim inumerar as suas mortificações, - descrever os seus êxtases... Ler-se-hão todas essas coisas, detalhadamente, “na vida da Irmã Maria Marta” que, se Deus o permitir, será publicada ...

* * *

As graças e as comunicações divinas enchem verdadeiramente todos os instantes desta vida excepcional- durante vinte anos! - isto é, até à morte da muito respeitável Madre Teresa Eugénia Revel (30 de Dezembro de 1887).

Muito tempo antes, Jesus, mostrando à Irmã Maria Marta as duas Madres que conheciam o segrêdo de todas as suas graças, tinha-lhe feito esta pregunta:

“Não estarias pronta a fazer-me o sacrifício delas?...”

E esta alma desprendida de tudo que não fôsse Jesus, tinha aderido - com uma reserva apenas: - a de nao aparecerem mais os favores de que Ele a cumulava... que tudo ficaria bem oculto sòmente entre os dois: Jesus prometeu e cumpriu.

Depois da morte da nossa boa Mãe Teresa Eugénia, Jesus cobriu com um véu, cada vez mais espêsso, aquela que Ele tinha resolvido conservar oculta até à morte. Deus permitiu - por meio de uma série de circunstâncias - que seria longo referir, que as Superioras que sucedessem não tivessem senão um conhecimento muito vago das graças recebidas porque os cadernos que continham a narração de tudo foram guardados por outras mãos enquanto ela viveu.

Durante os vinte últimos anos, isto é, até à sua morte, nada se revelou exteriormente dessas graças maravilhosas - nada - senão as longas horas que a nossa Irmã Maria Marta passava junto do SS.mo Sacramento, imóvel, insensível, como em êxtase!... E ninguém ousava interrogá-la sôbre o que se passava nestes benditos instantes, entre a sua alma arrebatada e o Hóspede divino do Tabernáculo. Esta cadeia contínua de orações, de trabalho e de mortificação... êste silencio, êste apagamento absoluto, parece-nos uma prova a mais - e não das menos convincentes - da verdade dos favores inauditos com que ela foi favorecida. Uma alma de humildade suspeita, ou mesmo vulgar, procuraria chamar a atenção e vangloriar-se-ia da obra que Jesus operava nela... mas a Irmã Maria Marta nunca!... Submergia-se com delícias na sombra da vida comum e escondida... Mas, como o grão da mostarda lançado à terra, a devoção as Santas Chagas germinava nos corações.

* * *

Durante a última noite de Natal que a nossa Irmã passou na terra, Jesus - como presumimos - tinha-a advertido da sua próxima partida dêste mundo, e, ao mesmo tempo, dos sofrimentos que ainda lhe queria pedir. Uma Irmã que estava junto dela, durante a Missa da meia noite, ouviu-a exclamar com angústia:

“O' meu Jesus, isso não!... tudo, sim tudo, menos isso!...”

Êsse “isso” devia ser a penosa e dolorosa doença... Êsse “isso” devia ser sobretudo o abandôno interior, a ausência do Bem-Amado!... Ela, habituada à sua querida presença, à sua conversação quotidiana, não podia - sem se lhe despedaçar o coração - aceitar essa privação.

Desde êsse dia notava-se uma tristeza profunda impressa na sua fisionomia. Atacada duma forte constipação, à qual se juntaram diversas complicações muito graves, recebeu a Extrema-Unção com alegria, no dia 13 de Fevereiro de 1907.

Restava-lhe ainda subir um doloroso Calvário: cinco semanas de supremas purificações durante as quais o seu Salvador a identificou, mais que nunca, consigo, para a tornar mais semelhante a si, nas agonias físicas e morais da sua Paixão.

Já a tinha prevenido com antecipação:

“O mal que te fará morrer saïrá das minhas Chagas.”

Sentíamos que havia alguma coisa de misterioso neste último combate da natureza... No dia 21 de Março, após uma noite de terríveis sofrimentos, seguiu-se uma grande calma, um grande silencio... Toda a Comunidade cercava a moribunda, recitando milhares de vezes, as queridas invocações às Santas Chagas. Finalmente, às oito horas da noite, nas primeiras Vésperas das suas Dôres, Maria veio buscar a sua filha a quem tinha ensinado a amar Jesús!... E o Espôso recebia para sempre na Ferida do seu Coração Sagrado, a espôsa que tinha escolhido para sua Vítima bem-amada na terra para sua Confidente e a Apóstola das suas Santas Chagas.

