DA ESTIMA EM QUE DEVEMOS TER A GRAÇA SANTIFICANTE - CAPÍTULO II - LIVRO IMITAÇÃO DE MARIA




LIVRO IMITAÇÃO DE MARIA
CAPÍTULO II
DA ESTIMA EM QUE DEVEMOS TER A GRAÇA SANTIFICANTE

Maria foi isenta do pecado original, desde o primeiro instante de sua existência. Portanto, ela foi concebida na graça e amizade de Deus. Nós, ao contrário, somos todos, ao ingressar no mundo, as tristes vítimas da cólera divina. Ninguém, senão Maria, ciente do seu amor entrou no mundo como a obra-prima da divina graça. Não quisera Deus que o templo onde iria habitar tivesse algo que o contaminasse. Exigia a honra do Filho que a Mãe não fosse, um momento sequer, escrava do demônio. Mas qual não fora a estima de Maria em relação a tão insigne obséquio? Aos olhos de Maria o divino favor era tal como a sabedoria aos olhos de Salomão: "a fonte de todos os bens". "O Senhor a possuíra desde o princípio dos seus caminhos" (Pv 8,22).
Eis ai o que ela estimava acima de todas as coroas da terra. De muitas outras prerrogativas favorecida, foi, entretanto, aquela a mais preciosa dentre todas, porque tornou Maria mais agradável a Deus. Toda a sua vida valeu por um contínuo testemunho de gratidão para com Deus, de reconhecimento por tamanho benefício, o qual não fora comunicado a nenhuma criatura, entre as mais puras. Alma cristã, recebeste no batismo a graça santificante, aquela que recebeu Maria no primeiro momento de sua Conceição. Adquiriste através de tal graça o direito que tens de chamar a Deus o teu Pai e a Cristo o teu Irmão. Foste constituída herdeira de Deus e co-herdeira de Cristo (Rm 8,17); a ti foi destinado o próprio reino dos Céus. Concebes perfeitamente a excelência de tão glorioso privilégio? Mais ainda: concebes toda a obrigação de que eles te encarregam?
Por vergonha do cristianismo, quão poucos são os cristãos que refletem e trabalham por manter, com a santidade de suas ações, a dignidade do próprio posto! Quão poucos os que conservam imaculada a veste da inocência, símbolo da candura, da pureza e da piedade dos filhos de Deus!
Em via de regra, tiram das vantagens do mundo uma glória falsa e, por estranha concepção, o espírito humano dá o derradeiro lugar a uma graça que merece a nossa mais alta estima!
Ostentam-se de uma procedência ilustre, segundo a carne, mas não levam em conta os que se conspurcam em uma vida animal, aquele outro nascimento espiritual, puramente divino! Trombeteia-se uma independência quimérica, mas, em virtude de monstruosa aliança com o demônio, pouco caso se faz de entrar no reinado deste, vestindo-se com roupas de empregado, regredindo desgraçadamente ao estado deste servidão em que se vem a este exílio. Com avidez se cobiçam bens e heranças deste mundo, remoqueando-se, não raro, deste ou daquele modo, na herança imperecedoura dos bens celestiais.
Ingratas almas! Desventurosas vítimas do pecado! Quem quer que sejas tu, "não se te empedre o coração" à voz divina que te chama! (SI 94,7-8).
Tens ainda, para recuperar a graça de adoção que perdeste, um segundo batismo, que é a penitência. A ela recorre, pois, confiante e sincera.
Nada mais ardorosamente deseja teu Pai Celestial do que se tornar de novo Amigo teu. Mas, não tardes em teu regresso! Mais um instante, e talvez, quem sabe, já o tempo terá passado! Oremos, portanto, juntos, todos os filhos de Deus e filhos de Maria:
"Virgem Imaculada e pura!
Rogai por nós,
A fim de deixarmos o pecado,
A fim de não tornarmos a pecar,
A fim de obtermos a constância para a nossa resolução:
A de repararmos as inestimáveis perdas de que fomos culpados
Em consequência do quanto pecamos!
Obtenha a vossa proteção a graça de nos restabelecer na amizade perfeita de Deus.
Por tudo isso é que contamos receber a vossa bênção.
Depois de vosso filho Jesus, vós sois, Virgem Maria, a fonte de nossa salvação!
Vinde, Senhora, vinde!

Rogai por nós, pecadores, para que sejamos dignos das promessas de Cristo, o bendito fruto do vosso ventre. Amém."

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