Deus seja bendito!

Palavra final do Mosteiro de Chambéry


Quando, pelos fins de Dezembro de 1923, os acontecimentos nos levaram a publicar estas páginas, pensávamos que elas não saïríam do recinto familiar dos nossos Mosteiros e que bastaria imprimir algumas centenas de exemplares. Porém, sem falar das traduções em diversas línguas, perto de dez mil exemplares foram distribuídos em seis meses. E não cessando de afluír os pedidos, fez-se uma quarta edição, atingindo-se com ela o número de trinta mil exemplares.

Eis agora a quinta edição, e são já sessenta mil exemplares.

Damos graças a Deus por esta difusão tam rápida quanto imprevista, o que é para nós uma prova de que Nosso Senhor abençoou esta obra empreendida para glória das suas Sagradas Chagas e que êste livrinho - atraíndo as almas a essas Fontes de Salvação - satisfaz em muitas pessoas uma necessidade do coração.

E de facto, chegam-nos de todos os pontos do mundo comovidos agradecimentos das almas piedosas, as quais encontram na devoção às Santas Chagas um estímulo ao seu amor generoso; - almas amarguradas ou desamparadas, recolhem, por assim dizer, dos próprios lábios de Jesus padecente, a palavra que levanta e guia, tranquïliza e consola.

Os Sacerdotes manifestam a sua alegria vendo os fiéis voltarem-se para Aquele que “levantado na Cruz, atrai tudo a si!”

Um facto parece sobresair muito especialmente nesta correspondência: é o cumprimento das promessas de N. S. J. C. em favor dos pecadores:

“A cada palavra que pronunciais do Terço da misericórdia, deixo cair uma gôta do meu Sangue sôbre a alma dum pecador.”

Muitas cartas assinalam “graças obtidas”. Que nos seja permitido escolher, entre muitas outras, dois traços, dos quais temos testemunhos imediatos.

O Sr. ..... acabava de cair gravemente doente. Nao tinha ninguém para o rodear de cuidados neste momento crítico. Caritativos vizinhos acudiram a pedir em seu favor as Irmãs de caridade. Todas estavam cheias de trabalho, contudo, uma delas, posta ao corrente desta situação, ofereceu-se para êste apostolado.

Logo na primeira noite, notou a iminência do perigo... assim como as disposições lamentáveis do moribundo.

O Sr. .... vivia, há muito tempo, longe de toda a prática religiosa. Seu filho conhecia tam bem os seus sentimentos que, às solicitações da Religiosa, deu a resposta seguinte:

“E' impossível pensar em mandar vir um Padre. Êle já veio, meu Pai recebeu-o cortezmente, mas não quís confessar-se... Eu quero, declarou-me êle, um entêrro pela Igreja; mas quanto ao resto não me faleis, é inútil!... E sobretudo, que não venha aqui nenhum Padre!...”

Passaram-se três dias de angústia, durante os quais a dedicada Irmã, que tinha tomado a peito salvar a alma do seu doente, não cessava de repetir, a meia voz, ao mesmo tempo que lhe prodigalizava os seus cuidados, as invocações às Santas Chagas:

“Meu Jesus, perdão e misericórdia, pelos méritos...”

Depois dêstes três dias, a pedido da Religiosa, o filho fez uma nova tentativa. Sem a menor hesitação, o Padre é aceite! A partir dêste momento, assiste-se a uma verdadeira transformação. Até ali, taciturno e sombrio, o Sr. ..... , começa agora a unir-se às invocações. Por vezes ainda, a fôrça do costume e da dôr, arrancam-lhe palavras ímpias.

“E' preciso não falar assim, sugere-lhe a Irmã; quando sofreis, dizei: Meu Jesus, perdão e misericórdia...”

E êle, com uma comovedora boa vontade, detem-se no meio duma blasfêmia:

“Ah! eu não devo mais dizer isto!... Mas sim: Meu Jesus, perdão e misericórdia pelos méritos das Vossas Santas Chagas.”

De tempos a tempos dirige-se à sua enfermeira:

“Minha Irmã, orai mim, porque tenho muito que expiar.”

Êle mesmo não cessa de orar...

Eis que chega a morte, mas uma morte que, sem dúvida lhe abriu o Céu:

“Não haverá morte para a alma que expirar nas minhas Chagas; elas dão a verdadeira vida.”

Um outro facto não menos notável e consolador é-nos comunicado de Londres. Não fazemos mais que traduzir a carta recebida:

“Um amigo dum Rev.o P. Passionista, a quem eu tinha dado um folheto das Santas Chagas, mostrou-o a êsse Padre, que prègava uma Missão no norte da Inglaterra.

“Havia ali um vélho que não recebia os Sacramentos há 40 anos...

“Nenhum Padre podia mover o seu coração e o Rev.o P. Passionista também não conseguia nada. Uma noite êste bom Padre pediu a todos os seus paroquianos que se unissem a êle na recitação do Rosário das Santas Chagas pelos pecadores da paróquia tomando, em particular, uma intenção especial pelo seu vélho pecador.

“Logo na manhã seguinte a essa noite de oração, o querido vélho veio por si-mesmo apresentar-se na igreja, pedindo para se confessar. Seguiu depois todos os exercícios do retiro.

“Não é maravilhosa esta resposta tam rápida e tam completa à oração?

“E não é isto um triunfo magnífico das Santas Chagas?...”

D. S. B.

............................................

V. + J.

Rosário das Santas Chagas de N. S. J. C. ou da Misericórdia (l)

(1) Pode-se rezar sòmente um têrço... uma dezena...

Pode-se começar pela seguinte oração:


“O' Jesus, Divino Redentor, sêde misericordioso para connôsco e para com o mundo inteiro. - R. Amen.”

“Deus Forte, Deus Santo, Deus Imortal, tende piedade de nós e do mundo inteiro. - R. Amen.”

“Graça, misericórdia meu Jesus, durante os perigos presentes: cobri-nos com o vosso sangue precioso. - R. Amen.”

“Padre Eterno, misericórdia pelo Sangue de Jesus Cristo, vosso Filho único. Tende misericórdia de nós, nós vo-lo suplicamos. - R. Amen, Amen, Amen.”

Sôbre as contas pequenas:

“Meu Jesus, perdão, misericórdia. - R. Pelos méritos das vossas Santas Chagas.” (300 dias de indulgência cada vez).

Sôbre as contas grandes:

“Padre Eterno, eu vos ofereço as Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo. - R. Para curar as chagas das nossas almas.” (300 dias de indulgência cada vez.-S. S. Pio XI. - Sagrada Penitenciária, 16 de Janeiro de 1924).

Ao terminar diz-se três vezes: “Padre Eterno, eu vos ofereço as Chagas, etc.”

Uma humilde Conversa, Irmã Maria Marta Chambon, falecida em odor de santidade no Mosteiro da Visitação de Chambéry (21 de Março de 1907), assegurava ter-lhe Nosso Senhor ensinado estas duas invocações.

Ela declarava ter recebido dÊle uma dupla “missão”: a de invocar constantemente as Santas Chagas e a de avivar no mundo esta devoção.

Nosso Senhor comprazia-se em prepará-la para a sua missão, fazendo-lhe quási todos os dias como um “Catecismo das Santas Chagas”, catecismo que ela devia repetir à sua Superiora.

Eis alguns dêsses ensinamentos:

A devoção às Santas Chagas tem os mais sólidos fundamentos: os merecimentos infinitos do Salvador.

“Minha filha, reconheces o tesouro do mundo?”

“Quando ofereceis a meu Pai as minhas Divinas Chagas, ganhais uma fortuna imensa.”

“Não queirais ficar pobres... A vossa riqueza? E' a minha Santa Paixão. - Êsse tesouro pertenece-vos.”

“Meu Pai compraz-se no oferecimento das minhas Santas Chagas... oferecê-las é oferecer-lhe a sua glória, é oferecer o Céu ao Céu!”

“As minhas Santas Chagas susteem o mundo.”

A esta devoção dignou-se Nosso Senhor fazer as mais animadoras promessas.

“ Concederei tudo quanto me pedirem pela invocação das minhas Santas Chagas. E' preciso propagar esta devoção.”

“Obtereis tudo, porque é pelo merecimento do meu Sangue que é de um preço infinito.”

“Com as minhas Chagas e o meu divino Coração, podeis alcançar tudo.”

“Das minhas Chagas saem frutos de santidade.”

“As minhas Chagas repararão as vossas.”

Esta devoção tem preciosas vantagens para a vida quotidiana.

“Em qualquer desgôsto, qualquer sofrimento, recorrei logo às minhas Chagas que a dôr será suavizada.”

“Oferece-me as tuas acções... unidas às minhas Santas Chagas, onde há riquezas incompreensíveis mesmo nas mais pequenas.”

Deve-se recorrer às Santas Chagas em favor dos doentes.

“Deve-se repetir com freqüência junto dos doentes esta aspiração: Meu Jesus, perdão e misericórdia pelos méritos das vossas Santas Chagas!”


“Esta oração aliviará a alma e o corpo.”

Em favor dos agonizantes:

“Deve-se morrer com os lábios colados a estas Sagradas Feridas.”

“Não haverá morte para a alma que exalar o último suspiro nas minhas Chagas; elas dão a verdadeira vida.”

“O caminho das minhas Chagas é tam simples, tam fácil para chegar ao Céu!...”

Em favor dos pecadores:

“As minhas Chagas apagarão todas as vossas faltas.”

“Oferece-me muitas vezes pelos pecadores, porque eu tenho fome das almas.”

“O pecador que disser a oração seguinte: - Padre Eterno, eu vos ofereço as Chagas de N. S. J. C. para curar as chagas das nossas almas - alcançará a sua conversão.”

“A cada palavra que pronunciardes do Têrço da Misericórdia, eu deixo caír uma gôta do meu Sangue sôbre a alma dum pecador.”

“Êste Têrço da Misericórdia faz contrapêso à minha Justiça, suspende a minha vingança.”

Em favor das Almas do Purgatório:

“O beneficio das Santas Chagas faz descer as graças do Céu, e subir ao Céu as Almas do Purgatório.”

“As Santas Chagas são o tesouro dos tesouros para as Almas do Purgatório.”

Em favor da Igreja:

“Minha filha, é preciso desempenhares-te bem da tua missão, que é de oferecer as minhas divinas Chagas a meu Eterno Pai, porque daí deve vir o triunfo da Igreja, o qual passará pela minha Mãe Imaculada.”

“E' necessário que recorras sem cessar a estas Fontes para o triunfo da minha Igreja.” (O que não significa o triunfo material.)

“Uma alma que, durante a sua vida, tiver honrado as Chagas de N. S. J. C. e as tiver oferecido ao Pai Eterno pelas Almas do Purgatório, será acompanhada no momento da morte pela Santíssima Virgem e pelos Anjos, e Nosso Senhor na Cruz, resplandecente de glória a receberá e lhe dará a corôa eterna.”

A Santíssima Virgem aparecendo um dia sob a figura de Nossa Senhora das Dôres, com Jesus nos braços, disse à feliz privilegiada: - “Minha filha, a primeira vez que contemplei as Chagas do meu querido Filho foi na ocasião que depuzeram o seu Santíssimo Corpo nos meus braços.”

“Meditei as suas dôres e procurei fazê-las passar ao meu coração... Contemplei os seus Pés divinos um depois do outro... depois o seu Coração, onde vi essa grande Ferida, a mais profunda para o meu coração de Mãe... contemplei a Mão esquerda, depois a direita e em seguida a Corôa de espinhos. - Todas estas Chagas me dilaceravam o coração!... Eis a minha Paixão!... Tenho sete espadas no meu coração, e é pelo meu coração que se deve honrar as Sagradas Chagas do meu divino Filho!...”

(Extraído da brochura: María Marta Chambon)

D. S. B.

IMPRIMATUR:
Chambéry, 15 de Maio de 1926.

+ DOMINIQUE CASTELLAN,
Arcebispo de Chambéry.

+ EMMANUEL M.a,
Episcopus Tudensis.







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